Sesc Santos é multado por peça com animais
Espetáculo colocou em cena quatro galos usando tênis Nike; organização foi multada em 2 000 reais
A peça 4, exibida no Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos na última sexta-feira (9), recebeu protestos de ativistas pelos direitos dos animais e o Sesc Santos foi multado em 2 000 reais pela secretaria Municipal do Meio Ambiente. A autuação tem como base a lei complementar aprovada em 2004 que diz: “Fica proibida a concessão de alvará de licença, localização e funcionamento aos circos e outros estabelecimentos de diversão que utilizem em seus espetáculos animais selvagens ou domésticos, sendo vedada também a exibição de animais em logradouros públicos”.
O espetáculo do La Carniceria Teatro apresentou, em uma de suas cenas, quatro galos usando tênis Nike. Antes da sessão começar, um grupo de manifestantes se reuniu na entrada do teatro com placas contendo frases que acusavam o festival e o espetáculo de promoverem o sofrimento de animais.
Na obra, García cria diversas cenas aleatórias para criticar o consumismo. Em uma delas, quatro atores trouxeram os galos ao palco, enquanto um drone sobrevoava a montagem. Durante a apresentação, o elenco ainda colocava os animais dentro de casacos e calças. Nesse instante, várias pessoas se levantaram e uma mulher gritou: “Isso não é arte! Vocês não podem fazer isso!”. Aos poucos, outros se juntaram ao protesto, questionando a curadoria do festival sobre a inclusão do espetáculo na programação. Na sequência, duas mulheres subiram no palco para tentar retirar os animais, que aparentemente, estavam calmos. “Eles estão dopados”, uma delas alertou.
Com o espetáculo paralisado, outros integrantes da plateia replicaram o protesto, afirmando que se tratava de hipocrisia dos manifestantes. Em cerca de dez minutos, parte do público deixou o teatro.
Outros ingredientes da peça também causaram polêmica, como as duas crianças vestidas de top model, um homem que joga tênis diante do quadro A Origem do Mundo, de Gustave Courbet, e uma entrevista entre duas mulheres sobre posição sexual.
Na semana passada, o jornal “O Estado de S. Paulo” consultou a direção do Sesc Santos sobre possíveis protestos à peça 4. Em nota, o coordenador de Programação, Luiz Fernando Silva, explicou que a instituição “não interfere no processo criativo dos autores e só programa os espetáculos que cumprem todas as normas, cuidados e procedimentos necessários para utilização de animais em cena, como é o caso de 4”.
A reportagem procurou a direção do Sesc e o gerente da unidade e coordenador-geral do Mirada, Luiz Ernesto Figueiredo, informou que o a instituição vai recorrer da autuação. “Acreditamos estar amparados pela lei estadual, no que diz respeito aos cuidados dispensados aos animais. O próximo passo será verificar qual das leis se aplica a essa situação em particular.”