Pedintes com cara de pelo amor de Deus vagando pelas ruas da cidade constituem uma cena, infelizmente, familiar ao paulistano. Dar ou não dinheiro a eles sempre foi uma questão polêmica. A esmola pode até aliviar situações de extrema necessidade, mas a longo prazo torna-se mais um problema do que uma solução. Mendigos que fazem ponto na mesma esquina há mais de dez anos não são exceção. Com a missão de acompanhar a rotina de quem fatura até 100 reais por dia nos faróis de São Paulo sem vender sequer uma bala, o repórter Fábio Soares apurou histórias surpreendentes de pessoas que transformaram mendicância em profissão. Foram dois meses seguindo sete pedintes de diferentes perfis, do ponto onde esmolam até o lugar onde moram. Soares, de 36 anos, passou por alguns apuros, como quando foi visto ao tentar fotografar o mendigo de cadeira de rodas que ilustra a capa trocando as moedas que arrecadara por notas mais graúdas em um estacionamento. “Ele veio para cima de mim e tive de correr”, conta. “Achei um feito e tanto para uma pessoa que passa horas e horas esmolando numa cadeira de rodas e se diz impossibilitada de andar.” A reveladora reportagem pode ser conferida em nove páginas desta edição.