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Lia Rodrigues encerra tríptico com ‘Pindorama’

A coreógrafa e diretora fala sobre as influências para a criação do espetáculo

Por Luisa Coelho
Atualizado em 5 dez 2016, 14h29 - Publicado em 2 Maio 2014, 21h12

Depois de Pororoca (2009) e Piracema (2011) a Lia Rodrigues Companhia de Dança apresenta agora Pindorama, em cartaz no Sesc Pompeia até domingo. Original de língua indígena, o título faz referência às terras brasileiras antes da chegada dos europeus e finaliza um tríptico tematizado pela ideia de coletividade, refletindo sobre os limites e as singularidades dentro de um grupo. No espaço sem palco, bailarinos nus, um longo plástico e centenas de camisinhas cheias de água, na iminência de estourar, ilustram cenas tensas relacionadas à água, e convidam o público a participar da obra. Confira a entrevista com a coreógrafa e diretora do espetáculo, Lia Rodrigues, a seguir.

Em 2004, a companhia se instalou na Maré, no Rio de Janeiro, onde atua até hoje. Como isso influencia nos trabalhos?

Eu fui apresentada ao projeto Redes da Maré, que envolve iniciativas de educação e cultura na favela da Maré. Percebi uma afinidade de jeitos de pensar a cidade e ideias para diminuir a desigualdade entre a Maré e o resto do Rio de Janeiro. A partir daí, surgiu a ideia de ir para lá, que se concretizou em 2005. Em 2008, criamos o Centro de Arte da Maré, um projeto em colaboração com a instituição Redes da Maré. Lá, nós oferecemos aulas gratuitas à população, oficinas de arte e música, lugar para encontros da associação de moradores. É um lugar conhecido e usado pela população. São dez anos de desenvolvimento de projetos muito diferenciados e acho que o que mudou foi a minha visão da cidade do Rio, a partir do contato com essa outra parte que é pouquíssimo visitada por quem mora na Zona Sul. De alguma forma isso deve ter influenciado no trabalho que eu faço, mas eu não saberia dizer pontualmente.

 

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Como foi a inspiração para o tema do tríptico?

Surgiu com o segundo trabalho, quando se repetia o número de artistas criando em comunidade. Nenhum trabalho surge por si só. Ele vem de uma história de coisas que já estão me interessando há muito tempo. A companhia tem 24 anos, muitas experiências foram feitas. Então, estes três trabalhos carregam pedaços de outros que eu já fiz e ficaram com vontade de ser desenvolvidos. As palavras pororoca e piracema, que nomearam as primeiras peças, têm a ver com água, mas é Pindorama, que não tem a água no título, que tem a própria água ali. A unidade mesmo advém da coletividade.

O interesse surgiu do cotidiano, ao observar como no coletivo a gente se envolve com muitos para construir alguma coisa e isso torna muito mais interessante que trabalhar sozinho. Eu acho que eu só consigo fazer o que eu faço porque eu trabalho no coletivo, que é uma ideia muito mais rica, são muitas pessoas diferentes, com ideias diferentes, voltadas para um objetivo comum.

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E a inclusão do público na obra, você costuma usar este recurso? Como você percebe a reação do público nos diferentes lugares, considerando que a obra estreou em Paris?

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Esta é a terceira vez que eu faço isso. É muito legal observar a reação do público, que não muda muito. Nós apresentamos em três lugares de Paris, na Maré e no interior. É muito parecido, impressionantemente. A única coisa que difere é que na França a água é quente para não ser tão frio para o público (durante o espetáculo, pode haver respingos de água).

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