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O que está acontecendo com as exposições na era das selfies

A busca por uma boa foto tem mudado o jeito de se avaliar as mostras na cidade. Mas quem disse que isso é um problema?

Por Laura Ming
Atualizado em 5 dez 2016, 13h48 - Publicado em 20 nov 2014, 19h24

A mania das selfies trouxe às exposições um novo critério de avaliação: quanto melhores as fotos que rendem, maior a procura do público. As longas filas formadas para conferir as bolinhas de Yayoi Kusama, no Instituto Tomie Ohtake, os personagens do Castelo-Rá-Tim-Bum, no MIS, os grafites d’OSGEMEOS, no Galpão Fortes Vilaça, ou o congestionamento nos corredores do antigo Hospital Matarazzo para conferir a Made By… Feito por Brasileiros não negam: lá dentro, ótimos cliques estavam garantidos.

E agora começou tudo de novo: com a abertura da Pinacoteca para as obras hiper-realistas de Ron Mueck, em pleno feriado do Dia da Consciência Negra, foram duas horas de fila logo no começo do dia, repetindo o fenômeno dos lugares onde passou.

Com a exposição Salvador Dalí no Instituto Tomie Ohtake, a abertura para o público foi ainda mais tumultuada. O tempo de espera para entrar no Instituto chegou a 5 horas.

O fenômeno é reflexo de um fato inusitado: está na moda gostar de arte. Assim, dentro do pot-pourri de momentos que escolhemos publicar nas redes sociais (que para alguns inclui a barriga tanquinho na academia, o look do dia no espelho do elevador ou o prato no restaurante caro) pega bem incluir umas imagens da última exposição badalada.

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O lado bom deste movimento é que aumentou a procura pelas mostras. Pessoas que não tinham o hábito de ultrapassar as portas (muitas vezes pouco convidativas) das instituições de arte, incluem as exposições em sua programação do final de semana. E, espera-se, descobrem que esse tipo de atividade vale a pena. Também ajuda a quebrar a ultrapassada e boba ideia de que museu é lugar para falar baixinho, fazer cara de conteúdo e se aborrecer com obras que são melhores do que podemos perceber, só porque alguém disse ou que remetem a lição de casa dos tempos de escola.

Já o lado ruim é que, se a exposição já foi aquele lugar onde pairava a tranquilidade e havia espaço para a contemplação e reflexão, nas mostras blockbusters impera a histeria, a necessidade de desviar da foto alheia é constante e muitas vezes é preciso esperar o casal sorridente sair da frente para conseguir ver uma obra. Sem falar, é claro, no martírio da fila.

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Não falta quem torça o nariz para os novos tempos das artes, acuse esses visitantes de ver os trabalhos apenas pela tela do celular ou de não terem conhecimento da arte que estão observando (como se fosse necessário provar merecimento para entrar em uma exposição). Ame ou odeie esta tendência, ela ainda tem fôlego e irá se ampliar. A nova diretoria do Masp, por exemplo, liberou seu acervo para ser fotografado logo que assumiu. Afinal, sabe bem do poder de uma selfie com Picasso, Van Gogh e outras pérolas de sua coleção.

Para fechar, um selfômetro das exposições que marcaram o ano:

 

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