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Casas nas árvores para morar, hospedar-se e até fazer uma refeição

A arquitetura contemporânea dá aos adultos a chance de realizar o sonho infantil

Por Camila Lima
Atualizado em 1 jun 2017, 17h19 - Publicado em 19 jun 2014, 18h40

Até recentemente, para concretizar em plena fase adulta a fantasia de infância de se refugiar numa casa na árvore era preciso embarcar numa viagem de aventura para uma temporada nos hotéis da Floresta Amazônica. Com o interesse pela vida verde, a arquitetura se adaptou para dar mais frutos. É cada vez maior a quantidade de projetos de construções para gente grande que se erguem nas copas de pinheiros, carvalhos e sequoias ó para limitar os exemplos ó a poucos quilômetros da civilização. Nem todas funcionam como casa própria. Há hotéis na Suécia e restaurantes na Nova Zelândia que matam a vontade da turma do Peter Pan de viver por algumas horas ou poucos dias a experiência da Terra do Nunca. Mas mesmo as residências em árvore, aquelas que pertencem a pessoas físicas, seja no Paraná, no Canadá ou na Alemanha, valem a visita para admirar do lado de fora. Se o morador aparecer na janela feito um cuco, não se faça de rogado. Uma xícara de café pode bastar para saciar a sua vontade de ser vizinho dos pássaros ó sem desembolsar 200 000 dólares por isso.

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HÓSPEDES NA FLORESTA

Treehotel, Harads, na Suécia

Dos seis apartamentos do hotel (o projeto total prevê 24) instalados a uma altura de 4 a 6 metros do chão, o Mirrorcube é um dos mais disputados. Projetado pelos suecos Bolle Tham e Martin Videgard, tem vista de 360 graus para a floresta de Harads, a uma hora da cidade de Luleå, no norte da Suécia. Com base de alumínio leve, foi construído ao redor do tronco de um único pinheiro e pesa 20 toneladas. As paredes são cobertas por espelhos, que refletem a floresta e dão um efeito de camuflagem — a ideia é que se confundam com a vegetação. Para evitar que os pássaros se choquem com as paredes espelhadas, elas são revestidas com filme infravermelho, imperceptível aos olhos humanos. A suíte de 53 metros quadrados tem decoração clean, interior luminoso, pé-direito alto, aquecimento central, banheiro, cama de casal, sala de estar e uma pequena cozinha. A poucos metros dali está o Brittas Pensionat, complexo do hotel que conta com restaurante, sauna, recinto para relaxar, TV e internet. Se o cliente desejar mais privacidade, poderá ser servido diretamente no quarto.  Treehotel foi inspirado no filme The Tree Lover, de Jonas Selberg Augustsen. O longa aborda a importância das árvores para os seres humanos.

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Treehotel. Edeforsvägen 2A, ☎ 46 (928) 104 03,

treehotel.se.

Diárias a partir de 1 600 reais

(para duas pessoas, com café da manhã)

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EM TORNO DA FIGIUEIRA

Paraná, Brasil

Numa fazenda na cidade de Porecatu, a 300 metros da Represa de Capivara e na divisa entre os estados do Paraná e de São Paulo, fica o projeto mais pessoal do arquiteto Ricardo Brunelli, dono da Casa da Árvore, especializada em construções do gênero, como entrega o nome. Trata-se de um espaço que pertence a ele, feito em parceria com o projetista José Aparecido Rossato, em formato hexagonal, e erguido sobre uma figueira centenária. O 3º piso, onde se encontra a casa propriamente dita, está a 10 metros do solo. O 5º e último, a 21 metros do chão, abriga um mirante de 18 metros quadrados — erigido na copa da árvore e decorado com redes, serve para relaxar, com direito a uma vista privilegiada. Nos demais andares, há espaço para churrasqueira, playground, sala, cozinha, banheiro e quarto de casal. Quatro adultos e quatro crianças podem se hospedar ali. Além das escadas, dois tubos de bombeiro, um infantil e um de adulto, funcionam como saída estratégica e agilizam a descida dos mais corajosos. A casa, que demorou dez meses para ser concluída, é feita com madeiras nobres: angelim na escadaria, cedrilho nas paredes e jatobá no assoalho. É nela que a família do arquiteto passa os fins de semana. “Nada melhor do que dormir ali ao som da chuva”, diz Denise Soares Brunelli, mulher de Ricardo.

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Casa na árvore - como um ovo
Casa na árvore – como um ovo ()

COMO UM OVO NO NINHO

Bremen, na Alemanha

Arredondada, inspirada no corte longitudinal de um ovo, e janelas em formato elíptico, esta casa na Alemanha parece uma nave espacial. Construída para um casal de designers e seus dois filhos, fica sobre dois carvalhos no jardim da residência onde mora a família. A estrutura é suspensa e ligada por cabos de aço e correias de tecido. Quatro pilares, finos e em forma de V, potencializam a sensação futurística do projeto e ajudam a distribuir o peso. Feita de carvalho da região, a residência tem telhado de folha de zinco e fachada de acrílico. Por dentro, a madeira clara e as janelas de vidro parecem ampliar a área de 10,6 metros quadrados. O mobiliário segue as linhas arredondadas das janelas e é forrado de feltro cinza-claro. Duas varandas de níveis diferentes incrementam o imóvel, digamos assim, garantindo uma área externa de 16,4 metros quadrados. Quando a família não se diverte por ali, o espaço serve como quarto de hóspedes. O projeto é assinado pelo arquiteto alemão Andreas Wenning, da Baumraum, especializada em construções contemporâneas sobre árvores.

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Casa na árvore - lanterna para o lago
Casa na árvore – lanterna para o lago ()

LANTERNA PARA O LAGO

Ontário, no Canadá

Área útil de 40 metros quadrados, três pisos independentes e vista para o Lago Muskoka, um dos mais visitados do Canadá. A Treehouse foi criada para o consultor financeiro Gerald Sheff, de Toronto, e sua mulher, Shanitha Kachan. Como acontece com muitos que buscam construções desse tipo, o sonho de Sheff era ter uma casa para brincar com os netos. Mais tarde, o local acabou servindo para ele próprio relaxar e ler. O projeto demorou cinco meses para ser finalizado, e a obra, outros quatro. Um dos aspectos mais especiais da casa é que somente quatro árvores servem de alicerce para seus três andares, sem o auxílio de nenhum outro pilar. Além disso, para minimizar os danos às árvores, foi feito um único buraco em cada uma delas, por onde passa o cabo de aço. Devido à falta de colunas, a casa, vista de longe, dá a impressão de estar flutuando. Quando o vento sopra forte, toda a estrutura balança. “A ideia foi justamente recriar a sensação da infância entre as árvores”, explica o arquiteto polonês Lukasz Kos, responsável pelo projeto. A iluminação noturna é outro destaque: os andares brilham com uma luz alaranjada, semelhante à das lanternas dos acampamentos infantis.

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Casa na árvore - meditar 2
Casa na árvore – meditar 2 ()

REDOMA PARA MEDITAR

Califórnia, nos Estados Unidos

Foi numa exposição no Museu de Arte de Los Angeles que o músico Robby Krieger, guitarrista do The Doors, viu pela primeira vez a Honey Sphere. Projetada pelo ecodesigner americano Dustin Feider, especialista em construções no formato de esfera, a casa com ares de escultura era exatamente o que o músico procurava: um espaço para meditar, relaxar, apreciar a natureza. E, mais do que tudo, que pudesse ser instalado no jardim de sua mansão em Beverly Hills. Com 6,1 metros de diâmetro e área de 18,6 metros quadrados, toda a estrutura da casa é formada por sequoias de segunda geração, interligadas por peças de aço. Tem configuração de favo de mel, com 210 aberturas e 420 facetas. Diferentemente das construções convencionais em árvore, a base da Honey Sphere chega a tocar o chão. Sua estrutura, porém, é suspensa e ligada por cabos de aço aos mais altos ramos de um carvalho vivo. Galhos dessa mesma planta atravessam a casa, que conta com doze pontos de entrada ou saída. Todo o piso, com mandalas estampadas, é feito de madeira de demolição. Para o guitarrista, a Honey Sphere oferece uma sensação mágica a quem a visita, aguçando a imaginação.

Casa na árvore - restaurante
Casa na árvore – restaurante ()

RESTAURANTE A 44 METROS DE ALTURA

Auckland, na Nova Zelândia

Sobre uma sequoia de 44 metros de altura e 1,70 metro de diâmetro, localizada a 45 minutos ao norte da cidade neozelandesa, fica o restaurante Redwoods Treehouse. Com custo original de 320 000 euros, o projeto dos arquitetos neozelandeses Peter Eising e Lucy Gauntlett levou quatro meses para ser realizado, do desenho até a entrega. A estrutura do imóvel, que remete a uma concha, foi montada com barbatanas curvas de pinho laminado. As extremidades, abertas por toda a extensão, possibilitam a entrada da luz solar. O teto é coberto de acrílico ó para não impedir que as estrelas ajudem a compor a decoração noturna. Para conhecer o Redwoods, é preciso fazer reserva e fechar o lugar para até trinta pessoas (135 dólares cada uma) no almoço ou no jantar ó ou para o dia inteiro, se a intenção é ficar literalmente de pernas para o ar. O cardápio é sazonal e varia entre salmão, risoto e cordeiro. Para ter uma experiência neozelandesa autêntica, no entanto, vale optar pelo churrasco gourmet, especialmente no verão. zer uma refeição

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