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Entre um violão e a jovem guarda

Gabriel Thomaz, do Autoramas e do Lafayette e os Tremendões fala sobre as bandas, ensaios e discos novos (de ambos os grupos)

Por André Spera
Atualizado em 5 dez 2016, 18h57 - Publicado em 19 fev 2010, 18h18

Quando o Autoramas surgiu, em 1997, a ideia que motivava a banda era fazer “rock para dançar”. Mais de dez anos de carreira depois, o guitarrista e vocalista Gabriel Thomaz não pode ser chamado de um homem acomodado. Em turnê também com Lafayette e os Tremendões, que toca dia 25/02 no Sesc Pompeia, ele fala sobre os shows, as bandas e ideias musicais

Existe alguma diferença de verdade entre tocar no Rio e em São Paulo?

É muito diferente. As pessoas são sempre legais nos dois lugares, mas não tem jeito, é notório que São Paulo é mais roqueira. O Rio já foi mais, não sei o que acontece, rola um desinteresse, a cidade vive de ciclos. Em São Paulo isso nunca vai acontecer tem galera pra todo tipo de arte, é muito rock’n’roll. Independentemente, subir no palco é sempre muito legal.

Vocês estão lançando agora um álbum ‘desplugado’. É um acústica sem cara de acústico?

A gente queria acrescentar algo à história do Autoramas. Algo que fosse diferente do que o que a gente vinha fazendo [albuns que privilegiam mais as guitarras]. Começamos a ensaiar com violão e baixolão e ficou legal. Tínhamos na cabeça que nossas músicas mais bonitas estavam escondidas e então resolvemos priorizá-las. Sempre gostamos de letras românticas e melodias mais assobiáveis. Em um próximo disco de inéditas, até pensamos em colocar coisas nesse formato.

A formação da banda mudou pouco desde o começo, você e o baterista Bacalhau e uma mulher no baixo. É uma marca que você faz questão de manter?

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É por causa das vozes musicais e minha vontade de manter um trio. Quando comecei a banda, a Simone (primeira baixista do grupo) era super amiga minha, eu era amigo do namorado dela, mas ela não queria nada sério com a banda, ela não queria continuar. Depois veio a Selma, e foi em cima da hora, não era a pessoa perfeita. Quando encontramos a Flavinha [Flávia Couri, com o grupo desde 2008] foi incrível. Ela já era profissional, sabe fazer arranjo bem pra caramba, sabe tudo, toca tudo o que a gente gosta e e tem uma habilidade incrível. Só de falar, já me dá vontade de ensaiar um disco novo.

Hoje parece que coisas antigas, ‘vintage’ entraram na moda. Você acha que é por isso que Lafayette e os Tremendões tem feito sucesso?

A gente tentar ser vintage, mas sempre vai soar como algo recente, vai ter nossa pegada. Tenho uma teoria que é a seguinte: há uns 15 ou 20 anos, uma banda de rockabilly [estilo da década de 50, que primava por levadas dançantes e topetes altos, com artistas como Little Richard, Eddie Cochran e Carl Perkins], se quisesse tocar esse estilo, sempre tinha que passar por um milhão de dificuldades. Hoje em dia tem tudo! Se você quer sair igual o Elvis, basta um computador e um cartão de crédito. É mais fácil. Se você quiser usar equipamentos dos anos 70, da época discoteca, também é a mesma coisa. A LG lançou uma televisão com visual retrô, a Brastemp tem geladeira retrô… Ou seja, basta querer. Essa moda vintage perdeu o sentido.Tudo é da nossa época, só muda o estilo.

Como foi o convite pra tocar com o Lafayette?

Nós, que agora tocamos com ele (os guitarristas Renato Martins e Nervoso, o baixista Melvin, o baterista Marcello Callado e a vocalista Érika Martins) sempre fomos grandes amigos, e sempre fomos fãs de Roberto Carlos, Erasmo Carlos… Não só dos dois ou da época da jovem guarda, gostamos da carreira inteira, de tudo. Começamos a tocar esse repertório, dissecar os arranjos e tocar aqui e ali. Mas faltava o órgão, aprendemos a tocar tudo, menos isso, e o grande diferencial do rock brasileiro, naquela época era o órgão Hammond do Lafayette. Tentamos tocar teclados, mas não ficava bom, a gente até brincava, ‘o Lafayette jamais faria isso!’. Não sabíamos se ele estava vivo ou morto, mas acabei topando com uma entrevista dele em um site. Pedi o contato e contei a maior mentira pra ele. Falei que gostaria que ele tocasse no meu casamento (risos).

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E ele topou se encontrar com você?

Ficou uma hora autografando todos os discos que eu tinha, com a maior paciência! Aí disse que queríamos acompanhá-lo naquelas músicas. Ele ficou meio desconfiado, mas fomos ensaiar mesmo assim. Ele levou dois seguranças! No final das contas foi até bom, porque eles começaram a curtir o som, um virava pro outro e dizia “Pô, é bom pra caramba, hein bixo? Os seguranças se amarraram! Fizemos dois shows no Teatro Odisseia, e ele se impressionou como a juventude curtia aquelas músicas, ficou emocionado, ’30 anos sem matéria falando de mim no Globo’. Foi muito bom.

A banda começou a tocar em 2005, e antes do disco ‘As 15 Super Quentes de Lafayette e os Tremendões’ (2009) vocês só haviam lançado um compacto, com duas músicas. Vocês tiveram receio de “engessar” um som que funcionou tão bem ao vivo?

Na verdade, não. Desde 2005 muita gente se interessou, só que – eu nao sei se é por causa da crise – fizemos um monte de reunião e a coisa nunca chegava até o final. Perdemos um tempo, já era pra ter saído, se soubéssemos que seria tão enrolado lançar por uma gravadora “grande”…

E como vocês escolheram as músicas do disco?

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Priorizamos o que causava maior impacto nos shows. E músicas para as quais já havíamos feito um arranjo especial. Cá entre nós, gravamos as músicas em que o Lafayette arrebentava mesmo. Não é nada de virtuosismo, mas sim emoção, sentimento mesmo. Selecionamos as faixas em que ele podia fazer algo realmente especial.

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