Natal com sotaque: veja como é a festa em diferentes países
Cinco chefs estrangeiros contam como é a comemoração em seu país de origem e dão uma receita para inspirar a sua ceia natalina
O Natal brasileiro é conhecido pelo tradicional peru, mas nem por isso você precisa seguir essas receitas. Para organizar a ceia no dia 24, dá para buscar inspiração além das fronteiras nacionais e organizar a refeição inspirada nas tradições de outros países.
Pensando nisso, pedimos a cinco chefs estrangeiros residentes na cidade uma seleção de receitas para a noite de festa. Ainda que os costumes em cada país sejam diferentes, todos eles concordam que o Natal é sinônimo de família reunida e mesa farta.
São pratos com um sotaque que carrega as tradições e os gostos de seu país de origem. Escolha entre natilla colombiana e o panpepato, doce italiano, para a sobremesa. Da Itália ao Líbano, conheça um pouco melhor sobre os pratos e costumes natalinos em cinco países.
ITÁLIA
Marco Renzetti é o chef italiano do Osteria del Pettirosso, escolhido pela VEJA COMER E BEBER 2014 como melhor cantina. Nascido em Roma, conta: “Sempre fui muito sensível a odores, lembro do cheiro de pinheiro em casa e das brigas para escolher a árvore”. A data para ele sempre foi um momento especial, com muita comida e encontro com a família. Cada pessoa trazia um prato para montar a mesa.
Segundo ele, o norte e o sul do país possuem tradições distintas para o Natal. O norte opta por mais peixes, risotos e polentas. No sul, a predileção é por massas, como fettuccine ao ragu.
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COLÔMBIA
Dagoberto Torres é o chef colombiano que comanda a cozinha do Suri Ceviche Bar e a vizinha lanchonete Maíz. Para ele, o Natal sempre foi uma maneira de reunir toda a família. Uma das receitas mais tradicionais feitas por eles é uma leitoa: “A preparação demora cerca de 36 horas e todos precisam ajudar”. O prato, conhecido como lechona, é um porco desossado cujo recheio é feito com sua carne, misturada com arroz e temperada com cebolinha.
O chef explica que “os colombianos não comem muitos doces, mas no Natal enfiam o pé na jaca”. As sobremesas típicas são a natilla, os figos com doce de leite e os buñuelos, bolinhos de milho com queijo. Entre as diversas especialidades, é muito comum nas pequenas cidades as crianças fazerem uma troca de comida. Dagoberto lembra dos garotos correndo pelas ruas, batendo na porta dos vizinhos e falando “minha avó fez natilla pra você” e receber outro prato como sinal de agradecimento.
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LÍBANO
O libanês Benon Chamilian é chef do Chef Benon – O Árabe, eleito o melhor árabe da cidade pela edição VEJA COMER E BEBER 2014. No seu país é realmente importante que a mesa seja farta. Durante as festividades, os pratos variam e vão de frango recheado com arroz a peixe à moda árabe. Além das frutas secas, uma das sobremesas é a bûche de Noël, emprestada dos franceses.
Benon conta que achava que o Natal era “tudo de bom” e guarda uma lembrança “gostosa” por estar reunido com sua família. Ainda conta que “os libaneses fazem de tudo para deixar tudo perfeito”. As famílias mais religiosas costumam ir à missa da meia-noite e fazer a refeição
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MÉXICO
Hugo Delgado é mexicano mas adotou o Brasil como pátria e, em São Paulo, abriu os restaurantes Obá e Taquería La Sabrosa Cocina de México. Em seu país natal, as festividades começam cedo. No dia 12 de dezembro, é realizada a festa de Nossa Senhora de Guadalupe. Em seguida acontecem as pousadas, homenagem a José e Maria. As pessoas passam de casa em casa e pedem para entrar e cantar.
A ceia é servida à meia-noite e entre os pratos tradicionais estão o bacalhau e os tamales, espécie de pamonha. O chocolate quente mexicano não deixa de estar no menu da noite, assim como os polvorones, e a tradicional tequila que “nunca pode faltar”. Hugo adorava quando o Natal era na sua casa: “minha mãe sempre preparava receitas mais sofisticadas, um grande banquete”. Conta rindo que nos anos 70, sua família adorava fazer o bolo baked alaska, um bolo de sorvete flambado.
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PORTUGAL
Luis Espadana é chef-residente do Tasca da Esquina, melhor restaurante português pela edição VEJA COMER E BEBER 2014. O bacalhau é o que não falta no dia 24, o peixe pode ser preparado de diversas maneiras. No dia seguinte é mais comum encontrar o cabrito ao forno com batatas ou o capão, um frango castrado que pode ser servido de diversas maneiras.
O português lembra-se do Natal como uma época muito fria e em que a família se reúne. A temperatura era perfeita para preparar pratos mais pesados. Um das tradições que nunca se perdeu foi o presépio, que continua presente em muitas cidades portuguesas. Luis conta que “ia na mata para procurar um pinheiro e fazer o presépio em casa”.