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O mago dos hambúrgueres

Por Matthew Shirts
Atualizado em 20 jan 2022, 09h26 - Publicado em 24 Maio 2013, 17h29

Quando soube que abrira uma lanchonete chamada Big Kahuna Burger em São Paulo, liguei para minha filha, Maria, e marcamos de comer lá na mesma noite. Conhecíamos de nome, apenas, do cinema, mais precisamente. O hambúrguer da casa ficou famoso no mundo todo a partir da cena do filme Pulp Fiction: Tempos de Violência em que o ator Samuel L. Jackson experimenta o sanduíche servido por um jovem universitário e tece comentários a respeito de seu sabor antes de matar o garoto a tiros.

Kahuna é uma palavra derivada da língua do povo nativo das ilhas havaianas. Significa “mago”. Isso eu sei desde meus tempos de surfista, ainda criança, na Califórnia. Big Kahuna Burger poderia ser traduzido, portanto, como “Grande Mago dos Hambúrgueres”.

No filme, Jackson pergunta ao rapaz, que está sentado diante de um saco de papel decorado com logotipos coloridos, de onde vem seu sanduíche: McDonald’s, Wendy’s ou Burger King? Quando o universitário responde que é da Big Kahuna, Jackson emenda: “Ah, aquela rede havaiana”. Quero conhecer a lanchonete desde que assisti ao longa pela primeira vez, em 1994.

Passei esse desejo adiante, anos depois, para meus filhos mais velhos, ao chegarem à idade de ver Pulp Fiction comigo. A obra-prima do diretor Quentin Tarantino é cultuada em nossa família. Se algum de nós fosse para o Havaí, seria encarregado de comer na Big Kahuna e trazer relatos, provas e lembrancinhas. Mas isso não aconteceu.

Nunca encontramos a Big Kahuna porque a rede havaiana não existe, descobri há pouco. É uma criação da imaginação inquieta do Tarantino, citada não só em Pulp Fiction mas também em outros filmes do cineasta, a começar por Cães de Aluguel, seu primeiro longa-metragem. Ri de mim mesmo ao fazer a descoberta. Santa ingenuidade, Batman!

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O logotipo apresentado no filme, li na internet, foi encomendado a um amigo do Tarantino que trabalha com design gráfico. Descobri que a rede de lanchonetes não existe fora das telas ao pesquisar o estabelecimento verdadeiro, aberto há pouco em São Paulo. O nome da Big Kahuna Burger é uma homenagem e uma jogada esperta de marketing.

A lanchonete, na Alameda Lorena, quase esquina com a Brigadeiro Luís Antonio, nos Jardins, traz pôsteres do clássico nas paredes e a lendária trilha sonora no sistema de som.  O cardápio lista nomes e referências a personagens e cenas do título. Fica claro, até mesmo para os ingênuos, como eu, que o negócio foi desenvolvido a partir do filme, não antes dele.

A Big Kahuna verdadeira só existe mesmo no universo paralelo da ficção. Mas os sanduíches da lanchonete daqui são, como diz o Samuel Jackson, muito saborosos. A inspiração americana é bem temperada com a interpretação culinária paulistana. Arriscaria dizer, até, que são melhores do que seriam se feitos fossem no Havaí.

email: matthew@abril.com.br

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