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Gripe suína chega às escolas

Confirmação de 21 casos da doença em seis colégios e duas faculdades paulistanas muda o calendário e a rotina de 12 800 alunos

Por Maria Paola de Salvo
Atualizado em 5 dez 2016, 19h32 - Publicado em 18 set 2009, 20h26

As classes da unidade Verbo Divino do Colégio Pueri Domus, em Santo Amaro, amanheceram vazias na segunda-feira (22), quando faltavam três dias para o início das férias de inverno. Na sexta (19), a direção da escola decidiu suspender as aulas até o dia 3 de agosto depois de receber a confirmação de que dois alunos, um do 6º e outro do 7º ano do ensino fundamental, haviam sido diagnosticados com a gripe A (H1N1), mais conhecida como suína. Ambos teriam contraído o vírus durante viagens à Argentina no feriado de Corpus Christi. Apesar das medidas para conter a disseminação da doença, outros oito estudantes do mesmo colégio se infectaram ao longo da semana. Todos passam bem. Os pais foram informados da iniciativa por carta e e-mail. Logo começaram a telefonar para a enfermeira e assessora de saúde do colégio, Mônica Ramos. “Tenho recebido até quinze ligações de mães por dia”, afirma ela. “Tiro dúvidas, oriento e acalmo as mais preocupadas.”

Outras quatro escolas particulares e duas faculdades paulistanas decidiram antecipar as férias depois da confirmação de casos de gripe suína entre seus alunos: a unidade Sócrates do Colégio Magno, no Jardim Marajoara; o Palmares, em Pinheiros; a Escola Viva, na Vila Olímpia; a unidade do Colégio Objetivo na Cantareira; a Faculdade Cásper Líbero, na Avenida Paulista; e a Faculdade de Economia e Administração da USP. A diretoria da unidade III do Colégio Visconde de Porto Seguro, no Panamby, decidiu acelerar o fim do período letivo para os colegas de turma de um garoto do 6º ano diagnosticado com o vírus. “A medida é acertada”, diz o infectologista Artur Timerman. “As férias de inverno, período em que a incidência de doenças respiratórias é maior, deveriam ser prolongadas com o objetivo de diminuir a circulação do vírus e evitar que ele se espalhe de maneira perigosa.”

Até a última quinta (25), 21 alunos paulistanos haviam contraído o vírus influenza A (H1N1) e outros 12?800 tiveram de abandonar as salas de aula por precaução. A Vigilância Epidemiológica do Estado tem monitorado diariamente os casos confirmados e recomendado o isolamento dos estudantes doentes e de qualquer pessoa que tenha mantido contato mais próximo com eles, como familiares e amigos. O risco é maior quando o infectado espirra ou tosse próximo a alguém ? as gotículas de um espirro podem alcançar 4 metros de distância. “Para essas pessoas, a orientação é ficar em casa por uma semana, tempo máximo para o aparecimento de sintomas e transmissão do vírus”, afirma a coordenadora de controle de doenças da Secretaria Estadual de Saúde, Clelia Maria Aranda. A família da empresária Tatiana Pontifex, mãe de um aluno do 6º ano do Pueri Domus que foi diagnosticado com gripe suína no início da semana passada, teve de ser isolada (veja entrevista). Familiares de pelo menos outros oito alunos do mesmo colégio enfrentam a clausura forçada.

Apesar de o cenário de quarentena causar arrepios, os isolamentos têm sido apenas preventivos. Nenhum caso fatal ou quadro grave da nova gripe foi registrado na cidade. Mas a doença evolui rápido. Apenas de quarta para quinta-feira da semana passada, 26 casos foram confirmados na cidade. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde, 142 paulistanos contraíram o vírus, o que re–presenta mais de 70% dos casos do estado. “Isso ocorre porque a capital concentra um grande número de pessoas que viajam com frequência para outros países”, diz Clelia Maria. A chegada do inverno também ajuda a explicar o boom de contaminados. “Historicamente, a incidência de qualquer tipo de problema respiratório aumenta nesta época do ano, por causa das baixas temperaturas e da tendência à aglomeração de pessoas em locais fechados”, afirma o epidemiologista João Toniolo, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

“Fiquei uma semana trancada em casa”

A família da empresária Tatiana Pontifex teve de tirar férias forçadas desde o último dia 16. Nos planos da paulistana, nada de viagens. Durante uma semana, ela, o marido, seus dois filhos, de 13 e 11 anos, e a empregada não colocaram os pés para fora do apartamento, na Chácara Santo Antônio. Recomendado pela Vigilância Epidemiológica do Estado, o isolamento domiciliar voluntário começou depois que seu filho caçula, aluno da unidade Verbo Divino do Colégio Pueri Domus, foi diagnosticado com a gripe suína. O garoto teria contraído o vírus durante uma viagem a Buenos Aires, na Argentina, no feriado de Corpus Christi. Foi o segundo caso da doença na escola.

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Veja São Paulo: Quando e como a senhora descobriu que seu filho estava com a gripe suína?

Tatiana: Voltamos da viagem a Buenos Aires no domingo, dia 14. Na terça de manhã, já na escola, ele começou a se queixar de uma forte dor de cabeça. Na mesma noite, os sintomas pioraram, e, no dia seguinte, ele amanheceu com febre alta e um pouco de tosse. Foi quando achei que era hora de levá-lo ao Hospital Emílio Ribas.

Veja São Paulo: O diagnóstico saiu na mesma hora?

Tatiana: Não. Os médicos colheram alguns exames e o medicaram com Tamiflu (antiviral receitado para casos de gripe suína). Saí do hospital com a orientação de deixá-lo num quarto isolado. Ele também deveria usar máscara e evitar o contato com outras pessoas. A Vigilância Epidemiológica pediu que a família inteira ficasse isolada em casa por sete dias, tempo que o vírus leva para se manifestar. O resultado positivo da doença só veio dois dias depois, quando meu filho estava bem melhor.

Veja São Paulo: Como o garoto reagiu diante da confirmação da doença?

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Tatiana: Não escondemos nada dele. No começo, ficou com medo, porque achou que iria para o hospital, seria internado e não voltaria mais para casa. Mas felizmente o quadro evoluiu muito bem. Os sintomas foram bastante parecidos aos de uma gripe comum.

Veja São Paulo: Qual a sensação de ficar trancada em casa?

Tatiana: Foram sete dias de clausura. Não podíamos sair nem para ir à piscina ou ao jardim do condomínio. Tive de faltar ao trabalho e os amigos, preocupados, ligavam sem parar. Para passar o tempo, assistíamos a filmes, fazíamos ioga na sala e as crianças ficavam no computador. O pessoal da Vigilância Epidemiológica ligava todo dia para saber o estado de saúde do meu filho e se alguém da casa havia manifestado os sintomas.

Veja São Paulo: Tomou algum cuidado especial para não contrair a doença também?

Tatiana: Não. Inclusive não usei máscara em nenhum momento. Apenas minha filha mais velha ficou mais impressionada e preferiu usá-la. Já meu filho tinha de ficar com máscara direto e reclamava de falta de ar. A gente nunca acha que algo assim vai acontecer dentro de casa.

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