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Condomínio Marajoara escapa da demolição

Ministério Público libera a entrada de moradores no empreendimento depois de dois anos de briga na Justiça e ameaça de embargo

Por Nathalia Zaccaro
Atualizado em 5 dez 2016, 15h51 - Publicado em 28 jun 2013, 19h32

Desde o último dia 14 de junho, mais de 500 paulistanos estão respirando aliviados. Depois de dois anos de brigas judiciais, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo liberou o habite-se do Domínio Marajoara, na Zona Sul da capital. O imóvel, que estava pronto e interditado desde 2011, teve sua primeira reunião de condomínio marcada para esta sexta-feira (28). “Parece que tiraram um gigante das minhas costas”, conta a empresária Mariana Totti, uma das moradoras que aguardavam o veredito. “Por um momento achei que iam demolir o prédio com que tanto sonhei.”

+ Relembre: A polêmica da demolição do Domínio Marajoara

O anúncio era vistoso: no número 800 da Avenida Interlagos, na Zona Sul da capital, uma área de 66 000 metros quadrados, com direito a academia, sala de cinema, trilha e piscina, abriga o Domínio Marajoara, complexo de sete torres residenciais de 29 andares. Lançado em 2007, quase todos os 594 apartamentos foram vendidos imediatamente por valores que variam de 1 a 2 milhões de reais. “Me interessei pela infraestrutura prometida no projeto e como planejava ter um filho, achei que seria ideal”, conta Mariana, que fechou o negócio nas primeiras semanas.

A história seria mais uma a engrossar a lista de mega empreendimentos lançados todos os anos na cidade se não fosse por um detalhe: o conto de fadas de Interlagos foi brutalmente interrompido em 2011, quando o juiz Jayme Martins de Oliveira Neto, da 13ª Vara de Fazenda Pública, determinou a suspensão do alvará de execução da obra e a demolição de todas as edificações. “Foi desesperador”, conta Mariana.

 

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A confusão começou em 2005, quando a Zabo Empreendimentos e Construções, proprietária do terreno na época, vendeu a área para uma associação de construtoras lideradas pela Cyrela. A planta inicial previa um conjunto de casas e prédios populares que somariam 15 000 metros quadrados de área construída. Quando passou para as mãos da Cyrela, o projeto ganhou ares de oásis, segundo a própria construtora, e subiu para 180 000 metros quadrados, com torres de altura superior a 90 metros. “Eles apresentaram um projeto modificativo, como se fosse apenas um ajuste, mas na realidade foi uma transformação total”, conta o advogado Marcelo Tapai, que defende vinte do compradores lesados no processo.

Apesar de ter contado com uma suspeita aprovação da Prefeitura, a construção acabou embargada pelo Ministério Público, que mandou derrubar as torres. A Cyrela recorreu e o caso só encontrou solução este mês. “Não sabíamos de nada disso, somos vítimas da situação”, conta Mariana.

“A decisão de liberar as torres foi um negócio da China para a Cyrela”, conta Tapai. A empresa terá que pagar um dívida estimada em 200 milhões de reais por conta dos prejuízos ambientais, urbanísticos e paisagísticos originados pela construção irregular e deve ainda enfrentar processos dos moradores por danos morais e materiais. “Mesmo assim, é provável que ainda tenham lucro com o Marajoara”, palpita o advogado. Se tivessem perdido a ação, teriam que devolver todo o dinheiro aos compradores.

“Mesmo com todo o transtorno, estou feliz e pretendo me mudar pra lá o quanto antes”, conta Mariana. Só o que não deu pra segurar foi o nascimento do filho, que viveu os primeiros anos de vida no apartamento de aluguel, sem a piscina infantil e a brinquedoteca do Marajoara.

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