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Evento reúne 240 técnicos e artistas de circo em São Paulo

Sem bichos, mas com palhaços e equilibristas, quatro lonas reunidas na Zona Norte mostram a maturidade da produção circense

Por Dirceu Alves Jr
Atualizado em 5 dez 2016, 19h25 - Publicado em 18 set 2009, 20h32

Respeitável público, foi-se o tempo em que circo era sinônimo de lona furada e atrações improvisadas. De 6 a 10 de dezembro, um evento com estrutura típica de show de rock ocupa 20.000 metros quadrados ao lado do Shopping Center Norte. O Encontro de Lonas: Circo Geral pretende ser muito mais que uma amostragem do que é feito atualmente na área. Quer oferecer ferramentas para o espectador entender por que essa manifestação artística atingiu, nos últimos anos, uma profissionalização até então inédita por aqui. Com números dignos de superprodução, o festival reunirá 31 grupos, entre brasileiros e internacionais, em um total de mais de 200 artistas, quarenta técnicos e outras duas centenas de pessoas nos setores de apoio. (E nenhum bicho, pois uma lei municipal proíbe desde 2005 a exibição de animais em circos de São Paulo.)

Em um país de larga e esquecida tradição circense, o evento tem a ambição de se fixar no calendário anual de São Paulo e de se juntar aos outros dois únicos festivais do gênero no país, o de Belo Horizonte e o do Recife. Promovido pela Secretaria Municipal de Cultura paulistana e com curadoria e produção do Circo Roda Brasil, o encontro envolve um orçamento superior a 500.000 reais. Quatro lonas – Circo Roda Brasil, Zanni, Festa e Picadeiro Aéreo – com tamanhos entre 24 e 38 metros de diâmetro mais um palco aberto pretendem receber 40.000 interessados nas cinqüenta apresentações previstas. E tudo com um ingresso praticamente simbólico. Ao custo de 2 reais por dia, o público poderá assistir a toda a programação entre 15h30 e meia-noite. Para recarregar as energias, pipoca, cachorro-quente, maçã do amor e refrigerante formarão o cardápio da praça de alimentação.

Se para a platéia os espetáculos prometem, o gostinho mais saboroso está reservado aos próprios artistas. “Os atores de teatro sempre se viram como iguais, e não como concorrentes, ao contrário do circo, que custa a aceitar a coletividade”, diz Beto Andreetta, um dos fundadores da Cia. Pia Fraus e um dos curadores da festa. Desde 2005, a parceria entre a Pia Fraus e o grupo Parlapatões resultou no Circo Roda Brasil e colaborou para começar a quebrar esse tabu. No Encontro de Lonas, os paulistanos Acrobático Fratelli, Frac-tons, Circo de Ébano e Doutores da Alegria desfilarão sua arte ao lado dos cariocas da Intrépida Trupe, Irmãos Brothers, Dux e Teatro de Anônimo. Em uma oportunidade rara, trocarão figurinhas com a americana Hilary Chaplain, o chileno Oscar e o espanhol Brusca, alguns dos palhaços internacionais con-vidados. “Existe uma vontade grande de as companhias participarem de eventos como esse e fundirem esforços”, afirma Hugo Possolo, dos Parlapatões. “O circo propicia isso.”

Essa capacidade de convivência desperta um intercâmbio artístico. Na década de 80, nomes como Andreetta, Possolo e Do-mingos Montagner, diretor artístico do Zanni, procuraram o picadeiro para aprimorar seus conhecimentos no teatro e na dança. A curva ascendente traçada hoje é reflexo natural da profissionalização. Quem começou a estudar circo há vinte anos agora tem técnica de sobra para praticar e transmitir os conhecimentos pa-ra as novas gerações. “Nós tiramos o circo da lona e o levamos para o teatro”, diz Montagner. “Agora, estamos trazendo tudo de volta.” Com essa bagagem, aliando maturidade e empreendedorismo, o Encontro de Lonas pode provar que o circo brasileiro ainda tem muito futuro e a imagem do palhaço triste ficou no passado.

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