Continua após publicidade

Empresários reclamam do aumento de roubos e furtos na Rua Augusta

Apesar de a polícia afirmar que a rua está mais segura, donos de bares, restaurantes e casas noturnas queixam-se

Por João Batista Jr.
Atualizado em 1 jun 2017, 18h42 - Publicado em 27 ago 2010, 22h54

O merecido status de símbolo da boemia paulistana conquistado pela Rua Augusta trouxe (muitas) consequências positivas e (algumas) negativas. De olho na multidão de clientes dos mais de sessenta bares, restaurantes e casas noturnas espalhados em sua parte central, trombadinhas escolheram a via como alvo. Pelo menos essa é a queixa dos empresários da região.

Responsáveis por atrair público das classes A e B a uma área que há cinco anos era vista como degradada, eles relatam casos para justificar o aumento da sensação de insegurança. “A Augusta virou um centro de entretenimento”, afirma Facundo Guerra, sócio da casa noturna Vegas e do bar Z Carniceria. “Mas sem estrutura adequada de segurança.”

Com as calçadas abarrotadas de pessoas, seja em filas para entrar nas boates, seja fazendo do passeio uma espécie de balada improvisada, os batedores de carteiras encontraram um ambiente favorável ao crime. Tentaram roubar o relógio do próprio Facundo duas vezes neste ano. “Como podem se esconder na multidão, os marginais ganham o benefício do anonimato.”

O medo de assaltos faz algumas empresas tomar precauções. Inaugurada em 2008, a loja Endossa — especializada em roupas, acessórios e objetos de decoração — contratou um segurança há dois meses para ficar dentro do estabelecimento. Motivo? “Evitar constrangimentos entre nossos clientes”, conta a gerente Carolina Rosa. “Ele barra a entrada de garotos cheirando cola de sapateiro.”

Continua após a publicidade

A mesma medida deve ser tomada pelo restaurante Tollocos em caráter de urgência. Duas semanas atrás, a casa de comida mexicana foi assaltada por dois homens armados por volta da meia-noite — ou seja, horário de pico dos baladeiros. Um dos marginais entrou no guichê onde fica o caixa enquanto o outro permaneceu na entrada. Ambos deixaram as armas à mostra para coagir funcionários e clientes. “Roubaram       1 000 reais e o telefone sem fio, para que a polícia não fosse acionada”, conta o atendente Igor Gatti.

Lançar mão dos serviços de um segurança não significa garantia de sossego. A empresária Roberta De Meo empregou um homem faixa preta em caratê logo depois de abrir as portas de seu restaurante, cujo nome pediu que não fosse revelado. Mesmo assim, seus clientes já sentiram falta de celulares e carteiras deixados em cima da mesa. “Meninos entram como quem não quer nada para furtar pequenos objetos”, diz ela. Seu negócio foi assaltado três vezes só neste ano, em horário não comercial. Destruíram geladeira, sistema de fiação e câmeras. “É horrível acordar na minha casa com o alarme da loja disparado.”

Apesar dos contratempos, os empresários não pensam em deixar a Augusta. “Aqui parece Carnaval de rua todo fim de semana”, exagera Roberta. Ela vende 300 temakis apenas no sábado — 70% deles durante a madrugada. Inaugurada em 1956, a tradicional lanchonete Frevo confirma o clima de euforia. “Nos últimos anos, nosso movimento aumentou 70% nos fins de semana”, afirma o gerente Geraldo Augusto de Souza. “Mas, de três anos para cá, fechamos perto da 1 da manhã, e não às 3 horas, para evitar problemas.”

Continua após a publicidade
Roberta De Meo 2180
Roberta De Meo 2180 ()

Outra questão que mancha a reputação da rua é o consumo de drogas. Na região mais próxima à Praça Roosevelt, basta ficar parado por alguns minutos nas calçadas para encontrar jovens que vendem papelotes de cocaína. “Quem os abastece são viciados que fazem esse trabalho em troca de duas ou três pedras de crack”, conta Aldo Galiano Júnior, delegado da Seccional de Polícia Centro. “Neste ano, apreendemos 900 quilos de cocaína em todo o centro.”

Essa sensação de insegurança não encontra eco nos dados oficiais. Isso porque muitas das pessoas que têm objetos pessoais furtados não registram boletim de ocorrência. Números da Polícia Militar apontam para a queda da criminalidade na Augusta. O furto de veículos caiu 21% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2009. Os roubos, 20%. “Celulares, carteiras e bolsas correspondem a 90% dos furtos ocorridos”, informa o major Benjamim Francisco Neto, comandante do 7º Batalhão — responsável pela região.

Continua após a publicidade

Segundo a PM, quatro motos e três viaturas de força tática são responsáveis pelo patrulhamento do Baixo Augusta entre 16 e 4 horas. “À noite e de madrugada ocorrem 62% de todos os crimes.” Cabe à população, além de cobrar maior atuação das polícias, registrar casos de furtos, roubos e outros delitos. Só assim medidas preventivas poderão ser tomadas para não tirar o brilho e o charme que fazem a Rua Augusta andar sempre a 120 por hora.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
10 grandes marcas em uma única assinatura digital
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

a partir de R$ 39,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.