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Tim Bernardes, do Terno: “Não queremos ser vanguardistas”

Trio lança o segundo disco da carreira nesta sexta (22), no Auditório Oscar Niemeyer

Por Luan Flavio Freires
Atualizado em 5 dez 2016, 14h10 - Publicado em 22 ago 2014, 19h36

O Terno está com disco novo na praça. Depois de receber elogios com a estreia, 66 (2012), o conjunto gravou O Terno, que lança nesta sexta (22) no Auditório Oscar Niemeyer, no Parque do Ibirapuera.

Com muito bom humor e espertas referências sessentistas, Tim Bernardes (voz e guitarra), Guilherme Peixe (baixo) e Victor Chaves (bateria) sacudiram a cena independente da cidade, tornando-se uma das principais bandas da nova geração do rock paulistano.

Recentemente, o grupo também se juntou a outros conjuntos da cidade, entre eles Charlie & Os Marretas e Memórias de um Caramujo, para fundar o selo Risco. Compartilhando estratégias de divulgação e realizando festivais pela cidade, o coletivo é promissor e promete render bons lançamentos no futuro.

Conversamos com Tim Bernardes, o líder do power-trio, sobre o novo trabalho, a pecha de “nova vanguarda paulistana”, a pressão do segundo disco, o novo selo e as pretensões da banda (ou a falta delas).

O álbum 66 foi bastante elogiado, esteve em todas as listas de melhores do ano e colocou a banda como uma das maiores promessas da cena paulistana quando foi lançado. Como foi lidar com a pressão na hora de entrar no estúdio para gravar o segundo álbum?

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Na verdade, a gente estava muito empolgado para gravar esse disco. O anterior acabou ficando muito cru, gravamos tudo muito rápido, de um jeito simples. Desde que ele saiu, nós já estávamos loucos para gravar de novo. Não teve pressão. O nosso segundo trabalho foi registrado com muito mais tempo e capricho.

Quando a gente escuta a letra de Vanguarda? pensamos a respeito dos objetivos artísticos do Terno. Onde vocês querem chegar como banda?

Nós não temos como controlar para onde a gente vai, isso não depende só de nós. Estamos preocupados em fazer um som legal, compor um arranjo que seja bom para determinada música. Essa é a nossa intenção. Está fora do nosso controle o lugar que vamos ocupar.

Ser considerado como a “nova vanguarda paulistana” não pode atrapalhar a banda, rotular vocês de “esquisitões”, “cabeçudos” ou algo parecido?

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Uma vez um professor da faculdade me perguntou se eu era “filho da vanguarda”, acredito que por causa do meu pai [o músico Maurício Pereira, do Mulheres Negras]. Achei aquilo um absurdo, não me vejo dessa forma. Alguns jornalistas agruparam novas bandas paulistanas como uma “vanguarda”. Isso não tem muito a ver com O Terno. A gente tem mais a ver com a Tropicália, se for para citar algo. Não estamos buscando fazer nada vanguardista.

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Beber de tantas referências não pode desembocar em um som esquizofrênico e sem unidade?

Nós somos de uma geração que tem acesso a todo tipo de música. Realmente, é preciso ter um foco e um filtro para pegar as suas referências e criar algo que faça sentido. Acho que O Terno é eclético e tem muitas influências, mas as coisas estão dentro de uma unidade, por mais que seja abrangente. Não chega a ser um “samba do crioulo doido”.

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Como surgiu a ideia do documentário?

Veio com o disco novo. As pessoas estão tão acostumadas a ouvir os clássicos, o moleque de quinze anos vai pegar o Sgt. Pepper’s Lonely Heart Club Band (1967) e vai pirar. Ele já ouviu alguém falando: “esse disco é muito bom, é um clássico, você tem que gostar dele”. A gente quis fazer uma brincadeira com isso, um documentário falso como se esse álbum já fosse histórico.

Você vê um cenário propício ao surgimento desses novos clássicos?

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É difícil de enxergar assim. Um disco vai ser clássico se daqui a quarenta anos as pessoas continuarem ouvindo, se ele tiver formado uma geração. A música pop se tornou comercial em um nível de velocidade impressionante. O que saiu em fevereiro, hoje em dia, já é velho. Isso acontece mais em um ambiente mainstream. A gente não está muito nisso, o nosso público é diferente. Espero que daqui a dez anos o disco continue sendo considerado bom.

E a ideia da capa, como apareceu?

A capa é de uma artista plástica aqui de São Paulo, a Renata de Bonis. A gente a conheceu na época do primeiro disco, ela diagramou a arte dele. Pegamos as músicas e fomos tentar identificar o que elas sugeriam. Chegamos a esse resultado um tanto surreal. A Renata tinha uma série de quadros de casinhas e de coisas meio islandesas, entre o sonho e a realidade. Algumas músicas no disco tem um pouco disso. É bem abstrato, cada um pode viajar do jeito que quiser.

Vocês recentemente fundaram o selo Risco com outras bandas independentes. Como está funcionando?

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Está bem no começo e ainda estamos entendendo aos poucos as coisas. O selo veio do [produtor musical e técnico] Gui Jesus Toledo, dono do estúdio Canoas, e do [baixista Guilherme] Giradi, do Charlie e os Marretas. Esse conjunto de bandas é amigo há muito tempo e todos gravavam nesse estúdio. Todo mundo ali tem uma queda pelos anos 60 e, claro, muita vontade de lançar discos em vinil. Resolvemos oficializar a união, se juntando para bancar a metade das prensagens, enquanto cada banda paga a outra metade. Estamos fazendo festivais e cada grupo ajuda a divulgar o trabalho do outro.

Isso é mais uma forma de sobreviver nesse mercado apenas ou já dá pra dizer que os artistas do selo formam um movimento, tem uma unidade de proposta estética?

Foi mais uma coisa prática, se juntar dá muita força para as bandas independentes. Uma empurra a outra e acaba chamando a atenção para o grupo como um todo. É uma estratégia de divulgação, fortalecimento. Temos claramente muitas influências em comum, por mais que cada banda tenha o seu estilo. No fundo, a busca por uma sonoridade tem uma direção, sim. A partir de agora a gente se empolgou para compor e gravar juntos, paralelamente ao projeto de cada banda. Está se desenvolvendo, vamos ver para que lado que vai.

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