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Celso Unzelte lança a ‘Bíblia do Corintiano’

Resultado de quinze anos de pesquisa, obra relata história do time e contém documentos históricos

Por Alexandre Aragão
Atualizado em 5 dez 2016, 18h38 - Publicado em 1 set 2010, 14h08

Comentarista do canal de televisão pago ESPN, Celso Unzelte é corintiano fanático. Ex-repórter da revista PLACAR, o jornalista e pesquisador reconstruiu a história do seu clube do coração, desde 1995, ano em que começou a coletar documentos e depoimentos. O jornalista já publicou nove livros sobre futebol e, principalmente, sobre o alvinegro paulistano.

No ano do centenário do clube, Unzelte lança a ‘Bíblia do Corintiano’ (Panda Books, R$ 159,90), uma caixa que traz fac-símiles de documentos históricos e um livro de 304 páginas com detalhes sobre a história do clube.

Qual foi sua descoberta mais surpreendente sobre o time enquanto escrevia o livro? Muitos desses documentos são meus, alguns são do próprio Marcelo (Duarte, dono da editora Panda Books e também corintiano) e outros a gente foi à caça com colecionadores. Acho que um dos mais interessantes é uma espécie de diploma, que tem escrito “Ao torcedor, grande artífice da conquista do bicampeonato, a nossa sincera homenagem”, que remete ao bicampeonato paulista de 1951 e 52. Esse documento tem todas as assinaturas dos jogadores e a do técnico José Castelli, o Rato. Isso me foi dado por um senhor chamado Daniel, professor de português, judeu, que encontrei no Pacaembu. Ele tinha uns 70 anos e o conheci em uma noite chuvosa, no dia 9 de outubro de 1992, uma sexta-feira, numa partida pela Copa do Brasil. Nesse jogo, o Internacional venceu o Corinthians por 4 x 0. No final do jogo, com as numeradas já quase vazias, éramos os únicos que ainda xingavam o time. Perguntei como ele voltaria para casa e ofereci uma carona para o metrô. A cada dois degraus que a gente descia, ele declamava a escalação do Corinthians de 1930 e, em seguida, dizia: “Perdoai esses em campo, eles não sabem o que fazem!” (risos). Isso nos atrasou e acabamos perdendo o metrô. Então, resolvi deixá-lo em casa. Quando chegamos lá, como todo bom judeu, ele me convidou a entrar e me ofereceu uma taça de vinho do Kibutz. Depois de algum tempo de conversa, satisfeito pela carona, Daniel me deu esse diploma do bicampeonato de presente. 

Qual foi o documento mais difícil de conseguir? A maioria deles a gente já tinha um “cheiro” de onde e como conseguir. Os ingressos deram um pouco mais de trabalho, porque primeiro escolhemos o jogo e depois fomos atrás das entradas. Procuramos pessoas que estiveram naqueles jogos, não apenas o ingresso.

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O senhor imagina quantos jogadores do Corinthians entrevistou até hoje? Alguns desses livros não precisaram necessariamente de entrevistas. O filme Todo Poderoso: O Filme — 100 Anos de Timão foi o que deu mais trabalho. Foram mais de trinta conversas, e não só com jogadores do time mas também de adversários, inclusive Pelé e Ademir da Guia. Há ainda personagens que não foram jogadores, como a Marlene Matheus e o Andrés Sanchez. E há uma curiosidade. O Corinthians teve um grande lateral, o Oreco, reserva do Nilton Santos. Ele era gaúcho e veio a São Paulo com um amigo chamado Tarica, que dizia ter jogado no Corinthians. Liguei para um amigo no Rio Grande do Sul e consegui o telefone dele, pois não conseguia achá-lo em nenhuma escalação da história do clube. Ele me disse que havia marcado um gol, num jogo contra o Flamengo. Chequei a informação e vi que, naquela partida, o único a marcar havia sido um Fernandes. Foi aí que o Tarica me disse que esse era o sobrenome dele. Em quinze anos de pesquisa, consegui a ficha de todos os 1 265 jogadores que vestiram a camisa do time.

Como foi o processo para escrever o roteiro do filme Todo Poderoso: O Filme — 100 Anos de Timão? O Rico (Ricardo Aidar, que também assina o roteiro) simplesmente se internou aqui em casa. Até brincamos que as crianças podiam fazer o barulho que fosse que eu não ia levantar (risos). Ficamos um dia inteiro, eu contando a história do Corinthians. Aí ele me trouxe o roteiro e mudamos algumas coisas. O Rico também é corintiano, mas não tinha muita intimidade com a história do clube, principalmente antes de 1950. Brinco que fui uma espécie de GPS, só indiquei os caminhos a seguir.

Com o novo estádio que o Corinthians está prestes a construir, o presidente Andrés Sanchez e os jogadores do atual elenco têm a chance de se igualar aos grandes ídolos da história do clube? Em relação a dirigentes, sempre tenho muitas reservas. Nunca coloco nem eles nem torcidas organizadas no mesmo patamar dos jogadores, que são os verdadeiros protagonistas. Dos atletas atuais, os principais, que são o Ronaldo e o Roberto Carlos, não têm muito mais tempo de carreira. O Ronaldo já coloco na minha lista dos 100 maiores, por ter ganho dois títulos importantes. A grande cartada dele seria ter levado o Corinthians ao título da Libertadores deste ano. Em relação ao Roberto Carlos, acho que ele ainda tem que conquistar mais. Hoje em dia o conceito de ídolo é diferente, os jogadores ficam menos tempo no clube. Nesse novo conceito, incluiria, por exemplo, o Chicão, que está quase se tornando o zagueiro que marcou mais gols pelo Corinthians, ou o Felipe. Mas é um outro patamar em relação aos ídolos do passado.

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