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Em entrevista, Mateo López fala sobre mostra na Galeria Luisa Strina

Participante da 29ª Bienal de São Paulo e do Panorama de Arte Brasileira, o colombiano conta sobre sua segunda individual no país

Por Julia Flamingo
Atualizado em 1 jun 2017, 16h13 - Publicado em 25 abr 2016, 11h42

O colombiano Mateo López vem conquistando seu espaço no cenário artístico internacional com trabalhos marcados pela relação entre arte e arquitetura. Com obras no acervo de museus como o MoMA, em Nova York, Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais, e Cisneros Fontanals Art Foundation, em Miami, o artista de 38 anos é representado no Brasil pela Galeria Luisa Strina, que apresenta, pela segunda vez, uma exposição do artista.

Palm Line Clock Hand reúne desenhos, esculturas e vídeos em dois espaços da galeria (o espaço principal e o anexo, que acaba de ser reaberto) até o dia 21 de maio. Em entrevista a VEJA SÃO PAULO, López conta sobre sua relação com o Brasil, a amizade com o sul-africano William Kentridge e os conceitos principais da mostra em cartaz:

Qual sua relação, como artista, com a arquitetura?

Estudei arquitetura por dois anos e decidi tentar um semestre nas artes, que se transformou em anos. Agora posso dizer com certeza que sou artista de profissão. Mas continuo me relacionando com a arquitetura, por meio do desenho. Para mim, o desenho é, ao mesmo tempo, um pensamento, uma projeção e uma execução. Muitos dos meus trabalhos falam deste processo, da transformação da ideia. Foi assim que eu descobri que o que me interessa na arquitetura é a passagem do tempo, o antes e o depois e como você pode habitar e transformar a arquitetura.

Mateo López
Mateo López ()
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No espaço principal da Galeria Luisa Strina, você faz claras referências ao Homem Vitruviano, arcobotante, etc – sempre ideias criadas pela arquitetura para alcançar a perfeição. É isso o que você discute ali, a racionalidade da arquitetura versus a irracionalidade das artes plásticas?

Isso mesmo. Mas é importante entender que nas artes plásticas também há racionalidade e a arquitetura, por sua vez, também pode ser irracional. Esta relação de racional-irracional não é exclusiva da arquitetura, mas se estende a outras práticas, já que faz parte do pensamento humano.

O Homem Vitruviano que você menciona me interessa pela sua ligação com os cânones, a proporção, a racionalização. Eram esses os pensamentos preponderantes do Renascimento, quando o homem era o centro de todas as coisas. Quando trago sses conceitos para o meu trabalho, eu proponho a pergunta: qual é o pensamento da nossa época? E Seja qual for ele, esse pensamento não determina apenas representação das imagens, mas se aplica ao status socio-econômico, comportamento social, tendências de consumo, criação de inteligência artificial, tecnologia, etc.

Mateo López
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No espaço anexo, você parece adotar um viés diferente da primeira sala, já que os trabalhos se relacionam mais ao corpo e ao orgânico, do que ao racional e matemático. É isso mesmo no que você pensou?

Sim. Ali o corpo está presente em ações e interações com objetos e desenhos, complementando a ideia sobre gesto e movimento. Esta é uma linha que venho trabalhando com afinco: tendo entender como posso estabelecer uma relação com meu trabalho dentro do ateliê e de que maneira aquilo o que produzo vira uma extensão do meu corpo.

Mateo López
Mateo López ()

Pode contar sobre sua residência artística em São Paulo para a 29ª Bienal, em 2010?

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Tenho uma relação de afeto com o Brasil. Em 2009, fiz uma residência em função de um projeto sobre o MuBE, para o Panorama da Arte Brasileira, no MAM. Nesta época morei no centro da cidade. Em outra ocasião, conheci o bairro de Santa Cecília, que acabou se tornando tema da instalação O Palácio de Papel, que apresentei na 29ª Bienal de São Paulo. Mais tarde, morei no Rio Grande do Sul durante outra residência artística em que criei o trabalho Geopoéticas para a Bienal do Mercosul.

Qual a sua relação com o sul-africano William Kentridge? De que maneira ele te inspira ou estimula?

Fomos parte do The Rolex Mentor and Protégé Arts Initiative [programa da marca de luxo Rolex, que escolhe jovens artistas para serem aprendizes de mestres da área] e nos tornamos bons amigos. O desenho foi um canal de comunicação em nós, já que me mostrou outras possibilidade e campos de ação. Foi nessa hora que eu entendi que precisava sair da minha zona de conforto. Ele me estimulou a questionar constantemente a prática de artista e a instensificar meu diálogo com o contexto e o tempo atual, assim como com minhas referências.

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