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Fabrício Carpinejar: o poeta pop

Depois de fazer sucesso no Twitter com observações sobre o cotidiano, o premiado autor estreia programa na TV

Por Claudia Jordão
Atualizado em 1 jun 2017, 18h18 - Publicado em 17 mar 2012, 00h50

Aos 39 anos, o poeta Fabrício Carpinejar é um caso raro de artista com números de fazer inveja, ao mesmo tempo, a intelectuais e a personalidades pop da TV. No campo literário, já publicou dezenove livros, que lhe renderam onze prêmios, entre eles o cobiçado Jabuti. Em outra frente, soma mais de 143.000 seguidores no Twitter (patamar semelhante ao da apresentadora Fátima Bernardes e da “mulher rica” Narcisa Tamborindeguy), a reboque de um gênero literário que está longe de mover multidões no país.

No microblog, costuma lançar frases de efeito inspiradas em situações cotidianas, platitudes e pérolas de autoajuda como “O tropeço é um salto”. Diz Mariana Ditolvo, especialista em redes sociais da agência de comunicação digital Ginga: “O público que ele conquistou na internet é algo incomum, por não se tratar de uma celebridade nacional”. O que o faz tão acessível? “A sensibilidade, o humor e a capacidade de ver o mundo através da ótica feminina”, acredita Rosemary Alves, diretora editorial da Bertrand Brasil, responsável pela publicação de boa parte de seus livros desde 1998, quando lançou o primeiro volume, “As Solas do Sol”.

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No início do mês, o poeta ampliou as apostas em seu potencial midiático. Estreou o programa de entrevistas “A Máquina”, que vai ao ar na TV Gazeta, às 23h30 de terça-feira. “Procurávamos alguém que falasse de tudo com propriedade e que fosse uma figura excêntrica”, diz Robson Valichieri, do núcleo de criação da emissora. Na atração, ele recebe convidados como o cantor Tom Zé e o VJ China, da MTV, com a proposta de percorrer assuntos mais inusitados, de manias a peculiaridades sexuais. Com o uso de efeitos especiais na edição, o resultado é de qualidade acima da média para os padrões da emissora, mas o ibope, por enquanto, é coisa de sarau: continua dando traço. Terceiro dos quatro filhos dos poetas Maria Carpi e Carlos Nejar, nascido em Caxias do Sul (RS), ele agora intensifica a ponte aérea Porto Alegre-São Paulo, cidades entre as quais já se dividia, devido aos compromissos literários.

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Com bom desempenho de vendas para os gêneros que adota (em média, 10.000 exemplares a cada coletânea de crônicas e 5.000 para as de poesia), Carpinejar nem sempre foi uma figura popular. Na infância e na adolescência, colecionava apelidos depreciativos como “cara de morcego” e “cavalinho de pau”. Enquanto as outras crianças brincavam no recreio, ele não tinha coragem de sair da sala e ficava aperfeiçoando seus desenhos. “Os meninos matavam gatos e passarinhos com estilingue, mas eu não tinha coragem e me dedicava a enterrar os animais”, lembra.

As memórias dessa fase da vida o inspiraram a escrever o livro infantil “Filhote de Cruz Credo”, lançado em 2006 pela editora Girafinha e adotado por várias escolas particulares de São Paulo por abordar o bullying. A edição revisada da obra, publicada em 2011, rendeu o prêmio de melhor infantojuvenil da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), entregue na última terça-feira (13), além de ter originado uma peça de teatro, exibida na capital gaúcha, com estreia por aqui prevista para o segundo semestre. O ambiente hostil, somado à separação de seus pais quando tinha 8 anos, contribuiu para a dificuldade de alfabetização. “Ele foi diagnosticado com disfunção cerebral e os médicos não acreditavam que seria capaz de ler e escrever”, conta a mãe, Maria Carpi, que o alfabetizou em casa usando poemas.

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O autor diz que sua vida se transformou quando aprendeu a rir da estranheza que provocava. No processo para perder a timidez, resolveu caprichar no figurino alternativo, adotando um visual extravagante que virou uma de suas marcas registradas. Gosta de combinar trajes coloridos e acessórios como anéis de caveira comprados na Rua 25 de Março. Graças ao papo bem-humorado, atualmente faz sucesso com o sexo oposto. Pai de dois filhos, está no terceiro casamento. “O ciúme pela aproximação das tietes em lançamentos e palestras ajudou a abalar seu segundo relacionamento”, revela uma amiga. “Sou filho de minhas dificuldades”, resume Carpinejar, em mais uma daquelas frases que têm chegado com facilidade ao coração dos fãs.

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Fabrício Carpinejar - 2261
Fabrício Carpinejar – 2261 ()

PÉROLAS VIRTUAIS

Frases publicadas nas últimas semanas que foram reproduzidas mais de cinquenta vezes na rede social

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– A verdade ama o erro e odeia a certeza

– Frase invejosa: “Fico feliz por você”

– Interpretar os sonhos é transformá-los em pesadelos

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– O santo é um louco que deu certo

– Sexo deveria ser como tirar foto: mais uma para garantir

– Durante a exaltação, é simples ter coragem. Complicado mesmo é encontrá-la na tristeza

– Quem vive um amor sadio já prova que está doente

– O tropeço é um salto

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