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É grande o número de acidentes causados por caminhões

O número de acidentes causados por caminhões só vai diminuir com a renovação da frota e a punição de motoristas irresponsáveis

Por Fabio Brisolla
Atualizado em 5 dez 2016, 19h30 - Publicado em 18 set 2009, 20h28

Com uma frota circulante de 4 milhões de veículos, o trânsito é um inferno permanente na vida paulistana. Mas o último dia 24 foi um teste de paciência mesmo para os motoristas acostumados ao pior. No meio da manhã, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) contabilizou 181 quilômetros de engarrafamento. O que provocou o caos foi uma carreta-cilindro usada para o transporte de gás de cozinha. Durante a madrugada, o caminhão tombou na pista local da Marginal Pinheiros, próximo ao Túnel Sebastião Camargo, no Morumbi. Vias de acesso ao trecho do acidente acabaram bloqueadas, dando início a um efeito dominó nas ruas e avenidas da capital. Quando o veículo foi retirado, às 10h20, seis horas depois de ter interrompido o tráfego, o estrago estava feito. Infelizmente, esse não é um acontecimento isolado. Por mês, 2 300 caminhões quebram em viagens pela cidade, 80% deles por problemas de manutenção, segundo a CET.

Apenas nas marginais Pinheiros e Tietê, esses vilões já despejaram troncos de madeira, bobinas de papel, óleo, álcool, entulho, solventes químicos… O tempo para a sua remoção da pista costuma ser quatro vezes maior quando comparado ao de um carro de passeio. Por isso, apesar de representarem só 4% da frota paulistana, os caminhões contribuem para 35% dos congestionamentos. “Quando há prejuízo ao patrimônio público, o caminhoneiro ou a empresa transportadora podem responder judicialmente por isso”, afirma o advogado Cyro Vidal, presidente da Comissão sobre Direito de Trânsito da OAB-SP. São raros os casos, no entanto, que vão parar na Justiça. Se a infração cometida pelo motorista for considerada gravíssima, ele poderá ser multado em 957,70 reais e perder 7 pontos na carteira, segundo o Código de Trânsito Brasileiro. É muito pouco diante dos prejuízos causados. Das empresas, a CET garante que cobra multas que variam de acordo com os danos sofridos pela cidade. Neste ano foram aplicadas oito punições entre 30.000 e 55.000 reais, além de uma de 102.000 reais. No episódio do dia 24, a estimativa é que a multa ultrapasse 100.000 reais. “Além de fazer campanhas de prevenção de acidentes e de utilizar equipamentos que alertam os caminhoneiros, como detectores de altura, investimos na fiscalização e nas multas severas”, diz o secretário municipal de Transportes e presidente da CET, Alexandre de Moraes.

Contribui para o aumento das ocorrências o estado precário de muitos veículos. A frota nacional de caminhões tem uma idade média de dezesseis anos. Em Portugal, por exemplo, essa média é de oito anos. Na Suécia, de cinco. “Falta uma política de renovação da frota, com incentivos à troca do caminhão velho”, afirma Urubatan Helou, conselheiro do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga (Setcesp). No México, o próprio governo compra carretas usadas para transformá-las em sucata. O valor do pagamento serve como entrada no financiamento de um modelo mais novo. “A média de idade dos caminhões mexicanos caiu de treze para nove anos desde 2004”, conta Helou.

Em São Paulo, para frear os transtornos provocados pelo transporte de cargas, a prefeitura proibiu, desde o dia 30 de junho, a circulação dos veículos pesados no centro expandido entre 5 e 21 horas. Além disso, foram mudadas as regras do rodízio ? em seus dias e horários de restrição, eles não podem mais passar pelas marginais Pinheiros e Tietê nem pela Avenida dos Bandeirantes. O movimento, porém, continua intenso. Diariamente, 230.000 caminhões circulam pela cidade, quase 20% seguindo pelas marginais. “Essas vias têm vários acessos e exigem muita atenção do motorista”, diz o engenheiro Leonardo Lorenzo, consultor do projeto viário da Ponte Estaiada Octavio Frias de Oliveira. “Qualquer erro pode resultar num acidente grave.”

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