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Festa reúne 200 viciados em jogos de tabuleiro

Participantes do evento têm curso superior, média de 30 anos e são nerds assumidos

Por Edison Veiga
Atualizado em 5 dez 2016, 19h20 - Publicado em 18 set 2009, 20h36

No apartamento de 80 metros quadrados em que mora, no Butantã, o físico Fabio Tola reserva um quarto só para guardar seus 397 jogos de tabuleiro, na maioria importados. “Compro dois ou três por mês”, conta ele, que calcula já ter gasto 8 000 dólares com a coleção. Tola passa 25 horas por semana queimando neurônios para vencer sua mulher, Lucimara, também fã de tabuleiros, ou amigos. “Em média, levamos duas horas em cada partida.” O físico engrossou a lista dos 200 participantes da 15ª Festa do Peão de Tabuleiro, no restaurante Aneto, no Jabaquara. O evento começou às 15 horas de sábado e durou até a manhã seguinte. Nerds assumidos (eles não se incomodam com o apelido), os apaixonados por jogos de tabuleiro estão na faixa dos 30 anos. Boa parte é de profissionais liberais, com curso superior – principalmente na área de ciências exatas. As poucas mulheres, cerca de 20% dos freqüentadores da festa, não se sentem intimidadas. “Sempre fui meio moleca”, diz a analista de sistemas Érica Briones Graciano. “Já estou acostumada a gostar de brincadeiras de meninos, e ser minoria não me incomoda.” Esqueça os manjados War, Banco Imobiliário, Diplomacia, Combate… Essa turma é obcecada pelos chamados jogos modernos, que dependem muito mais de estratégia do que de sorte. Têm poucas e claras regras, que fazem com que os participantes interajam bastante. Da Alemanha, vêm os mais prestigiados, como Thurn and Taxis, Wallenstein e Tikal. “Meu preferido é o Tikal, cujo objetivo é conquistar riquezas arqueológicas”, diz Ricardo Christe Homsi, gerente de uma produtora de internet. “Inexiste o fator sorte, já que não usamos dados.” O maior sucesso no mercado brasileiro continua sendo o Banco Imobiliário, criado em 1933 pelo americano Charles Darrow. Vende 80 000 unidades por ano. “O Brasil, diferentemente de países europeus, não tem um longo e rígido inverno que obrigue as pessoas a ficar mais tempo em casa”, explica Aires Fernandes, diretor de marketing da Estrela. “Como a procura não é tão grande, lançamos apenas de dois a quatro jogos desse gênero por ano.” Em versão nacional, um jogo de tabuleiro moderno sai por cerca de 45 reais – títulos estrangeiros custam 25 dólares, em média. Vencer uma partida, óbvio, é a meta de todo jogador. Mas criar um jogo e conseguir comercializá-lo é o sonho da maioria desses aficionados. O jornalista André Zatz e o engenheiro mecânico Sergio Halaban chegaram mais do que lá. Em fevereiro, uma marca alemã lançou o Jogo da Fronteira, invenção da dupla. Ganha quem consegue passar com mais mercadorias por uma fronteira. Após o sucesso estrangeiro, a Estrela decidiu apostar no produto. Desde maio, 30 000 unidades estão à venda em lojas do país. “É um privilégio conseguir espaço na preferência do exigente consumidor de jogos de tabuleiro”, afirma Zatz. Uma jogada digna de Wolfgang Kramer. Nunca ouviu falar? “Trata-se do decano dos autores modernos alemães. Inventou mais de 100 jogos.”

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