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Cine Belas Artes volta a ter problemas financeiros

Sem patrocínio, o tradicional Belas Artes ameaça fechar as portas outra vez

Por Daniel Salles
Atualizado em 5 dez 2016, 18h41 - Publicado em 29 jul 2010, 16h40

Sim, você já viu esse filme. Em dezembro de 2002, o Belas Artes, famoso cinema da Rua da Consolação, quase na esquina com a Avenida Paulista, anunciou estar com os dias contados. Incensado por sua programação de qualidade, o complexo cinematográfico sofria com a falta de público e com o fim da parceria com uma distribuidora de filmes, a francesa Gaumont. No mês seguinte, o cineasta André Sturm, dono da Pandora Filmes, assumiu o negócio. “A primeira fita que assisti ali foi ‘Meu Tio’, do francês Jacques Tati, quando eu tinha 8 anos”, lembra ele, que dirigiu ‘Bodas de Papel’ e ‘Sonhos Tropicais’. “A história desse espaço não podia acabar.”

No fim de 2003, Sturm associou-se aos fundadores da produtora O2, Fernando Meirelles, Paulo Morelli e Andrea Barata Ribeiro. A troca de comando atraiu o patrocínio do banco HSBC, que custeou uma reforma de 2 milhões de reais e passou a emprestar seu nome ao cinema. Repaginadas, as salas reabriram em maio de 2004. No dia 31 de março passado, no entanto, o banco desfez a parceria. A choradeira foi imediata. “Já operamos no vermelho”, diz Sturm, que também é coordenador da Secretaria de Estado da Cultura. “Se ficarmos sem patrocínio até julho, vamos programar o fechamento e as demissões.”

O cineasta não reclama da falta de público. No ano passado, recebeu quase 320 000 espectadores. Para efeito de comparação, nesse mesmo período cerca de 1,1 milhão de pessoas passaram pelo Espaço Unibanco Pompeia, o campeão nacional de público. Com características parecidas às do Belas Artes, a Reserva Cultural, na Avenida Paulista, atraiu menos de 200 000 fãs da sétima arte. Os problemas de Sturm são o alto valor do aluguel (60 000 reais) e do IPTU (10 000 reais por mês), além da grande quantidade de funcionários (trinta), todos indispensáveis, segundo ele. “Sem patrocínio, nossas contas não fecham”, resume o cineasta, que se nega a revelar o faturamento e o custo do empreendimento para não atrapalhar a negociação com eventuais patrocinadores.

Fundado em 1952 como Cine Trianon e batizado de Belas Artes em 1967, o espaço com seis salas é um patrimônio da cidade. Donos de catorze restaurantes paulistanos, como Arábia, Così, La Frontera e Tordesilhas, estão empenhados em ajudar o histórico cinema. Pretendem lançar uma campanha para angariar fundos. A ideia é acrescentar às contas de 3 a 5 reais (o valor ainda não foi definido), até julho. Naturalmente, o pagamento será opcional. Como o dinheiro arrecadado não será suficiente para resolver de vez o problema de caixa do Belas Artes, seus proprietários continuarão em busca de um patrocínio salvador.

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Novidades no circuito paulistano

Não foi um final feliz. Com apenas onze pagantes, o Cine Arte Lilian Lemmertz, na Pompeia, projetou no domingo (30) seu último filme: ‘Ilha do Medo’, protagonizado por Leonardo DiCaprio. Inaugurado em 2000, o cinema, inicialmente voltado para produções nacionais, nunca teve patrocinador. “Jamais ganhamos um tostão com o negócio”, diz o diretor teatral Tanah Corrêa, fundador da sala de 85 lugares ao lado dos atores globais Alexandre Borges e Julia Lemmertz. Em abril, a parceria com a distribuidora Polifilmes, responsável pela programação do cinema, chegou ao fim. Foi a gotad’água. “Nosso prejuízo mensal já rondava os 10 000 reais. Agora, precisaríamos de 25 000 reais por mês para as contas ficarem no azul”, completa Corrêa, que busca patrocínio do Ministério da Cultura.

Mas existem boas notícias na área. Fechado para reformas desde o mês passado, o Cinema da Vila (ex-sala UOL e iG Cine), em Pinheiros, anunciou que voltará à ativa com o nome de Cine Sabesp. A sessão de reabertura está prevista para esta semana. Há novidades também no Shopping Vila Olímpia. Ao custo de 9 milhões de reais, o grupo carioca Severiano Ribeiro finaliza sete salas no centro comercial. Duas delas, batizadas de Platinum, terão poltronas de couro com apoio para os pés e local de espera exclusivo. Os clientes poderão aguardar o início das projeções tomando vinho ou espumante e comprar pipocas preparadas, por exemplo, com azeite de manjericão. A inauguração estava prometida para a última sexta-feira e os ingressos vão custar de 18 a 49 reais (mesmo valor cobrado nas salas prime do Shopping Cidade Jardim).

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