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Festas brasileiras atraem público mesclando clássicos e novidades

Wilson Simonal, Rita Lee e Tim Maia são relembrados em baladas ao lado de Tiê, Tulipa Ruiz e Karina Buhr; para DJs, sucesso reflete fim de preconceito e identificação do público

Por Redação Veja São Paulo
Atualizado em 1 jun 2017, 17h43 - Publicado em 2 Maio 2013, 19h20

Numa época em que a noite paulistana era dominada pelas batidas eletrônicas e as baladas de música brasileira eram definidas por estilo, o então psicólogo e recém-DJ Tutu Moraes decidiu colocar mais ritmos brazucas na pista independente do gênero. “As pessoas não assimilavam. Achavam esquisito ouvir música brasileira em uma balada”, conta o DJ que anos mais tarde organizou a bem-sucedida Santo Forte, atualmente no Estúdio (ex-Emme).

A festa, que começou com cem pessoas, “apenas chegados”, já chegou a reunir 1 500 e completa sete anos em outubro. Para o DJ, o sucesso está atrelado ao fato de trazer para as casas referências do passado com música contemporânea. “O objetivo não é datar e sim misturrar todas essa opções, desde samba-rock, samba de terreiro, funk, tropicália e música de candomblé.”

A fórmula deu certo e a Santo Forte virou sinônimo de festa de música realmente brasileira, colocando numa mesma pista a garotada de vinte e poucos anos até os mais maduros, acima dos 35. Além disso, gerou descendentes. “De dois anos para cá, passamos a ouvir mais em São Paulo a produção nacional”, afirma Tatá Aeroplano, músico e DJ especializado nos brasileiros. “E, por consequência, a demanda de festas também aumentou”, completa.

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A mais recente seguidora dos passos da Santo Forte, segundo Aeroplano, é a Tô que Tô, balada itinerante organizada pelo DJ Zé Pedro e o jornalista Marcus Preto. “Eu já tinha tentado uma vez, lá no início dos anos 2000, mas não era a época. Acabávamos reunindo apenas amigos”, diz Preto. A ideia tomou força quando ele e Zé Pedro falavam sobre a música Tô que Tô interpretada por Simone. “Pensamos que daria um bom nome para uma festa”, lembra.

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Meses depois, sentados em uma pizzaria, o projeto foi consolidado. “Nada de formalidades. Um decidiu que podia tocar, o outro resolveu fazer a produção, o outro era bom em divulgação. E assim, se deu”, conta. A primeira edição aconteceu no dia 24 de janeiro, no Centro Cultural Rio Verde e, apesar do nervosismo dos produtores, a resposta do público foi positiva. “Assim como tivemos a fase dos clubbers, acredito que hoje o paulistano esteja valorizando mais a produção nacional”, compara Preto. A festa acontece agora mensalmente em um espaço no espaço Nova Nostra, no movimentado cruzamento da  Rua da Consolação com a Avenida Paulista.

Pilantragi _ cordel
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Memória

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Mexer com a memória dos baladeiros é um dos aspectos comuns das baladas. “Música sempre estará relacionada a momentos da sua vida e, normalmente, a infância é uma fase boa”, diz Preto. O trabalho do DJ aqui é mesclar o set entre o passado e as novidades, promovendo a identificação e influências entre as várias gerações. No playlist de Preto, por exemplo, Rita Lee e Guilherme Arantes convivem em harmonia com Karina Burh.

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Na esteira da onda tupiniquim, toda quinta-feira acontece a Pilantragi, (assim mesmo, com “i”), festa organizada por Rodrigo Bento. Inspirada no hit “Nem vem que não tem”, de Wilson Simonal, a balada é realizada no Bebo Sim, bar de Perdizes que traz em seu cardápio pratos tipicamente brasileiros.Na cabine do DJ, imagens de Iemanjá e São Jorge disputam espaço com o pick-up. Fitas florescentes, artesanatos, cordeis e projeções de filmes nacionais antigos completam a decoração.

Cabine do DJ_pilantragi
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Na pistinha no centro do bar, jovens de até 25 anos ora dançam Alceu Valença, ora gritam por Daniela Mercury, além da Tropicália e Novos Baianos. “Por mais que eu não tenha vivido na época, são artistas que me influenciaram”, explica Bento. “E se formos falar da música brasileira contemporânea, a gente vai ver que Tiê, Criolo, todos eles beberam da mesma fonte.”

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Para Tutu, o sucesso das festas reflete o fim de um preconceito quanto à produção nacional. “Antes as pessoas curtiam em segredo. Hoje sabem que podem ouvir sem medo”, afirma. “O brasileiro sempre foi um pouco deslumbrado com o que vem de fora. Agora, sabendo que existem baladas que podem dançar o que se escuta em casa, é libertador.”

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