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Conheça o francês Raphaël Zarka, que expõe pela primeira vez no Brasil

Tido como uma jovem promessa, o artista de 36 anos vai apresentar uma obra inédita, em que utilizou o jatobá, madeira típica brasileira

Por Livia Deodato
Atualizado em 5 dez 2016, 16h17 - Publicado em 22 fev 2013, 21h20

Raphaël Zarka nasceu em Montpellier, na França, há 36 anos, e vive atualmente em Paris. Estudou arte na capital francesa e na Inglaterra – e fez, inclusive, um intercâmbio cultural em São Paulo, em 2002. Conhece e admira o trabalho de diversos artistas contemporâneos brasileiros, jovens e promissores como ele. E, nesta vinda ao Brasil para expor pela primeira vez uma individual, ainda descobriu (nem tão) novos nomes do neocroncretismo, movimento artístico brasileiro dos anos 1950, que lhe é familiar. “Descobri as obras geométricas de Waldemar Cordeiro e fiquei muito empolgado com o que vi — esse é o efeito que a arte contemporânea pode causar”.

Na mostra Gramática e Coletânia, que inaugura na próxima terça (26) na Luciana Brito Galeria, o artista vai apresentar algumas obras inéditas, entre elas, uma que está produzindo exclusivamente para apresentar aqui. Conhecido por experimentalismos que exploram volume e geometria, Zarka escolheu o jatobá, madeira típica brasileira. Entenda o porquê da escolha e conheça mais sobre o artista na entrevista abaixo, concedida por e-mail a VEJASAOPAULO.COM:

Como você explica o tema de sua exibição aqui em São Paulo?

Gramática e Coletânia apresenta os trabalhos das minhas pesquisas mais recentes. Coletânea diz respeito à minha investigação sobre o uso e a representação de um poliedro semi-regular chamado rhombicuboctahedron, através do tempo e do espaço. A parte da “gramática” se refere ao atual processo combinatório dos meus trabalhos na exposição. Gramática e Coletânea ecoam a série de livros The Grammars of Ornament, que foi particularmente popular no fim do século 19.

Como é o seu processo de trabalho e exibição?

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Vejo o meu trabalho como uma grande colagem através do tempo. Acho mais prazeroso construir o corpo de um trabalho do que produzir peças isoladas em diferentes projetos. Já produzi diferentes tipos de mídia, exposições, escalas. Na maioria das vezes, gosto de incluir obras antigas a uma nova mostra, o que ajuda o espectador a acompanhar a minha linha de trabalho. Os novos trabalhos acabam oferecendo novos significados às obras antigas.

Como o skate influenciou o seu trabalho?

Na metodologia, principalmente. O skatista primeiramente procura por um bom lugar, que são estruturas prontas usadas com um novo propósito. Então, eles geralmente reconstroem e rearranjam esses fragmentos em novos objetos ou espaços. Acredito que esse método seja bem próximo do meu, como artista.

Por que você decidiu usar o jatobá em uma das obras inéditas que vai expor por aqui? 

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Eu vim ao Brasil em maio do ano passado para conhecer o espaço da mostra, mas principalmente para investigar sobre a madeira que eu iria usar para criar uma série de esculturas chamadas The Prismatics. A ideia era utilizar uma madeira típica brasileira em vez do carvalho, que eu uso na Europa. Acabei escolhendo o jatobá por causa de sua cor, textura, mas também porque é uma madeira realmente muito forte, qualidade que eu buscava para o tipo de escultura que eu estava fazendo. Não conhecia nada sobre madeiras brasileiras mas, para minha sorte, Hugo França, cujo estúdio fica bem perto da Luciana Brito Galeria, foi muito legal e acabou me guiando para essa decisão.

Quais são as suas principais influências, nas artes visuais ou em qualquer outra obra?

Elas vêm de diversos lugares, vão muito além do currículo obrigatório da história da arte. O escritor Jorge Luis Borges tem sido a minha maior influência, assim como os trabalhos e o pensamento de cientistas como Luca Pacioli, Galileu e Kepler. As obras de Giotto, Uccello, Duchamp, Smithson, Gabriel Orozco e Tacita Dean também tiveram um enorme impacto sobre mim.

Você conhece artistas contemporâneos brasileiros? 

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Em 2002, morei quatro meses em São Paulo durante um programa de intercâmbio. Descobri muito sobre artistas brasileiros. Entre diversos outros, admiro obras de Iran do Espirito Santo, Fernanda Gomes, Daniel Acosta e Sandra Cinto. Também participo de discussões com jovens artistas, como Fabiano Marques, Pier Stockolm, Ding Musa e Flavio Cerqueira. Embora eu já fosse familiarizado com o neoconcretismo, eu recentemente descobri as obras geométricas de Waldemar Cordeiro por meio da Luciana Brito Galeria e fiquei muito empolgado com o que vi — esse é o efeito que a arte contemporânea pode causar.

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