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Gelo antes da primavera

Por que na última terça a cidade de Guarulhos e cinco bairros paulistanos foram atingidos por uma forte chuva de granizo

Por Giovana Romani
Atualizado em 5 dez 2016, 18h35 - Publicado em 25 set 2010, 00h04

A temperatura estava alta na manhã da última terça-feira (21). Em Guarulhos, a máxima foi de 28,8 graus. Na capital paulista, os termômetros chegaram a registrar 29,3. Perto das 16 horas, o céu escureceu. Raios e trovões antecederam uma intensa chuva de granizo que durou quase uma hora. Ruas de mais de dez bairros de Guarulhos ficaram cobertas de gelo. A camada branca sobre carros, casas e árvores fazia lembrar o cenário de um filme hollywoodiano de Natal. Segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), caiu granizo também em pontos dos bairros paulistanos de Santana, Vila Maria, Tatuapé, Penha e Liberdade. Isso às vésperas da estação das flores, a primavera, que começou na madrugada de quinta (23). “Fenômenos assim podem ocorrer nesse período de transição, mas fica mais difícil prevê-los”, diz o meteorologista Franco Villela, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Nuvens de tempestade vinham se formando desde o início da semana. Devido a ventos provenientes do norte, o ar na superfície estava quente. Por volta das 15 horas de terça, uma massa trouxe ar frio e úmido do litoral. Essa condição favoreceu a formação de áreas de instabilidade. O topo das nuvens chegou a atingir 16 quilômetros de altura — o que determina tempestade intensa. Lá em cima, a temperatura no momento estava entre 50 e 60 graus negativos. Dentro da nuvem, correntes de ar ascendentes transportam as gotículas de água para camadas mais elevadas, onde elas se agregam a cristais de gelo. É um processo comum, que costuma ocorrer lentamente. Na tarde de terça, por causa das circunstâncias favoráveis, ele deu-se tão rápido que houve a precipitação em forma de granizo. “Dependendo da velocidade e da temperatura em que está, o gelo chega ao solo sem derreter”, explica André Madeira, meteorologista da Climatempo. São Paulo entrou em estado de atenção, e seis pontos de alagamento foram registrados.

Algumas ruas de Guarulhos ficaram tomadas por blocos de gelo de até 50 centímetros de espessura. Durante todo o dia seguinte, doze equipes da prefeitura do município revezaram-se na limpeza e remoção das pedras dos locais mais atingidos. Alheias aos prejuízos, as crianças divertiram-se. Esculpiram bonecos branquinhos, típicos dos dezembros americanos, em pleno mês de setembro. Aviso importante: não, não nevou. “Trata-se de dois fenômenos muito diferentes”, diz Michael Pantera, do CGE. “Os flocos se formam em outro tipo de nuvem, e, inclusive, não temos registro de neve por aqui.” Ainda assim, já há quem esteja chamando Guarulhos de “a Suíça brasileira”.

 

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