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As vantagens e encrencas do site de compras chinês AliExpress

Famoso pelo preço baixo de roupas e acessórios, marca tornou-se campeã de vendas on-line entre paulistanos

Por Júlia Gouveia
Atualizado em 1 jun 2017, 17h11 - Publicado em 7 nov 2014, 23h50

 

Bolsas vendidas por 20 reais. Vestido de renda a 15 reais. Óculos de sol cotados a menos de 4 reais. Capas protetoras de smartphone a 3 reais. Esses são alguns exemplos de preços inacreditavelmente baixos praticados no AliExpress, site do gigante de tecnologia chinês Alibaba. Ao agregar milhares de vendedores particulares das mais diferentes áreas, o negócio funciona como um imenso shopping virtual de artigos de fabricantes do líder da economia asiática. Nem o fato de a maioria das mercadorias ser de procedência duvidosa (há muitas réplicas e falsificações) espanta os consumidores.

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A página se tornou a campeã de vendas da internet brasileira. De acordo com um levantamento recente da empresa Ibope e-commerce, o AliExpress é líder em unidades vendidas no país, contabilizando 11 milhões de pedidos entre julho e setembro deste ano. O valor médio de cada operação é de 30 reais. Há muitos anúncios de quinquilharias, como capinhas de celular e adaptadores. O grosso das compras, no entanto, são artigos de moda e acessórios (confira abaixo). De 2013 para cá, a audiência do negócio cresceu 105%. Encontra-se hoje na casa de 10 milhões de visitantes únicos por mês, segundo a comScore, companhia especializada em análise de dados de tráfego na rede. Com isso, deixa para trás em nosso território concorrentes internacionais de peso como o eBay e a Amazon. De olho no mercado nacional, o site lançou uma versão em português no ano passado com promoções exclusivas para o público brasileiro. Além disso, boa parte dos vendedores não cobra frete ao enviar as mercadorias para cá.

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A empresa não revela números a respeito do perfil de seus clientes, mas especialistas nesse mercado estimam que cerca de 10% das encomendas brasileiras do endereço sejam feitas por consumidores paulistanos. A administradora Fernanda de Bortoli faz parte do grupo de fãs — calcula ter realizado mais de 150 compras pelo canal. De tanto fuçar e descobrir barganhas, ela criou o blog Comprei da Gringa, que conta com uma média de 8 000 visitantes diários. “Hoje, 90% das perguntas que recebo são sobre o AliExpress”, diz. No espaço, internautas compartilham links e depoimentos sobre suas experiências com os “chinesinhos”, como chamam os comerciantes.

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Grupos de discussão no Facebook são outra ferramenta utilizada pelos internautas para trocar dicas, caso do Comprei no eBay/Ali. Criada em 2012 pela empresária Denise Jordão, a página contabiliza mais de 27 000 participantes. “Montamos álbuns de fotos divididos por categorias para que os membros mostrem suas aquisições e digam se valeram a pena”, explica. Para ela, a grande vantagem do serviço é a oferta de peças da moda por preço muito baixo. “No Brasil, mesmo que a roupa não seja de marca, o valor do modelo similar é bem maior”, opina. Os itens mais buscados do momento são as blusas com tule, tecido transparente, e o Miracurl, aparelho que produz cachos no cabelo.

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Apesar da possibilidade de fazer uma economia considerável na aquisição, o negócio exige certa dose de paciência. As encomendas podem demorar mais de dois meses para ser entregues e a aparência real nem sempre condiz com a foto do anúncio. Foram esses motivos que levaram a advogada Bárbara Baer a desistir do site chinês. “Comprei uma carteira em agosto e só a recebi em outubro”, recorda. Além disso, para ela, a qualidade dos artigos tem deixado a desejar. “Antes eu era viciada, hoje nem olho mais.” Para os concorrentes nacionais, os percalços enfrentados pelos clientes estão entre os pontos fracos da empresa oriental. “A maioria dos nossos produtos é pronta-entrega e chega em menos de uma semana”, aponta o diretor do Mercado Livre, Leandro Soares.

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Fundado em 1999 pelo chinês Jack Ma, o grupo Alibaba é uma das maiores empresas de comércio eletrônico do mundo. Em setembro, protagonizou a maior abertura de capital na Bolsa de Valores de Nova York, nos Estados Unidos. A companhia captou 25 bilhões de dólares na operação. O site AliExpress se tornou um dos seus grandes braços de negócios. No Brasil, o volume de encomendas ganhou tamanha proporção que representantes da empresa asiática e da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) se reuniram recentemente para discutir formas de diminuir o tempo de entrega dos artigos por aqui. Para 2015, estuda-se a possibilidade de abertura de armazéns em Hong Kong e em Miami para ajudar na triagem e tributação das mercadorias. A Receita Federal também planeja implantar um sistema informatizado que fiscalizará com mais rigor a entrada desses produtos no Brasil. Qualquer compra de até 500 dólares pode ser taxada em 60% sobre o valor do produto. No entanto, como a aplicação dos encargos é realizada, muitas vezes, por amostragem, alguns pacotes acabam driblando os agentes e escapando da cobrança.

Matéria Aliexpress Jack Ma
Matéria Aliexpress Jack Ma ()

PARA NÃO CAIR NO CONTO VIRTUAL

Como evitar problemas na hora de fazer as encomendas

1. Todos os vendedores possuem um selo de avaliação e o número de vendas efetuadas. Quanto melhor for a reputação, mais confiáveis.

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2. É possível ver os comentários de outros compradores sobre a mercadoria, um bom termômetro para saber a qualidade dos itens.

3. Muitas lojas vendem os mesmos produtos por preço similar. Caso algum vendedor ofereça um valor muito baixo, desconfie.

4. Qualquer compra corre o risco de ser taxada pela Receita Federal ao chegar ao país. Calcule se, mesmo com a cobrança do imposto, o preço continua compensando.

5. Se a compra não chegar ou vier danificada, faça uma reclamação (chamada de “disputa”) dentro do prazo indicado. O site costuma reembolsar os clientes.

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