Ambulantes escondem mercadoria em mochilas
Quinze DVDs na banca e mais uma centena na mala. É assim que vendedores driblam o rapa
No último dia 8, pelo menos trinta camelôs negociavam DVDs piratas nas calçadas da Rua 25 de Março. César e Natalie (eles só se identificam assim) estavam entre eles. Em sua banca, exibiam quinze cópias do blockbuster Homem-Aranha 3, que acabara de estrear nos cinemas. Cada uma saía por 5 reais. “Temos outros títulos guardados na mala”, repetiam para os clientes. Deixar poucos DVDs à vista é a nova tática dos camelôs para fugir da fiscalização. “Se o rapa passar, leva só alguns filmes”, explica Natalie. Quando o freguês pergunta sobre a temporada completa de uma série que mal chegou à TV ou um longa campeão de bilheteria, eles abrem a mochila abarrotada. Rodrigo Ferreira, conhecido como “Cachaça”, tem outro método para enganar guardas-civis metropolitanos e policiais militares. Em vez de expor seus DVDs em uma mesa, ele perambula pela rua com vinte deles na mão. O restante (mais de uma centena) fica na bolsa de um colega. Para fugir dos trinta guardas que atuam na área, esconde os DVDs dentro da jaqueta e se mistura à multidão. Comprar e vender produtos piratas é crime, sujeito a multa e a até quatro anos de prisão. Mas são raras as prisões de vendedores. De compradores, então, não há notícia. “Apesar de agirmos contra os camelôs, esse não é nosso foco principal”, diz o delegado Fernando Shimidt, do Setor de Investigações Gerais da 1ª Seccional da Polícia Civil, que atua no centro da cidade. “Fazemos um trabalho de inteligência para cortar o mal pela raiz, prendendo quem fabrica e trafica os produtos piratas.” Neste ano, mais de 307.000 DVDs e CDs foram confiscados na área da 1ª Seccional. De acordo com o Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CNCP), de cada dez DVDs vendidos no Brasil, quatro são piratas. Só de impostos, calcula-se que deixam de ser arrecadados 30 bilhões de reais por causa do crime. Mais de 2 milhões de empregos formais são engolidos pelas cópias, segundo uma estimativa do Ministério da Justiça. Escolher a réplica em vez do original é uma economia que não compensa. “O produto tem péssima qualidade, danifica o aparelho de DVD e ainda alimenta o tráfico de drogas”, afirma Luiz Paulo Barreto, presidente do CNCP.