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O que os estudantes pensam sobre o ensino

Com o acesso à internet, cresceu a sensação de que a escola está cada dia mais desconectada da realidade

Por Maurício Xavier (colaboraram Flora Monteiro e Nathalia Zaccaro)
Atualizado em 29 dez 2016, 13h04 - Publicado em 3 fev 2012, 23h50

Na cena de abertura do clássico juvenil “Curtindo a Vida Adoidado”, de 1986, o anti-herói Ferris Bueller dispara: “Hoje eu tenho uma prova sobre socialismo europeu. Tá, e daí? Eu não sou europeu nem planejo ser, então quem se importa com isso?”. Passaram-se quase trinta anos e os adolescentes continuam reclamando do que é ensinado: a diferença está no motivo do mau humor. A rebeldia pura e simples deu lugar à preocupação de aprender algo que seja relevante em um mundo cada vez mais competitivo. A sensação que eles têm de que a escola está cada dia mais desconectada com o mundo real ficou ainda maior com o acesso à internet. Com isso, o professor deixou de ser a única fonte de informações e os estudantes questionam muito mais o conteúdo das matérias. “O ensino deveria ser todo diferente, com assuntos mais úteis para o nosso dia a dia”, afirmou um aluno do 3º ano do ensino médio de uma escola particular que participou dos debates de VEJA SÃO PAULO.
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Segundo especialistas, os estudantes têm razão em suas queixas sobre o modelo atual de aprendizado. “Nosso currículo é inútil, temos uma jornada imensa e uma tradição de ensinar coisa difícil: um livro de biologia é quase uma tese de doutorado”, afirma o economista Claudio de Moura Castro, especialista em educação e articulista de VEJA. As escolas, por seu lado, se defendem apontando o dedo para as faculdades. “A obrigação de preparar para o vestibular é uma amarra que empobrece o aprendizado”, opina o diretor do Colégio Vértice, Adilson Garcia.

É grande a sede dos jovens de hoje por informação. Em 2010, a Secretaria Municipal de Educação fez um levantamento no ensino fundamental sobre os motivos que levam os alunos a gostar da escola: 78% afirmaram que o mais atraente é o que aprendem. Alguns colégios buscam alternativas para motivá-los. “Duas vezes por ano, mudamos os horários e a divisão de turmas por faixa etária. Em determinados casos, o aluno se torna o responsável por trazer o conteúdo”, diz o diretor da unidade Cerro Corá do Colégio Oswald de Andrade, Harlei Florentino. Nesse processo de renovação, um desafio importante será recuperar o prestígio dos professores. Na pesquisa de VEJA SÃO PAULO, 54% dos entrevistados declararam que não abraçariam a carreira do magistério em hipótese alguma. “Existe um desgaste, e um exemplo é essa mania de chamar o professor de tio, que descaracteriza o profissional”, afirma o diretor da Escola Técnica Estadual de São Paulo, Carlos Augusto de Maio.
 
O que eles dizem
“Eu nunca teria coragem de ser professor; nenhum dos alunos respeita o serviço dele.”3º ano do ensino médio, escola pública
“Eu amava estudar, mas me decepcionei tanto com a escola que hoje só faço o que é preciso para passar de ano.”3º ano do ensino médio, escola pública
“Minha mãe nunca foi a uma reunião na escola. É uma pena, porque, se eu fosse cobrada, renderia mais.”3º ano do ensino médio, escola pública
“A aula de artes deveria ser pegar um quadro e desenhar, e não ficar decorando nome de pintor.”9º ano do ensino fundamental, escola particular
“Tem aula que é uma várzea, o professor simplesmente não dá a matéria.” 3º ano do ensino médio, escola particular
“Sou um lixo em matemática, não entra na minha cabeça, sou obrigada a estudar e nunca vou usar.”
3º ano do ensino médio, escola particular

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