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Folia dos blocos de rua começa no dia 31

Em um ano com número recorde de blocos na capital, o destaque são grupos dedicados ao repertório de grandes nomes da música

Por Jussara Soares
Atualizado em 1 jun 2017, 17h06 - Publicado em 23 jan 2015, 19h10

 

Em 2014, o total recorde de 214 blocos que saíram pelos bairros de São Paulo foi o suficiente para encher ruas, embaralhar o trânsito e afastar a cidade do rótulo de túmulo do samba. Neste ano, a multidão cresce ainda mais: com os 302 cordões inscritos na prefeitura, são esperados 2 milhões de foliões na temporada, que começa com força no próximo sábado (31) e se  estende até o fim de  semana seguinte ao Carnaval, passando, é claro, pelos dias oficiais da celebração.

Em um menu que vai do decano Gueri-Gueri ao peculiar Paralelepípedo (cujo trajeto exclusivo são as vias de Pinheiros com esse tipo de calçamento), o calendário traz turmas para as quais curtir o samba à moda antiga não é o objetivo: elas homenageiam um único artista nacional, de som em geral pouco identificado com a trilha sonora dos salões. No ano passado, apenas uma agremiação embarcou nesse mote: a  Tarado Ni Você, com canções de Caetano Veloso acompanhadas de batucada carnavalesca. Com concentração nas esquinas das avenidas Ipiranga e São João, o bloco tinha a expectativa de arrastar 700 pessoas.  Levou ao menos 7 000, segundo os organizadores, e pretende chegar a 10 000 desta vez, no dia 14 de fevereiro.

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Em 2015, grupos estreantes reverenciam a obra de Rita Lee (Ritaleena, em Pinheiros), Tim Maia (Bloco do Síndico, no Itaim), Luiz Gonzaga (Bloco Gonzagão, em Pinheiros) e Alceu Valença (Bicho Maluco Beleza, em Pinheiros). Isso fora os cariocas Sargento Pimenta, dedicado aos Beatles, e Fogo e Paixão, que, apesar do título e da distribuição de calcinhas em referência ao cantor  Wando, mistura o repertório dele ao de outros nomes do brega (veja a programação completa em abr.ai/carnaval2015).

A razão de virar o disco em tempos de alalaô é clara. “Não dá para dançar Mamãe Eu Quero a vida inteira”, justifica a cantora Alessa Camarinha, criadora do Ritaleena (referência ao remédio para hiperatividade), em parceria com a figurinista Yumi Sakate. Nas três horas em que desfilarão, os dez músicos tocarão Mania de Você em versão funk carioca e (puristas, saiam da sala) Panis et Circenses como axé music. O fã-clube da roqueira se empenha na divulgação e as organizadoras enviaram um convite para que ela participe da brincadeira. “Seria um sonho”, diz Alessa, que também tenta atrair para a farra a atriz Mel Lisboa, protagonista do musical Rita Lee Mora ao Lado.

Confira a programação completa dos blocos no blog Carnaval SP

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Os foliões que celebram Tim Maia são igualmente  amadores. A iniciativa é fruto dos encontros de ex-alunos da Escola Politécnica da USP, que tiraram do bolso os 8 000 reais de custeio. O orçamento inclui, por exemplo, camisetas e o carro de som, cujo aluguel pode custar de 1 500 a 10 000 reais. “Somos pequenos. Queremos reunir umas 500 pessoas”, pondera Gustavo Reis, um dos líderes do projeto, nas ruas em 1º de março.

Há casos ainda mais modestos, como o Bloco Gonzagão, que consumirá só 2 000 reais. E, na outra ponta, superproduções como o Bicho Maluco Beleza, que contratou o próprio Alceu Valença para cantar. Bancado por uma marca de camisinha, o bloco deve receber um investimento de mais de 100 000 reais. O público esperado é proporcional: 50 000 membros no sábado pós- carnaval. “Quero levar um pouco do clima do Recife e Olinda e fazer algo lírico”, antecipa Alceu. A estrutura inclui ambulância, equipe de faxina e ao menos 200 sanitários químicos.

Menos claro está o plano de voo da prefeitura para os dias de folia. A poucos dias do início dos desfiles, a Secretaria de Cultura não divulgou o roteiro oficial dos blocos. Também não há informações sobre a quantidade de banheiros, profissionais de limpeza ou agentes de trânsito escalados. Mais: não se sabe quanto a administração municipal investirá no período, pois só na próxima semana se tornará conhecida a empresa vencedora do edital para ser a  patrocinadora da festa. Em paralelo, vizinhos da bagunça pressionam as autoridades para evitar a esculhambação do último Carnaval e da Copa. “A gestão não está zelando pela qualidade de vida dos moradores”, diz o empresário Tom Green, que se tornou uma espécie de porta-voz da Vila Madalena. É torcer para que haja tempo de fazer uma comemoração divertida e organizada, à altura dos ídolos que homenagearemos em nossas ruas.

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