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Boom residencial na Frei Caneca é impulsionado por público gay

Com quatro condomínios residenciais e um comercial em construção, a Rua Frei Caneca vive bom momento imobiliário

Por João Batista Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 19h26 - Publicado em 18 set 2009, 20h31

Onipresentes em pontos movimentados da cidade, aquelas mocinhas contratadas para agitar bandeiras com nomes de condomínios recém-lançados tornaram-se habituées da Rua Frei Caneca, endereço famoso por sua freqüência gay. Quatro empreendimentos residenciais, que somam 712 apartamentos, estão em andamento ao longo do 1,5 quilômetro de extensão desse corredor que liga a Rua Caio Prado, no centro, à Avenida Paulista. “Até o início da década, as pessoas lembravam-se da região só por causa dos hotéis”, afirma Luiz Paulo Pompéia, diretor da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), referindo-se ao Crowne Plaza e ao Pergamon. Ele identifica três fatores que provocaram a redescoberta da rua. Começou em 2001, com a inauguração do Shopping Frei Caneca, que gerou durante o dia movimentação como a que ocorria à noite graças a bares e boates como A Lôca. A chegada iminente da nova estação do metrô (além da já existente Consolação, a Higienópolis-Mackenzie da Linha 4, prevista inicialmente para 2012, ficará a poucas quadras), fermentou o interesse do mercado. Pesaram, ainda, os preços de imóveis considerados baixos se comparados a bairros vizinhos como o Jardim Paulista. “Há três anos, paguei 2 000 reais por metro quadrado de um terreno”, conta Américo Alimonti, diretor da construtora Alimonti. “Hoje custaria o dobro.”

O empreendimento de Alimonti, batizado de Urban Solution, segue uma tendência da Frei Caneca: a de imóveis com um e dois quartos. “Dos edifícios lançados entre 2000 e 2007, 78% têm essa configuração”, diz Pompéia. “A idade dos moradores vai, em média, de 25 a 35 anos.” A aposta em apartamentos menores deve-se à predominância do público homossexual na rua. Seus hábitos de vida e consumo determinam as características dos projetos. “Piscina e sala de ginástica são fundamentais”, afirma Luiz Cutait, arquiteto responsável pelo condomínio Frei Caneca New Life. Também é comum haver quadra de squash, cyber room, fitness e spacegrill (nomes metidos a besta para, respectivamente, salão de informática, academia e churrasqueira). Curiosamente, as construtoras não costumam, por assim dizer, sair do armário na hora das vendas – segundo seus executivos, por uma questão de mercado, não por preconceito. A Helbor, que toca seu segundo condomínio na rua, anuncia em sites GLS, mas não define os gays como seu foco. “Ninguém cria prédios para um público-alvo só, seja idoso ou homossexual”, diz Fábio Rossi, diretor de marketing da Itaplan, que já vendeu todas as 96 unidades do New Life.

O clima de canteiro de obras tende a aumentar. Além de erguer as três torres com 27 andares do Paulista Home Resort, a Trisul pretende lançar ainda neste ano o projeto de um prédio comercial bem ao lado. O Shopping Frei Caneca planeja para o segundo semestre sua ampliação para um terreno vizinho, que lhe dará mais cinqüenta lojas e aumentará seu centro de convenções. As calçadas freqüentadas por héteros moderninhos, gays e baladeiros também estão na mira da Samorcc, associação de moradores de Cerqueira César. Eles querem plantar ali 100 mudas de árvores, a maioria ipês-roxos, para dar à área um ar mais sofisticado. “A idéia é transformar a rua numa alameda igual às dos Jardins”, explica Célia Marcondes, presidente da entidade. “Tomara que as construtoras e o shopping abracem essa idéia.”

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