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Bombeiros controlam incêndio no Guarujá, mas nuvem de fumaça ainda se espalha

Vazamento ocorrido em contêiners da empresa Localfrio provocou pânico em moradores e casas precisaram ser evacuadas 

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 1 jun 2017, 16h24 - Publicado em 15 jan 2016, 08h58

Após mais de 18 horas de trabalho, o Corpo de Bombeiros controlou o incêndio na empresa Local Frio, no Guarujá. O fogo ainda não cessou completamente e cerca de 80 agentes trabalham no local. Apesar de os focos de chama estarem sob controle, o vazamento de gás continua e a fumaça  se espalha pelo litoral sul de São Paulo. Santos, São Vicente e Cubatão também foram afetadas. 

O vazamento de produtos químicos seguido de incêndio começou na tarde dessa quinta (14). O distrito de Vicente de Carvalho, em Guarujá, ficou isolado pela fumaça e teve pelo menos 600 casas evacuadas; 39 pessoas foram atendidas com intoxicação. A nuvem chegou à cidade de Santos e paralisou o porto.

Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), o acidente foi relatado às 15h15 e teria sido provocado pela reação da água da chuva com os produtos químicos de um contêiner – o que também levou ao incêndio.

Ainda de acordo com a Cetesb, há no local 85 contêineres e 90% deles têm um produto denominado dicloroisocianurato, usado principalmente na desinfecção de piscinas. Outros produtos presentes são peróxido orgânico e nitrato de potássio.

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Por causa do acidente, a prefeitura do Guarujá montou um gabinete de gestão de crise, em conjunto com Defesa Civil, bombeiros e Exército. A orientação das autoridades foi para que as pessoas que morassem em um raio de até 100 metros do local – no quadrante das Avenidas Alvorada, Adriano Dias dos Santos, Santos Dumont e Rua Santidade Papa Paulo VI, além do Sítio Conceiçãozinha – procurassem a casa de amigos ou parentes.

O transporte coletivo no distrito também parou e grande parte dos moradores andava com máscaras. A fumaça se alastrou pelos bairros do Guarujá e, meia hora depois, chegou a Santos, na Ponta da Praia.

Terminal fechado

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O pátio da Localfrio é um dos 55 terminais do Porto de Santos e ainda continua fechado. De acordo com a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), o terminal Santos-Brasil, contínguo ao da Localfrio, também permanece interditado. 

Segundo a Localfrio, ao menos doze  tanques foram atingidos pelo incêndio. Os bombeiros enviaram dezenove viaturas, com 65 homens, para o combate ao fogo. A prefeitura do Guarujá cancelou eventos hoje feriado na cidade. 

Guarujá - Vazamento
Guarujá – Vazamento ()
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Pânico

Nos três prontos-socorros mais próximos do local do vazamento cenas de desespero se repetiam. Eram jovens, idosos, crianças que não paravam de chegar com os mesmos sintomas: falta de ar, tosse, sensação de ardência na garganta e nos olhos e muito pânico.

Segundo funcionários dos prontos-socorros, nenhum paciente evoluiu para um quadro grave. Quase quatro horas após o vazamento, às 19h, ainda havia várias pessoas que chegavam tremendo e sem conseguir respirar à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Jardim Boa Esperança. Eram, em sua maioria, moradores do Pae Cará, bairro do Distrito Vicente de Carvalho. No local, casas e comércios foram invadidos pela nuvem densa, escura e de cheiro forte. 

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A situação obrigou a gerência do pronto-socorro Vicente de Carvalho, em Pae Cará, a fechar as portas e transferir os nove pacientes internados, além dos três médicos, para a UPA Jardim Boa Esperança e para a UPA Rodoviária. Antes do fechamento, atenderam 30 intoxicados.

Um deles era uma idosa de 77 anos que não conseguia falar, por falta de ar. O neto dela, o motorista Hermann Germano Correa, de 30 anos, socorreu a avó, o tio e o pai, portador de deficiência. “Deu um desespero e uma revolta. Você vê o bairro todo tomado, todo mundo saindo nas ruas e sem ter pra onde ir, nenhuma orientação.”

Sintomas

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Especialistas da área de toxicologia dizem que os moradores do Guarujá não precisam se desesperar com o vazamento de gás. O ácido deve ser dissipado sem causar consequências mais graves, como queimaduras na população local.

“As pessoas não vão ser queimadas e isso não vai causar uma contaminação ambiental. Ninguém precisa entrar em pânico”, diz Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) do Hospital das Clínicas.

Ele explica que apenas pessoas que estavam muito próximas do local de um vazamento dessa natureza costumam sofrer com as consequências do contato com a substância. “Quando tem um incêndio ou quando se joga água (no produto), ele libera mais cloro, o que vai causar a intoxicação, irritação, tosse, coriza. Mas o cloro evapora e a nuvem se espalha com o vento”, explica.

Segundo Daniel Junqueira Dorta, presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia, as reações aparecem logo após a exposição ao produto. “A irritação é imediata, mais ou menos com os mesmos sintomas de quando uma pessoa tem contato com uma grande quantidade de água sanitária. A pessoa espirra, tosse, porque a substância irrita as vias aéreas e os olhos”, afirma o especialista. 

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