Com bom humor, designer enfrenta tratamento contra câncer de mama
Lucia de Menezes ganhou de presente dos amigos uma vaquinha virtual para ajudar nas despesas durante o período difícil
A designer gaúcha Lucia de Menezes, de 35 anos, recebeu o diagnóstico de câncer de mama em agosto, quando estava no trabalho, em São Paulo. Chamou as amigas para tomar um café, “deu uma choradinha”, como diz, voltou ao escritório e continuou a trabalhar. Dias depois, organizou uma festa em casa. Optou pelas risadas. Tem o humor afiado e não se considera doente, mas uma mulher com câncer. “Me preocupar com isso não vai ajudar em nada”, diz. “Agora posso almoçar duas vezes, digo que o último pedaço da pizza é sempre meu porque eu tenho câncer. Estou aproveitando. Isso vai passar e tudo ficará bem.”
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Alguns meses depois daquela fatídica tarde, duas amigas de Lucia criaram um site, espécie de vaquinha virtual, para arrecadar dinheiro. Queriam ajudá-la com as despesas que apareceriam durante o tratamento – ela faz quimioterapia quinzenalmente e deverá passar por uma mastectomia. Apesar do plano de saúde cobrir parte dos custos, há diversos gastos extras.
Lançaram a página Lumefa.com em uma plataforma para presentes de casamento, por isso deixaram o aviso: “Isso não é um site de casamento, mas de separação. Lucia vai se separar do Silas, um tumor na mama, e nós queremos ajudar”.
Ela explica a alcunha inusitada. “Silas foi o nome que eu dei para a pasta do computador em que eu guardava as cópias dos meus exames. É um cara chato, que incomoda e não quero ter notícias”, afirma. “Também encontramos essa forma de falar sobre o assunto na frente da minha filha de 6 anos, Alice”.
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No site de colaboração, são listados gastos com transporte, telefone, remédios, diarista, aluguel, conta de luz e até as aulas de balé da menina. “É importante que ela continue com a vida dela”, ressalta a mãe. O dinheiro será entregue em janeiro para a família. Até meados de novembro, foram doados 8 000 reais.
Por causa da queda da imunidade, Lucia precisou se afastar do trabalho. Evita lugares com muita gente. “Fui a um show toda coberta, igual a um ET”, brinca. Gostou do visual careca. “Fico preocupada com as mulheres suscetíveis a esses estigmas estéticos que ficam deprimidas nessa situação”, afirma. “Queria ajudá-las.”
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O marido também segue firme. “A gente nem chama de luta para não potencializar o inimigo”, diz o também gaúcho Ricardo Toscani, de 36 anos, pai de Alice e companheiro de Lucia há catorze anos. Ele é fotógrafo freelancer e vende geleias caseiras. O rapaz ficou em choque quando soube da notícia. Ele perdeu a mãe aos 12 anos de câncer de mama. “Eu já chorei muito. Ainda choro, tenho os meus momentos, mas agora de emoção e não de tristeza. Estou admirado pela corrente de amigos que tem nos ajudado.”