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Funkeiro de 6 anos causa polêmica com música de duplo sentido

Empresariado pelo pai, MC Vilãozin é o mais novo funkeiro-mirim. Outros MCs proibidinhos preparam versão pueril de <em>We Are The World</em>

Por Ana Carolina Soares
Atualizado em 5 dez 2016, 12h29 - Publicado em 13 Maio 2015, 19h04

Ryan Pietro completou 6 anos em 25 de abril. Semanas antes da festinha de aniversário em sua casa, em São Miguel Paulista (Zona Leste), seus pais decidiram retirá-lo da escolinha particular no mesmo bairro. “O colégio trocava de professora o tempo todo. A gente achou melhor minha esposa dar aula a ele”, diz o frentista Wellington Araújo da Silva, 25 anos, pai do garoto. Ele é casado com Tainá Borges, também de 25 anos, caixa de um supermercado no bairro. Os dois completaram o ensino médio e a renda da família gira em torno de 1 900 reais por mês. Há três anos, Wellington decidiu tentar a sorte como empresário de música e abriu a RP Produtora, com as iniciais do menino.

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Fora da escola, Ryan agora se dedica ao funk. Ele é fã de MC Pedrinho, MC Brinquedo e MC Pikachu, conhecido com MCs Proibidinhos, garotos com menos de 18 anos que fazem sucesso nas redes sociais cantando letras recheadas de sexo e palavrões. Desde o ano passado, Ryan é conhecido no bairro como MC Vilãozin. “Sério que vilão é um cara do mal? Para mim, vilão é o cara que vive muito bem, que ostenta… Não tem nada de fazer coisas erradas”, explica o pai

Os proibidinhos, grupo do qual o garoto faz parte, surgiu no vácuo de sua versão ostentação. As músicas sobre carrões, grifes e afins, celebrados em canções como Plaquê de 100 (De transporte nós tá bem/ de Hornet ou 1100/ Kawasaky, tem Bandit/ RR tem também), de MC Guimê, já não fazem mais a cabeça da garotada. Nas letras atuais, Em saem as referências a uma vida luxuosa e entram trocadilhos sexuais.

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Na segunda (11), Wellington lançou o primeiro single de seu filho, Tapa na Bunda. A letra foi composta pelo próprio pai-empresário e tem dois versos: “Dá um tapa na bunda dela/ Senta com a pepeca”. No clipe, o menino faz gestos e acena para os quadris de duas garotas: Yasmin, 12 anos, e Mayara, 19, uma amiga da família. Em dois dias, o clipe caseiro teve mais de 3 000 visualizações, além de uma enxurrada de críticas.

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O pai diz que é tudo brincadeira. “Bunda não é palavrão. Além disso, é melhor meu filho ficar em casa ouvindo funk do que ficar na rua, fazendo coisas erradas”, fala sobre o garoto de seis anos. “A polêmica até que é bom, porque o trabalho dele fica conhecido”, completa.

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Do outro lado da cidade, no Jardim Botucatu, na Zona Sul, os ídolos de MC Vilãozin se preparam para uma virada na carreira. Em 17 de abril, foi aberto um inquérito civil no Ministério Público de São Paulo para investigar o trabalho dos MCs Proibidinhos. Desde então, MC Brinquedo e MC Pikachu têm retirado da internet os clipes mais “picantes”. “Não foi por causa dos promotores, já estava prevista essa virada na carreira deles”, diz Emerson Martins, dono da KL Produtora, a principal no ramo dos MCs mirins.

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Martins vai reunir seus dez artistas e alguns convidados para gravar uma versão de We Are The World. Em vez de sexo e palavrões, a letra ressalta a educação. Com arranjos bem parecidos aos do sucesso de Michael Jackson composto há trinta anos, a letra diz: “Nosso futuro/ São as crianças/ E vamos dar a nossa colaboração, trazendo esperança”. O clipe deverá ser lançado em 12 de outubro. “Somos uma ONG, damos ensino e almoço, queremos mostrar esse lado”, conta Martins.

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