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Aerofotogrametria: mapas feitos a partir de fotos aéreas

Quatro empresas trabalham com isso na cidade de São Paulo. As imagens são surpreendentes

Por Edison Veiga
Atualizado em 5 dez 2016, 19h28 - Publicado em 18 set 2009, 20h30

O bimotor Piper Aztec sobrevoa a Marginal Pinheiros a 1 300 metros de altura, numa velocidade de 280 quilômetros por hora. Dentro dele, o piloto Eduardo Amantino e o fotógrafo Michel Balazs têm uma visão única da recém-inaugurada Ponte Estaiada Octavio Frias de Oliveira. Com uma câmera Wild RC-10 que pesa 80 quilos e fica acoplada ao piso do avião, Balazs faz um clique a cada vinte segundos. “Já fotografei assim mais de 400 cidades brasileiras”, conta, com um jeitão de quem não se impressiona mais diante do que vê voando baixinho. A dupla trabalha na Multispectral, uma das quatro empresas paulistanas de aerofotogrametria – ou seja, que fazem mapas a partir de fotos aéreas. É um serviço especializado que depende muito das condições meteorológicas para dar certo. A foto da nova ponte, por exemplo, precisou de duas tentativas, em dias diferentes, até ficar boa. “Qualquer nuvenzinha nos obriga a abortar o vôo e a retornar à pista de pouso”, afirma o piloto. “O céu ideal é o azul limpo, sem nada”, completa o fotógrafo. “É quando você olha para cima e não vê nuvem nenhuma.”

Mas o trabalho não se encerra nas alturas. Quando acabam de fotografar, levam o enorme rolo de filme (sim, tudo é analógico) para a sede da empresa, no Campo Belo. Ali, eles revelam as fotos em um laboratório próprio – cada rolo custa cerca de 5 000 reais e rende 270 imagens –, fazem a digitalização e, com a ajuda de softwares de computador, montam um verdadeiro quebra-cabeça do que se tornará um mapa. “Com recursos como o GPS, o ganho de tempo no trabalho é astronômico”, diz o engenheiro cartográfico Valdir Grossi. “Uma medição que antigamente demorava um dia inteiro hoje é feita em meia hora.” Contratar um trabalho desses evidentemente não é barato. Para fotografar uma cidade de 200 000 habitantes, por exemplo, a empresa cobra 1 milhão de reais. Os clientes variam. São desde prefeituras, interessadas em delimitar corretamente os terrenos para acertar a cobrança de impostos, até construtoras que planejam lotear terrenos para lançar um condomínio.

Há algumas peculiaridades características da aerofotogrametria. Como o espaço aéreo é considerado área de segurança nacional, cada vôo do gênero necessita de uma autorização especial do Ministério da Defesa. Para operar, a empresa precisa controlar todas as etapas do processo. Tanto o avião quanto o laboratório de revelação têm de ser próprios. O produto final fica sob sua posse, mas não é de sua propriedade. “Se chegar um funcionário do Ministério da Defesa aqui somos obrigados a ceder o material que ele quiser”, exemplifica o sócio-proprietário da empresa Wagner Pacifico. Desde o ano passado, a Multispectral decidiu oferecer em um de seus sites (www.geoportal.com.br) boa parte das fotos produzidas por ela. O serviço ainda está em fase experimental, mas a idéia é que indique rotas e seja uma ferramenta de localização para o internauta.

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