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Shopping Cidade Jardim traz problemas aos moradores do Morumbi

Moradores do Morumbi reclamam de aumento de trânsito e de roubos a residência após construção do Shopping Cidade Jardim

Por Maria Paola de Salvo
Atualizado em 5 dez 2016, 19h29 - Publicado em 18 set 2009, 20h29

Inaugurado no último dia 31 de maio, o Shopping Cidade Jardim vive com parte de sua vizinhança uma relação de amor e ódio. Com a mesma freqüência com que circulam pelos corredores e lojas do templo de luxo, alguns moradores do Morumbi o culpam pelo aumento de tráfego de veículos e de roubos a residência na região. “Não temos nada contra o empreendimento, mas o bairro, que era tranqüilo, ficou bem mais movimentado e visado por marginais após sua construção”, afirma Juarez de Alvarenga, presidente da Associação de Moradores Cidade Jardim Panorama (AMCJP). A entidade, que representa os moradores de cerca de duzentas casas de alto padrão, foi criada em maio, seis meses depois que uma série de roubos a residência passou a assustar a vizinhança. De janeiro a junho, oito diferentes casas foram assaltadas naquele pedaço, o dobro do registrado no mesmo período do ano passado.

“Desde o início das obras, ficamos mais expostos”, acredita o empresário Ciro Menna Barreto, que teve sua residência, na Rua Jacundá, invadida quatro vezes – três em janeiro e uma em maio. “Na última vez, cinco bandidos armados fizeram de reféns minha filha, a empregada e o jardineiro. Levaram jóias e dinheiro.” A casa do administrador de empresas José Guimarães, morador da Rua Acutiranha, foi alvo de ladrões por duas vezes, em outubro e em fevereiro. “Moro aqui há quatro anos e nunca presenciei nada parecido.” O delegado André Luiz Antiqueira, titular da 34ª Delegacia de Polícia, no Morumbi, confirma o crescimento dos roubos, mas não vê relação do aumento da criminalidade com a presença do shopping. “Trata-se de uma coincidência”, afirma Antiqueira.

O Cidade Jardim, que tem 120 lojas, recebe em média 30 000 pessoas e 4 000 veículos por dia. Os automóveis entram e saem por um único acesso da Marginal Pinheiros, sem, em tese, importunar o bairro. Em junho, no entanto, o guard-rail que separava as pistas da Marginal da Rua Joapé, ao lado do shopping, foi retirado para encurtar o caminho dos clientes que queriam acessar a Ponte Cidade Jardim. Os vizinhos acusam o shopping de ser o responsável pelo atalho. O presidente da JHSF, construtora responsável pelo empreendimento, José Auriemo Neto, nega. “Quem desbloqueou a via foi a prefeitura.” Há três semanas, a CET fechou este atalho com tachões de concreto. Segundo a companhia, o acesso era irregular. Hoje, as opções para quem deixa o estacionamento e quer retornar aos Jardins voltaram a ser as pontes Estaiada Octavio Frias de Oliveira e do Morumbi, distantes cerca de 5 quilômetros da saída do shopping. A chiadeira não pára por aí. “A Rua Joapé ficou tomada por carros de funcionários do shopping”, diz o empresário e membro da associação Marcelo Dib Elias. Para contornar o problema, Auriemo alugou um terreno e instalou ali um estacionamento para vendedores e lojistas. Com capacidade para 150 vagas, o espaço ainda aguarda alvará da Subprefeitura do Butantã.

A associação reclama também que a abertura de uma rua no meio da favela Jardim Panorama criou facilidade de acesso à área estritamente residencial. Auriemo diz que só pavimentou uma via já existente, a pedido dos próprios moradores da favela. “Esta rua nada mais é do que uma continuação do traçado da Armando Petrella”, diz ele, que garante não ter planos de construir outra saída de seu complexo para o bairro. “Desde o início do projeto, isso ficou acordado com as associações de moradores.” Os únicos que usarão as ruas da zona estritamente residencial serão os proprietários de apartamentos das nove torres do condomínio Parque Cidade Jardim. Mesmo assim, os moradores do Jardim Panorama temem que a Rua Armando Petrella fique congestionada. Eles dizem que a via não tem a largura exigida pela Lei de Zoneamento para receber o conjunto residencial. A Secretaria da Habitação, no entanto, afirma que o projeto é regular. Segundo a JHSF, as 1 625 vagas de garagem despejarão 343 veículos por hora nos períodos de pico da manhã e da tarde. “Será um aumento de 5% em relação ao fluxo atual da via”, diz Auriemo. Para a Secretaria Municipal de Transportes, o empreendimento “cumpriu as exigências de melhoria no trânsito local”.

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