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Como andar por aí

Por Matthew Shirts
Atualizado em 5 dez 2016, 14h17 - Publicado em 12 jul 2014, 00h00

Foi aos poucos que o pedestrianismo deixou de ser um hobby, um momento de lazer, e passou a definir a minha estratégia de locomoção em São Paulo. Alguns amigos diziam que era onda, que não passava de uma crise esquisita de meia-idade, uma tentativa tardia e fadada ao fracasso de voltar aos tempos da contracultura de quando era estudante. E, para dizer a verdade, tais diagnósticos não me pareciam inteiramente desprovidos de razão. Mas também percebi que era maior do que eu. Não aguentava mais ficar preso em um automóvel.

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Comecei chamando os amigos taxistas aqui do bairro para chegar ao trabalho e aos destinos mais próximos. Resolvia o problema de onde estacionar, mas não o do trânsito. Continuava preso nele do mesmo jeito. E o preço da corrida, por vezes, ficava salgado. Moro perto do cemitério de Pinheiros. Há desafios para atravessar de automóvel a Rua Teodoro Sampaio e as avenidas Rebouças e Doutor Arnaldo, para mencionar apenas alguns dos pontos mais notórios de estrangulamento. Sou impaciente. Logo integrei o metrô ao meu esquema. A inauguração da Linha 4 – Amarela ajudou muito. Depois, redescobri os ônibus. Com a abertura das faixas, eles se tornaram mais rápidos. E, por fim, cheguei até os velhos trens da CPTM, que não são nenhuma maravilha, mas funcionam.

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Senti-me cada vez mais confortável no transporte público. Hoje, vou para quase qualquer lugar em São Paulo sem apelar para o carro. Uma das chaves desse sucesso, descobri com o tempo, é a tecnologia. O Google mudou tudo. Antes de partir para bairros desconhecidos, acesso o Google Maps. Coloco o endereço do destino e o ponto de partida. O site dá opções de como chegar, mostra o caminho e ainda estima o tempo da viagem. Na dúvida, é bom apelar para o Street View, que apresenta a cara do seu destino, em fotografias. Aprendi isso errando, diga-se. Tenho aquele defeito masculino de não querer pedir muitas orientações. Morrer na praia é ruim a pé. Péssimo mesmo. Acaba-se dando voltas e mais voltas à toa ao lado do seu destino. Demora. Cansa. Gera mau humor e, no meu caso, pequenas crises de autoestima.

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Pensei no assunto ao ler que uma turma concorrente do Google, no Yahoo Labs, trabalha em um aplicativo que calcula não só o caminho mais curto mas o mais bonito também. Nunca pensei que fosse viver para ver algo assim. Entre lá para conferir (a página está em inglês, por enquanto). O endereço é UrbanGems.org. Destina-se sobretudo a pedestres. E, por enquanto, só funciona nas cidades de Londres, na Inglaterra, e Boston, nos Estados Unidos. Mas a ideia é aplicável a qualquer lugar. Os usuários vão votando em imagens de caminhos distintos, definindo quais deles são os mais atraentes. Você prefere passar pela Rua Henrique Schaumann ou pela Praça Benedito Calixto?, para dar um exemplo aqui do meu bairro. Para quem está a pé é a segunda opção, vá por mim.

A beleza é fundamental. Mesmo para os computadores.

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