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Cantores criados no rap se destacam e formam cena paulistana de R&B

Até então coadjuvantes em shows de rappers, vozes como Dryca Ryzzo e Filiph Neo brilham em carreira-solo

Por Mayra Maldjian
Atualizado em 1 jun 2017, 17h40 - Publicado em 8 jun 2013, 15h35

Nascido lá atrás, nos anos 1940, o rhythm and blues foi se transformando ao passar das décadas até chegar à sonoridade que dominou as rádios mundiais em meados de 1990: uma mistura do ritmo da Motown com as batidas eletrônicas do rap, sobreposta pelo canto agudo e doce herdado de divas como Diana Ross. Gente como Destiny’s Child, D’Angelo, Brandy e Aaliyah enchiam os olhos dos adolescentes da época com letras melosas e balanço contagiante.

Imediatamente, o gênero desceu EUA abaixo e fez escola no Brasil. Até ganhou o apelido de charme por aqui (lembra do Sampa Crew?). Assim como o funk e o soul, o R&B influenciou de forma direta o rap nacional. Era (e ainda é) comum ouvir vozes melodiosas dos backing vocals se contrapondo às rimas dos MCs. Até então coadjuvantes na cena, esses cantores de apoio começaram a se destacar e a ganhar espaço com um trabalho autoral.

Dryca Ryzzo é uma delas. Depois de anos adoçando o rap de grupos como Conexão do Morro e Rosana Bronks, a paulistana de 23 anos lançou no ano passado seu primeiro disco solo. “A minha proposta era fazer um álbum totalmente R&B, mas por gostar muito do samba de Cartola e de Adoniran, eu sentia que tinha que ter uma identidade brasileira”, conta. Agora como protagonista, ela tem mostrado seu repertório em clubes e espaços culturais da cidade acompanhada de um DJ nos toca-discos. O Matilha Cultural a recebe no próximo dia 15. Veja abaixo o clipe de Não Me Diga Bye Bye.

 

Muitas vezes chamada de rapper, Dryca diz não se incomodar com o termo. “Foi de onde eu vim”, explica. “O rap é muito forte em mim ainda. Às vezes começo a  escrever e sai uma rima. O bom do R&B é que ele dá a liberdade de ainda estar no estilo.” Cantora desde os 12 anos, ela lembra que um dos primeiros CDs que comprou foi da americana Brandy. Em suas apresentações, não é raro incluir versões de hits do gênero, como No Scrubs, do TLC, Enough Cryin’, da Mary J Blige, e Man Down, de Rihanna.

Com um timbre de derreter corações, Filiph Neo foi um dos primeiros artistas dessa geração crescida nos anos 90 a levantar a bandeira do R&B e do neo-soul na cidade. “Cresci em um ambiente musical, minha paixão veio primeiro pelos instrumentos e cantar foi consequência do contato com a harmonização”, conta. “Desde quando comecei a cantar eu já tinha uma estética R&B. Montei um grupo de R&B gospel chamado Lael aos 11 anos de idade, foi então que eu comecei a produzir profissionalmente”.

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Cantora Tati Bispo
Cantora Tati Bispo ()

Filiph, que já imprimiu seus vocais nos trabalhos de rappers como Slim Rimografia e Kamau, nunca fez uma coisa só. Envolvido em inúmeros projetos musicais, ele tem dividido seu tempo entre a finalização do terceiro disco solo, Libra, que virá com uma pegada “mais indie R&B”, e seus trabalhos como produtor e beatmaker. É dele, por exemplo, a produção do novo álbum, Trinta, de Patricia Marx. Multi-instrumentista, ele também faz parte da banda de apoio da cantora.

O músico tem participado de shows de lançamento de Sorry Drummer and Friends, também produzido por ele, ao lado do baterista e dos convidados do disco. Sucesso no meio underground, esse registro fonográfico tem sido distribuído até mesmo no Japão.

“Hoje podemos afirmar que existe uma cena de R&B em São Paulo”, comemora Filiph, citando também outros nomes para ficar de olho. “Valmir Nascimento, Dee, Silvera, AltNiss, Drik Barbosa, Cristina Silva, Tati Bispo, Terra Preta, Elemento Soul, entre tantos outros”.

O que vem por aí

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Outra bela voz dessa turma, Tati Bispo, 30, prepara seu primeiro EP, ainda sem nome, para este ano, com produção de (adivinhem?) Filiph Neo. Ex-backing vocal do grupos Raciocínio Negro e do Grupo Transtorno, tem dois singles na rede, Vem pra Noite e Me Entreguei. Nos palcos desde os 17, quando participava dos shows de seu pai com a banda Swing Bossa Brasil, a cantora diz que pensa em fazer algo “com uma pitada mais brasileira” no futuro. “Mas agora eu preciso saciar a vontade de fazer um trabalho totalmente voltado para o R&B e o neo-soul”, se entrega, citando Aaliyah, Janet Jackson, Jill Scott e Erykah Badu como referências.

Cantora Drik Barbosa
Cantora Drik Barbosa ()

Drik (lê-se Drica) Barbosa também começou a dar os primeiros passos solo. Frequentadora da Batalha da Santa Cruz, reduto de freestyle na cidade, a jovem cantora de 21 anos caiu nas graças da nova geração do rap nacional. “Nunca fiz tanto refrão na minha vida”, se diverte. “Só no disco do Marcelo GuGu [Até Que Enfim GuGu] são cinco.” Comparada com Ashanti, outra musa R&B dos anos 90, sua voz também deve aparecer em trabalhos com o rapper Emicida.

Mas, segunda ela, o foco agora é a carreira-solo. “Desde 2010 faço participações. Agora vou começar a fazer meu disco, para lançar no ano que vem”, adianta. Influenciada por Lauryn Hill, que ouviu pela primeira vez aos dez anos de idade por indicação dos primos, ainda está lapidando sua identidade sonora. Apaixonada pelo rap atual daqui e de fora, conta que adora “os beats pesados da Karol Conka” e que tem “ouvido muito Kendrick Lamar”. No YouTube, duas faixas autorais, Pra Eternizar e Não É Mais Você, dão uma ideia do que vem por aí.

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