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Ombro amigo

Coloridas, com couros nobres e práticas, as bolsas da gaúcha Paula Cademartori são as novíssimas companheiras de mulheres estilosas

Por Adriana Marmo, de Milão
Atualizado em 5 dez 2016, 16h38 - Publicado em 10 nov 2012, 00h00

Um olhar atento para as galerias de fotos de rua tiradas de moda de Paris, Milão e Nova York revela uma onipresença entre as ditadoras de estilo — editoras das publicações especializadas, compradoras de multimarcas e clientes fiéis de certas grifes (na moda, o equivalente a formadores de opinião). De Anna Dello Russo (editora da Vogue Japão) a Miroslava Duma (ex-Harper’s Bazaar Rússia), várias donas dos looks campeões de cliques apareceram carregando uma bolsa de Paula Cademartori. Essa gaúcha de 27 anos trocou Porto Alegre por Milão em 2005, diplomada em desenho industrial. Mudou-se para a Itália para fazer mestrado em acessórios no Istituto Marangoni e gerência de moda na faculdade de administração da Universidade Bocconi. Da escola, saiu para o primeiro emprego na Versace. As credenciais para conseguir um lugar na marca vieram do bom desempenho nos estudos. Em um dos concursos da escola de que participou, não passou despercebida  do crivo de um funcionário da Versace, que fazia parte do júri. Sob o comando de Donatella Versace, cuidou por dois anos dos acessórios da alta-costura e do prêt-à-porter. “Ela tem um talento raro para misturar cores, com o qual aprendi muito”, diz Paula, no QG que acaba de inaugurar na Via Mascagni, no coração de Milão, onde faz e exibe as bolsas e atende a clientela. Donatella era exigente e incansável. “Adorava o momento em que, após horas e horas de reunião, ela se dava conta da nossa exaustão e ordenava: ‘Vamos parar, precisamos de uma pizza’.” Em 2009, pediu demissão para fazer as próprias bolsas, a mão. A primeira coleção, de setembro de 2010, conquistou Dello Russo, que, na mais recente temporada de moda, desfilou com seis modelos.

O destaque das criações, que custam até 12 000 euros, é a mistura de texturas e cores. Os materiais vão dos couros de cervo, camurça e píton até o de crocodilo, usado na linha mais exclusiva. Os modelos têm divisões calculadas para comportar o que é fundamental para a mulher. “Prezo pela qualidade, ainda mais em bolsas, que carregam nossa intimidade. Elas precisam durar muitos anos, não podem ter modismos e devem ser práticas”, diz ela. A marca registrada são os fechos de paládio — um metal parecido com o aço mas de coloração esbranquiçada —, utilizados no lugar de logotipo. Para conquistar os ombros mais exigentes, Paula não poupa esforços. No começo, “interpretava” o papel de sua assistente na tentativa de agendar, por telefone, reuniões de apresentação do seu trabalho. Enchia o porta-malas de mercadorias e saía em busca de compradores. Hoje, assume a frente das vendas nas feiras. No mês passado, por exemplo, bateu cartão no Grand Hotel, espaço de negócios paralelo à semana de moda de Milão, e emendou com a Première Classe, o equivalente em Paris. Dias antes do lançamento de Milão, tinha as pontas dos dedos das mãos (com unhas vermelhas) machucadas. “Varei a noite fechando os envelopes dos convites”, conta. Fez efeito. Bem vestida (Balenciaga e Manolo Blahnik no closet) e com indefectível batom vermelho e óculos pesados, Paula conquistou prateleiras na 10 Corso Como, uma das lojas mais bacanas de Milão, e será representada pelo mesmo showroom que vende Giambattista Valli, o estilista romano mais incensado de Paris. Nem por isso ela pensa em subir nos Manolos. Na hora do drinque com as amigas, Paula não resiste e posiciona estrategicamente uma minitiracolo sobre a mesa de um café bem frequentado. Afinal, nunca se sabe que ombro amigo estará sentado ao lado.

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