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Candidatos fazem vaquinhas e jantares para quitar dívidas

Prefeito eleito João Doria (PSDB), o mais rico dentre os candidatos, acumula maior saldo negativo: contratou 13,9 reais milhões em serviços e pagou apenas 4,5 milhões

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 27 dez 2016, 15h15 - Publicado em 6 out 2016, 10h01

Surpreendidas com o desfecho em primeiro turno da eleição para a prefeitura de São Paulo, as coordenações financeiras dos principais candidatos buscam agora alternativas para quitar os débitos de campanha e evitar calote aos fornecedores. Colaboradores já batem às portas de comitês para cobrar por serviços realizados. PSDB e PT foram os partidos que terminaram a corrida eleitoral com as maiores dívidas.

O desafio é grande para os candidatos derrotados, que tendem a encontrar mais dificuldade agora para receber doações. Coordenador financeiro da campanha à reeleição do prefeito Fernando Haddad (PT), o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) disse que pretende lançar uma plataforma colaborativa e promover jantares para pagar os mais de 6 milhões de reais de dívidas restantes após a derrota no primeiro turno. 

Teixeira, que também é um dos vice-presidentes nacionais do PT, admitiu que vai precisar de ajuda do Diretório Nacional do partido para completar o valor. “A diferença vamos pedir para o PT Nacional”, disse ele. 

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O Diretório Municipal não tem autonomia estatutária para destinar verbas do Fundo Partidário para o pagamento de dívidas de campanha, e o Diretório Estadual, com dívidas, não tem condições financeiras para ajudar. Fontes do Diretório Nacional disseram que a ajuda a candidatos, até mesmo a Haddad, ainda não é certa e vai depender de avaliações internas.

Terceiro colocado na disputa, Celso Russomanno (PRB) afirmou à Justiça Eleitoral ter quitado todas as pendências. O total de despesas contratadas é de 3,6 milhões de reais e o mesmo valor é registrado como contas pagas. Desde o início da semana, no entanto, colaboradores da campanha se reúnem no comitê do deputado federal, na Avenida Indianópolis, zona sul, preocupados com a possibilidade de não receber pelo trabalho.

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O pagamento pelos serviços deveria ter sido feito na sexta-feira passada, mas o dinheiro não entrou. Na quarta-feira (5), eram cerca de trinta colaboradores no escritório de Russomanno.

O coordenador financeiro da campanha, o deputado federal Marcelo Squassoni (PRB-SP), disse que os repasses já foram feitos regularmente à cooperativa responsável pela contratação de pessoal. “A cooperativa, quando foi pagar na sexta-feira, perdeu o horário porque era muita gente. Mas o dinheiro está entrando e o último pagamento é amanhã (esta quinta-feira, 6)”, disse. 

Luiza Erundina (PSOL) não deixou dívidas, disse o candidato a vice na chapa, o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP). “Usamos um pouco do Fundo Partidário e recebemos algumas doações individuais. Foi o suficiente”, afirmou.

Coordenador financeiro da campanha de Marta Suplicy (PMDB), José Roberto Pimentel disse que vai avaliar as contas nesta semana. “Por enquanto, não tenho informação.”

Até mesmo o prefeito eleito João Doria (PSDB), o mais rico dentre os candidatos, acumula saldo negativo – aliás, o maior. Ao todo, ele contratou 13,9 reais milhões em serviços e pagou apenas 4,5 milhões, de acordo com dados fornecidos pela campanha à Justiça Eleitoral. Foram 9,4 milhões em serviços contratados ainda não pagos. O valor devido é maior do que toda a arrecadação do candidato tucano: 7,59 milhões.

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Jantar

A campanha de Doria chegou a articular a realização de um jantar de arrecadação, mas desistiu para evitar constrangimentos. “A norma autoriza (a realização de jantar) mesmo após o encerramento da campanha, mas entendemos que não seria ético promover um evento com o prefeito eleito”, disse o advogado da campanha, Anderson Pomini.

No caso de não conseguir doadores para quitar a saldo, o prefeito eleito já afirmou que vai pagar o débito do próprio bolso. Com patrimônio de 178 milhões de reais, ele já foi o maior doador individual de sua própria campanha, com um aporte de 29 milhões.

O promotor eleitoral José Carlos Bonilha, da 1.ª Zona Eleitoral, afirmou que as doações após a eleição não são mais de campanha e por isso, podem ser feitas aos partidos sem seguir os limites de valores que lhe são impostos durante o período pré-eleitoral.

“Se aparecer um benemérito que queira quitar a dívida e honrar os compromissos, ele pode”, disse o promotor. “O que precisa é ficar atento aos atos que se seguem a isso (doação). Se o sujeito é sócio de empresa que amanhã ou depois vai contratar com o poder público com dispensa de licitação, por exemplo”, afirmou Bonilha. 

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