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Como a CET orienta o tráfego do topo dos prédios

Conheça os marronzinhos que possuem a missão de tornar o trânsito paulistano um pouco menos caótico

Por Fabio Brisolla
Atualizado em 5 dez 2016, 19h24 - Publicado em 18 set 2009, 20h33

Sua missão é tornar o trânsito paulistano um pouco menos caótico. Para isso, observa o vaivém de carros do alto. Operador da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Marcelo Oliveira da Silva, de 36 anos, trabalha no topo de um prédio de 21 andares na esquina da Avenida Paulista com a Alameda Casa Branca. Das 7 horas às 13h30, ele mede a extensão dos congestionamentos no horário de pico, fica atento a acidentes e calcula a velocidade média dos veículos que passam pela via. A seu lado, apenas máquinas do sistema de ar condicionado, exaustores e canos de diversas espessuras. Apoiado em uma mureta de 1 metro de altura, sente o vento frio que sopra sem parar. Silva é um dos 76 operadores destacados pela CET para monitorar o tráfego nos Postos Avançados de Campo, os chamados PACs, localizados em 31 prédios públicos, comerciais e residenciais espalhados por pontos estratégicos de São Paulo.

Silva, que observa a cidade do alto há quinze anos, não usa o uniforme tradicional dos fiscais de trânsito, que lhes confere o apelido de marronzinhos. Trabalha de calça jeans, boné e jaqueta de lona amarela. Tem sempre um binóculo na altura dos olhos. “Qualquer ocorrência, aviso à central da CET por celular e logo depois confirmo os dados por meio de um palmtop”, explica. É um trabalho crucial. Em vias de grande fluxo, uma simples faixa de rolamento interditada por quinze minutos ocasiona 3 quilômetros de tráfego lento. Assim que recebem as informações de Silva e de outros operadores, técnicos da CET podem acionar marronzinhos da área, a Polícia Militar ou até mesmo o Corpo de Bombeiros. “Para avaliar os congestionamentos diários, esses fiscais são muito mais eficazes que um helicóptero, por exemplo”, afirma Roberto Scaringella, presidente da CET. “E o custo é bem menor.” A companhia não paga nada para instalar seus funcionários no topo dos prédios.

Os marronzinhos que trabalham nos PACs fazem turnos de seis horas. O primeiro começa às 7 horas e o segundo, às 13 horas. Em cada prédio fica apenas um observador. Como atuam sozinhos, avisam sempre que deixam seu posto. Para irem ao banheiro, digitam 099 no palmtop. Já o número 098 é a senha para os trinta minutos diários de lanche. “Você está isolado, mas se comunica o tempo todo com a empresa”, diz Silva. Se começa a chover forte, esses fiscais precisam parar de trabalhar. “É perigoso, porque os pára-raios são instalados nas muretas de onde observamos o trânsito.” Apesar de estar numa posição estratégica, Silva garante que jamais flagrou uma cena indiscreta nos prédios vizinhos. “Não dá tempo e seria invasão de privacidade.” Sua pior lembrança é de quando teve de relatar um corpo estirado no chão, próximo à Avenida São João. “Na hora, não conseguia identificar se era um atropelamento ou suicídio”, lembra. “Só depois fiquei sabendo que o homem havia se jogado do Viaduto Santa Ifigênia.”

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