Estudantes planejam ato às 17h na Teodoro Sampaio
Alunos que ocupam colégio em Pinheiros farão protesto contra reorganização das escolas da rede estadual
Alunos da Escola Estadual Fernão Dias Paes planejam uma nova manifestação na tarde desta quarta (2) nas ruas de Pinheiros. Os estudantes, que protestam contra a nova política de reorganização das escolas da rede estadual, pretendem bloquear a Rua Teodoro Sampaio por volta das 17h, o que deve complicar o trânsito na cidade.
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Pela manhã, outros dois protestos interditaram vias na capital. Na Avenida Doutor Arnaldo, houve tumulto quando policiais militares tentaram retirar os estudantes da via. Quatro jovens foram detidos e encaminhados para o 23º DP (Perdizes).
Ocupada desde o dia 10 de novembro, a escola foi a primeira da capital a ser tomada por estudantes. Segundo Jonathan Wallace, 19, os alunos se dividem em equipes para cuidar da limpeza, da portaria e da cozinha. A maior parte dos alimentos vem de doações, mas eles também recebem comida feitas pelo pais. Até sexta, ao menos um protesto por dia deve acontecer, disse.
Confronto
Na noite de terça (1º), durante ato na Avenida Nove de Julho, estudantes e policiais militares entraram em confronto. Os policiais usaram bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes, que reagiram atirarando pedaços de pau e pedras.
De acordo com o estudante João Constantino, 19, os secundaristas querem afastar UNE, UBES e Apeoesp. “Temos uma rixa com eles”, disse. Segundo ele, essas entidades estariam tentando roubar o protagonismo do movimento. “No protesto da Nove de Julho, um integrante da Ubes lançou uma das cadeiras que levamos para a rua contra os policiais. Fiquei assustado e falei pra ele que “quebrar tudo” não era a intenção do nosso movimento, que o que o governo quer é justamente associar esse tipo de ação à gente”, explica.
Reorganização
Em setembro, o secretário estadual da Educação, Herman Voorwald, divulgou uma reforma para que as escolas estaduais tenham ciclo único. A medida faz com que 754 unidades ofereçam só os anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano), finais (6º ao 9º) ou ensino médio. Com isso, mais de 300 mil alunos serão transferidos e 93 escolas, fechadas.
O governo tem enfrentando oposição porque não dialogou com as comunidades escolares antes do anúncio do projeto. As Faculdades de Educação da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) já repudiaram os argumentos pedagógicos da proposta. Pesquisadores ligados à Universidade Federal do ABC (UFABC) também apontaram fragilidades no estudo da secretaria que baseou a reforma. (Com Estadão Conteúdo)