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Torcida da Gaviões da Fiel briga no Sambódromo após apuração

Incitados por dirigentes, torcedores protagonizaram cenas de vandalismo no Anhembi

Por Daniel Salles
Atualizado em 1 jun 2017, 18h46 - Publicado em 23 fev 2010, 20h23

A tarde era para ser de festa, mas terminou de maneira vergonhosa. Durante a apuração do desfile das escolas de samba de São Paulo, ocorrida na terça (16), no Anhembi, integrantes da Gaviões da Fiel protagonizaram um injustificável espetáculo de vandalismo. In conformados com o resultado da disputa, vencida pela Rosas de Ouro, eles jogaram da arquibancada garrafas, copos de água, latas e chinelos em direção à área que era ocupada pela diretoria das agremiações e por jornalistas. A baderna foi iniciada pelos próprios dirigentes da escola, que arremessaram cadeiras e derrubaram uma mesa e um guarda-sol. Tudo porque um dos membros do júri deu para a bateria deles a nota 9,75. “Nosso enredo era sobre os 100 anos do Corinthians. É uma história rica, que merecia ser campeã. Por isso nos revoltamos”, declarou o presidente Eduardo Fontes. “A gente está recebendo um monte de notas ruins. Temos de explodir uma hora”, disse José Moraes, um dos coordenadores da escola. Diretores da Imperador do Ipiranga também se exaltaram. Ao ouvir que um dos jurados do quesito alegoria dera nota 8,5 para a sua agremiação, o diretor de bateria, Mário Valadares, começou a gritar e tentou acertar o mestre de cerimônias com uma cadeira de plástico. Foi retirado do local por seguranças, enquanto entusiastas da escola quebravam parte do alambrado com chutes. 

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Caio Guatelli/Folha Imagem

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A arruaça foi imediatamente copiada pela massa alvinegra que acompanhava a divulgação das notas e precisou ser contida pela Tropa de Choque da Polícia Militar. Ao constatar que as chances de levar o título eram nulas, parte dos torcedores tomou a pista expressa da Marginal Tietê, derrubou cavaletes e atirou pedras e barras de ferro contra veículos. Um fotógrafo do jornal Folha de S.Paulo, que registrava a cena, foi agredido com chutes e socos. O repórter Rogério Gama, da Rádio Capital, foi alvejado por uma lata de bebida. “Senti o sangue escorrendo e temi pelo pior”, conta ele, que precisou levar três pontos na cabeça para fechar o ferimento, de cerca de 4 centímetros. “Centenas de garrafas e copos de água foram atiradas pelos torcedores da Gaviões”, lembra o presidente da Acadêmicos do Tucuruvi, o filho de libaneses Hussein Abdo El Selam. “Também achei injusta a derrota da minha escola, mas isso não é razão para incitar uma pancadaria. Eles não sabem perder”, completa o carnavalesco, que foi atingido no peito por uma garrafa de água. 

Sergio Castro/AE

Confusão Gaviões da Fiel diretores_2153
Confusão Gaviões da Fiel diretores_2153 ()

Cena que se repete ano a ano: diretores da Gaviões protestam contra notas

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Mais de 5 000 pessoas assistiram à apuração do Carnaval paulistano. De acordo com o major da Polícia Militar Paulo José, um dos responsáveis pela segurança do Sambódromo, 120 PMs estavam presentes no evento. A média, portanto, era de um policial para cada quarenta torcedores. “Não havia necessidade de convocar mais homens. Estávamos preparados para conter qualquer tumulto”, acredita o major. A Empresa de Turismo e Eventos da Cidade de São Paulo abriu um processo administrativo para apurar o caos da última terça. “Carnavalescos sempre acabam discutindo com os integrantes do júri. Mas desta vez eles incitaram a plateia a se manifestar de maneira negativa”, afirma Luiz Sales, assessor de projetos estratégicos da SPTuris. As punições previstas para as agremiações vão desde uma simples advertência até multas de 25 000 reais ou a suspensão do Carnaval por até dois anos. “Não aceitamos o resultado da apuração e por isso ficamos indignados”, tenta justificar Jamil Jorge, o presidente da Imperador do Ipiranga. “Não somos responsáveis pelo comportamento do público.”

Como ficou em quinto lugar, a Gaviões da Fiel participaria do Desfile das Campeãs, na sexta (19). O comitê organizador precisou mudar a ordem da passagem das escolas pela avenida para que a Gaviões e a Mancha Verde não se encontrem. O braço carnavalesco da torcida corintiana surgiu como bloco em 1975. Desde que ingressou no Grupo Especial da folia paulistana, há duas décadas, transformou-se em uma das principais escolas de samba da cidade. Conhecidos pela paixão irracional que declaram nutrir pelo clube, seus dirigentes dedicaram o desfile ao centenário do Corinthians. Perderam e resolveram partir para a briga. Agora, o que se espera é que esses baderneiros sejam identificados e punidos. É a única forma de evitar que cenas como essas se repitam, seja no Sambódromo, seja em estádios de futebol.

 

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