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Capela de São Miguel Arcanjo é recuperada após dois anos de obras

A restauração do pequeno templo – tombado por Iphan, Condephaat e Conpresp – foi bancada pela iniciativa privada e custou 3,1 milhões de reais

Por Edison Veiga
Atualizado em 5 dez 2016, 19h28 - Publicado em 18 set 2009, 20h30

No próximo dia 15, quando a capela de São Miguel Arcanjo deve ser entregue, um pedaço da história paulistana será devidamente recuperado. Em 1560, alguns índios guaianás se desentenderam com os colonos da vila de São Paulo de Piratininga. Chefiados por Piquerobi – irmão do conhecido cacique Tibiriçá, aliado dos padres jesuítas –, eles caminharam cerca de 20 quilômetros na direção leste e criaram uma nova aldeia, a qual chamaram de Ururaí, de onde se podia avistar parte do Rio Tietê. A Companhia de Jesus encarregou José de Anchieta de reencontrá-los. “Foi um percurso difícil, feito parte por terra, parte pelo próprio rio”, conta a historiadora Roseli Santaella Stella, que durante seu doutorado na USP estudou cartas escritas pelo religioso e fez as pesquisas históricas para o projeto de restauração. Ao chegar ao local, Anchieta tratou logo de batizá-lo de São Miguel de Ururaí e de erguer uma capela rudimentar, de bambu e sapé. Aos poucos, um novo povoado se formou onde hoje é o bairro de São Miguel Paulista.

Com o passar dos anos, os jesuítas construíram uma igreja no local. Dessa vez, de taipa de pilão. É esta, de 1622, que acaba de ser restaurada, depois de dois anos de obras. “O prédio é original”, afirma o arquiteto Alessandro Pompei, responsável pelo trabalho. “Mas é claro que, no decorrer do tempo, algumas ampliações foram feitas.” Um exemplo são os tijolos de adobe na parte superior das paredes, o que leva a crer que a igrejinha teve seu pé-direito aumentado no fim do século XVIII. A descoberta mais impressionante foram as pinturas murais. Todo o madeiramento estava enegrecido devido ao costume de aplicar óleo queimado como prevenção contra cupins. “Quando os restauradores rasparam a madeira, tiveram essa surpresa”, diz Pompei. “É uma grande novidade para a história da arte colonial paulista.” A obra de restauração do pequeno templo – tombado por Iphan, Condephaat e Conpresp – foi bancada pela iniciativa privada. Custou 3,1 milhões de reais e envolveu cerca de cinqüenta profissionais, entre engenheiros, arquitetos, restauradores, historiadores e arqueólogos. Nos próximos seis meses, a capela passará por adequações para ser transformada em uma espécie de museu, com programas de visitações públicas monitoradas, exibição de acervo próprio e espaço para exposições itinerantes.

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