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São Paulo sedia o Campeonato Mundial de Bridge

Torneio recebe competidores de 36 países

Por Giovana Romani
Atualizado em 5 dez 2016, 19h33 - Publicado em 18 set 2009, 20h26

Praticamente todas as tardes, a sede da Associação Paulistana de Bridge, na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, recebe cerca de sessenta pessoas para participar de seus torneios. São competições de amadores aficionados do jogo, apelidado de xadrez das cartas. A partir deste sábado (29), as partidas terão temporariamente outro endereço: o Hotel Transamé-rica, onde será realizada a 39ª edição do Campeonato Mundial de Bridge. Até o dia 12 de setembro, equipes profissionais de 36 países disputam em três categorias. A mais importante delas, chamada de “livre”, apenas para homens, contará com a participação dos seis melhores jogadores brasileiros da atualidade. “Eles estão no nível dos mais importantes do mundo”, afirma Ernesto d’Orsi, presidente emérito da Federação Brasileira de Bridge e diretor da Federação Mundial de Bridge. O país terá representantes na disputa feminina e na de seniores, para pessoas com mais de 60 anos.

Criado na Europa, em meados do século XVI, o bridge deve ser jogado por quatro pessoas em duplas. Para pôr em prática suas regras complexas, são necessários de três meses a um ano de treino. “Trata-se de um esporte da mente, que exige raciocínio e lógica”, diz D’Orsi. É o que descobriu aos 12 anos o baiano Miguel Villas-Bôas, hoje com 41. Radicado em São Paulo desde 1991, ele se dedica exclusivamente ao jogo. Dá aulas a iniciantes, participa de torneios como contratado e é um dos seis membros da equipe profissional brasileira. No time, há três duplas fixas, que se revezam nas partidas. O parceiro de Villas-Bôas é o paulistano João Paulo Campos, também de 41 anos. “Comecei no xadrez”, conta. Como Campos, boa parte dos profissionais de bridge veio do tabuleiro. É o caso do treinador Guilherme Junqueira, cuja função é propor novos desafios aos jogadores e observar as estratégias dos concorrentes a fim de derrubá-las. Outra dupla é formada pelo professor de matemática paulistano Mauricio Figueiredo, de 42 anos, e pelo jogador profissional Diego Brenner, de 35, que atua em Barcelona, na Espanha. “Treinamos pela internet”, explica Brenner, referindo-se a sites especializados em jogos on-line. “Depois discutimos nossos erros e acertos por e-mail ou telefone.” Completa o conjunto brasileiro a dupla carioca Grabriel Chagas e Marcelo Castello Branco.

Tornar-se profissional exige esforço e dedicação. “Acima de tudo, o bridge é uma atividade lúdica e divertida”, diz Figueiredo. Prestes a completar 90 anos, o empresário Janos Justus, pai do publicitário Roberto Justus, vai todos os dias ao clube. Em uma sala reservada, passa pelo menos duas horas na companhia de amigos. O banqueiro Moise Safra é outro frequentador, com sua própria turma de bridge. Incentivadora do jogo, a fazendeira Anna Maria de Abreu Sodré gosta de bridge desde a adolescência. Depois de um tempo parada, voltou a praticar há quatro anos. Ela é integrante de quadras que disputam torneios nacionais e internacionais.

Quem joga apenas socialmente terá vez no campeonato mundial. Depois da primeira semana classificatória, inicia-se uma competição paralela às finais, da qual times amadores poderão participar. O investimento no evento foi de 3,5 milhões de reais. Além das partidas, haverá uma exposição de 73 baralhos antigos, confeccionados entre os séculos XV e XIX, pertencentes ao colecionador boliviano Jaime Ortiz-Patiño. Nas duas semanas de torneio, 1 ?000 pessoas deverão circular diariamente pela área de convenções do Transamérica. “Apesar de não ser muito conhecido no Brasil, o bridge tem tradição em diversos países”, afirma D’Orsi. “Nosso objetivo é popularizá-lo por aqui.”

Entenda o bridge

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Deve ser jogado por quatro pessoas, divididas em duplas

Cada participante recebe treze cartas e tem como objetivo fazer vazas (conjunto de quatro cartas jogadas por vez) de acordo com o que foi acertado previamente com o parceiro

O acerto é feito na fase do leilão, em que cada jogador descreve as cartas que tem na mão com o objetivo de determinar com seu parceiro as vazas que eles podem fazer em conjunto

Ao mesmo tempo em que tentam fazer suas vazas, as duplas precisam impedir que os oponentes façam as deles

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Uma mão de bridge leva oito minutos. A duração da partida varia de acordo com o número de mãos que serão jogadas

Os iniciantes precisam passar por um curso de oito aulas, com duas horas cada uma. Para participar de torneios, são necessários de três meses a um ano de treino, dependendo da frequência

Pelo menos 20 000 pessoas jogam bridge em São Paulo. No Brasil, são cerca de 40 000. O número é pequeno se comparado ao de países com tradição no jogo, como os Estados Unidos, com 25 milhões de praticantes

39º Campeonato Mundial de Bridge. Hotel Transamérica. Avenida das Nações Unidas, 18591, Santo Amaro, 5693-4050. De 29 de agosto a 12 de setembro. Grátis.

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