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Documentário narra a história do primeiro filme nacional de sexo explícito

“A Primeira Vez do Cinema Brasileiro” será exibido 30 anos depois do lançamento de “Coisas Eróticas”

Por Bruno Machado
Atualizado em 5 dez 2016, 17h03 - Publicado em 3 jul 2012, 20h25

No começo dos anos 1980, o diretor de pornochanchadas Raffaele Rossi (1938 – 2007) não era um cineasta bem visto na Boca do Lixo. Considerado pouco talentoso, Rossi tinha fama de caloteiro e vivia de mudança, fugindo dos credores. O diretor, no entanto, foi responsável por uma pequena revolução no país, ao lançar em, em 1982, o primeiro filme de sexo explícito brasileiro: “Coisas Eróticas”. O longa é tema do documentário “A Primeira Vez do Cinema Brasileiro”, dirigido pelos jornalistas Hugo Moura e Denise Godinho e pelo cineasta Bruno Graziano.

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 ”A Primeira Vez do Cinema Brasileiro”  terá pré-estreia no dia 7 de julho, no Cine Windsor, na região central da cidade – exatos 30 anos depois, e no mesmo local — que “Coisas Eróticas” foi exibido pela primeira vez. A fita narra a controvertida história de Rossi e a realização do filme, que abriu as portas da indústria do pornô no país e, de quebra, marcou o início da derrocada do Cinema da Boca. Após a exibição, que ocorrerá às 19h, o longa que deu origem ao documentário também será apresentado ao público.  O filme foi sepultado”, conta Bruno, que contou 17 tentativas de entrevista com o diretor de fotografia do filme, Salvador do Amaral.

Parte do elenco também se recusou a falar. “Uma das atrizes virou evangélica. O marido nem sabe que ela fez o filme”, conta Graziano. Além de esquecido na memória do cinema brasileiro, “Coisas Eróticas” também carrega o estigma de ter iniciado o processo de derrocada da Boca do Lixo. Com a chegada dos filmes de sexo explícito ao Brasil, a pornochanchada perdeu espaço, para lentamente desaparecer.

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“Império dos Sentidos” à brasileira

Tudo começou com a exibição de “O Império dos Sentidos” (1976), de Nagisa Ôshima, em 1979, durante a 3ª Mostra Internacional de Cinema. A projeção só foi possível após liberação da censura. O motivo eram as cenas de sexo explícito, que fez muita gente abandonar a sessão. A partir daí, Rossi decidiu produzir um filme com mais cenas de sexo do que a fita japonesa – foi assim, inclusive, que o longa foi vendido nos cartazes colados nas portas dos cinemas de rua em 1982.

Segundo dados da Embrafilme, “Coisas Eróticas”, mesmo pornô, foi lançado no circuito comercial e visto por mais de 4 milhões de pessoas. Estimativas não oficiais da época, contudo, dão conta de até 25 milhões de espectadores, dada a falta de fiscalização. O filme foi lançado com 70 cópias e ficou três anos em cartaz.

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Um filme sepultado

Realizado com pouco mais de 30 mil reais, “A Primeira Vez do Cinema Brasileiro” é resultado de um livro homônimo, escrito como trabalho de conclusão de curso de Moura e Denise, ambos graduados em jornalismo pela Universidade Metodista. A ideia de transformar a publicação em documentário ganhou corpo com Graziano, na época, estudante de cinema da mesma universidade.

O trio de diretores busca agora distribuir o documentário. A princípio, a ideia é tentar fazer com que ele seja exibido nos cinemas de rua do centro de São Paulo em parceria com Francisco Luccas, dono do Cine Windsor e do Cine Dom José, que hoje exibem apenas produções pornôs. “Estamos enfrentando resistência, pois pornografia ainda é um tema controverso para muita gente. Parece que os tempos de hoje são mais caretas do que há 30 anos”, lamenta Graziano.

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