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Gilberto Kassab entra na corrida pela reeleição

Apesar de estar há dois anos no comando da administração municipal, Gilberto Kassab acredita que ainda não é um político conhecido

Por Alessandro Duarte e Alvaro Leme
Atualizado em 6 dez 2016, 09h05 - Publicado em 18 set 2009, 20h30

Quando substituiu o tucano José Serra no comando da maior cidade da América Latina, em março de 2006, o paulistano Gilberto Kassab era quase desconhecido de grande parte dos paulistanos. Numa pesquisa realizada pelo instituto Datafolha um mês após sua posse, apenas 23% dos entrevistados sabiam que ele havia se tornado prefeito de São Paulo. Em sua opinião, essa situação mudou. Mas não muito. “Acredito que, hoje, 80% dos paulistanos saibam que o prefeito é o Kassab”, diz. “Falta mostrar que o Kassab sou eu.” Ele aposta que a campanha eleitoral, que tem início no mês que vem, seja suficiente para isso. “Como nunca disputei um cargo majoritário, ser desconhecido não é algo que me diminui.” Kassab entra na corrida pela reeleição em desvantagem. Segundo a última pesquisa do Ibope, divulgada no dia 3, ele tem 13% das intenções de voto. É menos da metade do índice de seus maiores adversários – a ex-prefeita Marta Suplicy (PT) está na dianteira, com 30%, e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) vem em segundo, com 28%. Precisa também reverter uma taxa de rejeição alta. De acordo com levantamento do Datafolha publicado no dia 18 de maio, 27% dos paulistanos afirmam que não votariam nele de jeito nenhum (na mesma pesquisa, Marta aparece com 31% de rejeição e Alckmin, com 16%). O prefeito, porém, conta com um trunfo importante: na enquete promovida pelo Datafolha, 39% da população considera a atual administração boa ou ótima. O desafio, para ele, será transformar essa avaliação favorável em votos.

Kassab recebeu a reportagem de Veja São Paulo na última segunda-feira em seu gabinete, no 5º andar do Edifício Matarazzo, sede da administração municipal, junto ao Viaduto do Chá, para a segunda de uma série de entrevistas com os principais candidatos à prefeitura. “Quero ver meus projetos concluídos”, disse. “Não que eu tenha a pretensão de resolver todos os problemas de São Paulo em oito anos. Mas grande parte deles acho que resolveremos.” Kassab fugiu de polêmicas e quase não alterou o tom de voz. Ele dificilmente sai da linha. Por isso mesmo, dois episódios no ano passado, em que ensaiou uma postura mais agressiva, chamaram atenção. No aniversário da cidade, enfrentou manifestantes gritando “São Paulo! São Paulo!” efusivamente. Menos de um mês depois, expulsou de uma unidade de saúde, aos berros, um homem que protestava contra o projeto Cidade Limpa. “Sou normalmente uma pessoa calma”, afirma. “Esses dois casos mostraram que eu preciso me controlar ainda mais.”

Aos 47 anos, o prefeito é conhecido por ser um bom articulador político e um homem metódico e organizado, do tipo que põe cada coisa no seu lugar. Ocupou seu primeiro cargo público em 1993, quando foi eleito vereador pelo então Partido Liberal (PL). Já filiado ao Partido da Frente Liberal (PFL), que seria rebatizado de Democratas, foi deputado estadual e deputado federal duas vezes. Entre 1997 e 1998, assumiu a Secretaria de Planejamento da administração Celso Pitta. Em 2004, conseguiu que o partido impusesse seu nome como vice de Serra. Na prefeitura, seu projeto mais conhecido é a Lei Cidade Limpa, uma experiência exemplar e bem-sucedida que, além de proibir outdoors, painéis e banners, redimensionou letreiros e totens de estabelecimentos comerciais. Quando a Câmara aprovou as novas regras, em setembro de 2006, muitos paulistanos achavam que elas não iriam pegar. A prefeitura multou anunciantes e comerciantes que não se enquadraram e a cara da cidade, que sofria por causa da poluição visual, mudou. Para melhor.

Formado em engenharia e economia pela Universidade de São Paulo, Kassab conta que dorme por volta de 23h30 e acorda às 5h30. Às 6 da manhã, já pronto para trabalhar, lê os jornais no escritório de seu apartamento, atrás do Shopping Iguatemi. Solteirão, não gosta de falar de sua vida privada. Diz que um de seus programas preferidos é o almoço de domingo com o pai, os irmãos e os sobrinhos. Des-con-versa quando lhe perguntam sobre suas roupas ou sobre como consegue manter os cabelos tão escuros. “Uso o mesmo xampu tonalizante há anos”, assegura. Em sua mesa de trabalho não há fotos de familiares nem objetos pessoais. As poucas peças de decoração são um enfeite em forma de cachorro e outro em forma de rato, colocados ali por sua secretária. “Tem alguma coisa a ver com o horóscopo chinês”, diz. Há também a reprodução de um capacete de bombeiro, que ganhou no ano passado, junto com o título de bombeiro honorário. Sua única contribuição foi mandar colocar sobre o carpete atrás da mesa uma placa de vidro temperado (daquelas de boxe de banheiro), para que a cadeira pudesse deslizar com facilidade. “Odiava quando tinha de ir de um lado para o outro e as rodinhas ficavam presas”, explica, enquanto empurra sua cadeira para lá e para cá.

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