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Ex-faxineiro fatura alto alugando estandes para estilistas e artesãos

O pernambucano Tedd Albuquerque é dono, entre outros empreendimentos, da feirinha dominical do Shopping Center 3

Por Daniel Bergamasco
Atualizado em 1 jun 2017, 18h29 - Publicado em 6 ago 2011, 00h50

Entre os 200 estandes da feirinha dominical de moda e artesanato do Shopping Center 3, na Avenida Paulista, a frase “Vá em frente, sua gorda!” está impressa em ímãs de geladeira, o trocadilho “A Poderosa Chefinha” estampa macacões de bebê e o rosto da atriz Audrey Hepburn aparece em qualquer lugar para onde se olhe: isqueiros, canecas, relógios, porta-lápis, porta-joias, porta-comprimidos e roupas de fabricação limitada, adornadas a mão. Vestido com peças de grifes caras (Diesel, Lacoste e Armani, entre outras), o pernambucano Tedd Albuquerque, de 47 anos, circula a passos rápidos pelo pedaço, cumprimentando os expositores. É o dono do evento.

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Nascido Edinelson (“Ficou Tedd porque não pronunciavam meu nome direito”), ele veio da cidade de Barreiros há vinte anos. Hoje, também administra 36 baias de estilistas e artesãos na galeria Como Assim?, um prédio de três pisos e fachada multicolorida em frente à Praça Benedito Calixto, em Pinheiros. Como no shopping, paga aluguel para estar ali. Cada um dos expositores, por sua vez, entrega-lhe de 550 a 1.100 reais mensais para ocupar uma vaga entre os 236 espaços de até 4 metros quadrados, onde são exibidos itens como anéis de madeira com desenhos de marchetaria, quadros em altorelevo, luminárias feitas de bagaço de cana e sapatilhas revestidas de glitter colorido.

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Com faturamento bruto anual de 2 milhões de reais — é dono de um apartamento na Rua Oscar Freire e de uma casa de praia em Alagoas —, Tedd emprega 22 funcionários. No próximo mês, inicia a expansão do negócio para fora de São Paulo. Começará por Ribeirão Preto, no interior do estado, a viajar com os produtos de seus parceiros por mostras itinerantes pelo país. Em paralelo, planeja instalar no prazo de um ano quiosques em dez shoppings, com artigos confeccionados por uma dúzia de expositores. “Já rodei muito na vida, mas, no trabalho com esses criadores, finalmente me encontrei”, diz.

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Se no Nordeste ele mantinha um padrão básico de vida trabalhando como caixa do finado Banco Econômico, ao largar tudo e vir para São Paulo teve de revezar o mesmo colchão da pensão onde morava com um guarda-noturno, que dormia ali durante o dia. “O lugar era chamado de ‘cama quente’, porque o leito nunca ficava desocupado”, lembra.

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No começo, foi faxineiro e garçom na casa de shows Olympia. Sua sorte mudou quando uma cliente estabanada quebrou uma garrafa de uísque escocês que ele estava indo servir. “Eu comecei a chorar, com medo de que fosse descontado do meu salário”, conta. A mulher não só cobriu o prejuízo como o indicou para um emprego como assistente de importação, do qual só sairia seis anos depois. Numa viagem a Londres, quando buscava ideias para iniciar um negócio próprio, conheceu o conceito de feiras modernas de artesanato e resolveu adaptar o modelo ao Brasil.

Homero Oliveira, da Srta. Butterfly - NEGÓCIOS - 2229
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Começou a trabalhar num estacionamento dos Jardins, arregimentando expositores de outros locais, como a Praça da República. Em 2000, chegou à Avenida Paulista e ganhou a adesão de estudantes de moda e designers mais sofisticados. Precisou de novo da boa lábia ao levar outros criadores para a Benedito Calixto, em 2006. “Quando o conheci, ele estava de martelo na mão, com a galeria ainda em obras e falando que inauguraria tudo no dia seguinte”, diz Marcos Vieira, ex-franqueado da loja Imaginarium. “Mas falava com tanta convicção que me convenceu a fechar contrato no mesmo dia”, completa ele, agora produtor de itens como relógios montados em discos de vinil (35 reais cada um).

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Para muitos desses microempresários, a exposição no shopping acaba se tornando um chamariz para empreendimentos mais ambiciosos. Tedd calcula que 30% dos expositores tenham aberto lojas próprias. Criador da Srta. Butterfly, fabricante de roupas para crianças pequenas (59 reais as camisetas), Homero Oliveira vai inaugurar a sua loja na semana que vem, na Vila Romana, Zona Oeste. “Vendo 600 peças por mês e preciso crescer, mas continuarei na feira, que se tornou referência em São Paulo”, afirma, fazendo uma constatação que não deixa dúvida para o pernambucano: o sonho de construir algo de sucesso em São Paulo foi realizado.

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MATÉRIA-PRIMA

Nome: Edinelson Albuquerque

Apelido: Tedd (derivado de “Édi”)

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Idade: 47 anos

Altura: 1,68 metro

Local de nascimento: Barreiros (Pernambuco)

Família: quarto entre os cinco filhos de uma professora e um taxista. É solteiro e pai de uma pedagoga de 30 anos

Escolaridade: ensino médio completo

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