Bolsas piratas na 25 de Março custam até 4 000 reais
Levantamento mostra 69% já adquiriram alguma vez um produto não original
Principal corredor de comércio popular do país, a Rua 25 de Março, no centro da capital paulista, também é terreno fértil para a ilegalidade. Quem circula por ali vê com facilidade produtos fruto de contrabando vendidos por ambulantes sem registro, além de itens pirateados, cópias de grifes famosas.
Nas calçadas da região, marreiteiros comercializam roupas falsas de marcas como Lacoste, Nike, New Balance e Dudalina. O apelo está no preço, em geral, muito inferior ao praticado em lojas e shoppings, que trabalham com os produtos originais, pagam impostos, aluguel e funcionários.
Na última semana VEJA SÃO PAULO percorreu o centro de compras e flagrou que alguns estabelecimentos tem trabalhado com produtos piratas que surpreendem o consumidor pela semelhança com os originais e pelo preço salgado. Bolsas falsas da Louis Vuitton ou da Valetino estão na casa de milhares de reais.
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Uma réplica da marca francesa Hermès, por exemplo, é vendida nas lojas da 25 por 4 000 reais (a versão original comercializada no Shopping Cidade Jardim sai por 20 000 reais). Outro exemplo encontrado em um dos estabelecimentos foi uma réplica falsa de uma bolsa da grife italiana Valentino, custando 1 200 reais. Para adquirir uma original, seria necessário desembolsar algo em torno de 6 000 reais.
Embora a compra de itens piratas seja considerado crime, com pena que pode varia de um mês a um ano de reclusão, a demanda por esses produtos é enorme. Levantamento feito pela primeira vez em 2015 pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pelo portal Meu Bolso Feliz revelou que 69% dos brasileiros já compraram produtos não originais, principalmente roupas (39%), calçados (22%) e eletrônicos (17%).
Em números absolutos, isso representa que 45,3 milhões de pessoas já adquiriram réplicas ou produtos falsificados. O público que mais compra é jovem, pertence à classe C e possui menos escolaridade.
Segundo dados da Secretaria Municipal de Segurança Urbana, a Operação Delegada da Polícia Militar utilizou, entre 2013 e 2015, 71.538 lacres em apreensões na região central da cidade. Cada lacre é utilizado em um saco com capacidade de 100 litros e é utilizado para itens diversos.
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Para Marcel Solimeo, economista da Assossiação Comercial São Pualo (ACSP), este é um problema que está muito espalhado pela cidade, ficando impossível fazer um levantamento preciso do quanto o consumo destes produtos falsificados geraria para o país. “A prática da venda do produto pirateado existe nas ruas e, muitas vezes, até em lojas, por isso fica difícil fazer um levantamento específico do tamanho do prejuízo”, aponta.
O economista comentou ainda o fato de o consumo de itens falsos poder afetar diretamente a população. “Os prejuízos são grandes não só para o comércio que trabalha com esses produtos, mas também para a indústria, porque compete com os que pagam os impostos regularmente e para o governo, que deixa de recolher esses impostos, afetando diretamente a população”.