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Apenas um em cada quatro moradores de rua aceita ir para albergues

12 mil pessoas vivem na rua segundo a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social

Por Edison Veiga
Atualizado em 5 dez 2016, 19h24 - Publicado em 18 set 2009, 20h33

Faltam dentes na boca de Edmilson, que mora na rua desde o ano passado. Suas roupas, sujas, exalam mau cheiro. Ele diz que não toma banho há duas semanas, não comeu nas últimas 24 horas e está visivelmente alcoolizado. “Não quero, já estou acostumado a dormir na rua”, é o que responde a um dos 354 agentes de proteção social da cidade, sem dar seu nome completo, ao ser convidado a passar a noite em um albergue municipal. “A cada quatro pessoas abordadas, só uma aceita ir”, afirma a assistente social Grasiella Fernandes Basso, uma das coordenadoras da Central de Atendimento Permanente (Cape), da prefeitura. “Não podemos forçar ninguém.” Eram 22 horas de terça-feira (31) e fazia um frio de 16 graus no Pátio do Colégio. Temperatura bem mais amena que a da véspera, quando os termômetros chegaram a registrar 6,8 graus na mesma região. Com essa “ajudinha”, os agentes conseguiram levar um número recorde de sem-teto aos 35 albergues da cidade. Foram 708 encaminhamentos – a média diária é de 200. “O frio é o melhor argumento para convencê-los”, diz a agente Iara Renata Garcia, com a experiência de três anos na profissão.

Edmilson é um dos 12 000 moradores de rua da cidade, segundo estimativa da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social. Desde 1998, a prefeitura mantém um serviço de atendimento a essas pessoas. Ampliado em 2005, ganhou sede na Avenida Tiradentes, onde funciona uma espécie de QG do sistema. Seis funcionários trabalham numa versão reduzida de uma central de telemarketing. Por dia, cerca de oitenta paulistanos ligam para o Cape informando que há um grupo de moradores de rua em determinado endereço e pedindo a intervenção dos agentes. “Geralmente, o tom é de reclamação”, conta Grasiella. “Ligam incomodados com os sem-teto.” O pedido é encaminhado a uma equipe (um motorista e dois agentes), que parte para o local em uma das 44 peruas da Cape. Paralelamente a esse trabalho, elas também rondam pela cidade em busca de moradores de rua. “Nós os abordamos numa boa, procuramos ganhar a confiança deles e mostrar que no albergue há proteção, comida e banho”, conta Iara. Na terça, Edmilson não foi convencido. Mas Amaury Ambrósio e Marco Antonio Prates toparam. “Estou há um mês na rua”, dizia Prates, que durante o dia faz bicos nas lojas de eletrônicos da Santa Ifigênia. No albergue Cirineu, na Rua Santo Amaro, tomaram banho e receberam um lanche (pão com manteiga e leite quente com achocolatado). Poderão ficar ali até seis meses. Ao fim desse período, se não conseguirem endereço fixo, podem ter sua estada prorrogada. “Tirar a pessoa da situação de rua é um trabalho de médio prazo”, afirma Floriano Pesaro, secretário de Assistência e Desenvolvimento Social. “Metade de nossos albergues oferece cursos de qualificação profissional.”

Sem endereço fixo

• 12 000 paulistanos vivem nas ruas

• 354 agentes tentam diariamente encaminhá-los aos 35 albergues da cidade – são cerca de 8 000 vagas

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• Cada agente ganha de 525 a 694 reais por mês

• Dos albergados, 66% têm entre 30 e 55 anos

• Os telefones da Cape são tel: 3228-5554/2092

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