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Nível do Cantareira chega próximo ao atingido em 2013

As chuvas de janeiro ajudaram a melhorar a situação

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
3 fev 2017, 18h24

Entre 2014 e 2015, o Sistema Cantareira, que abastece um terço da região metropolitana, chegou ao fundo do poço. As réguas de medição apontaram uma quantidade de apenas 5% de água disponível, incluindo duas cotas do volume morto.

A fim de evitar o pior, o governo estadual foi obrigado a tomar medidas de emergência, a exemplo de multas nas contas para consumidores gastões e bônus aos que conseguiram fechar as torneiras. Nos municípios ao redor dos mananciais, o cenário ocupado por barcos e motos náuticas deu lugar a uma paisagem digna do clássico Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

A situação começou a melhorar no ano passado e hoje estão afastadas as previsões mais catastróficas. Um dos fatores que desencadearam a crise hídrica foi a maior queda no regime de chuvas no território paulista desde 1930, quando começou essa medição.

Como se estivesse em busca de uma redenção para o estrago, São Pedro vem trabalhando em dobro. Em janeiro, as pancadas de verão fizeram desabar no Cantareira 393 milímetros de água, o maior volume mensal registrado nos últimos seis anos.

Com isso, o reservatório atingiu 60% de sua capacidade, sem considerar o volume morto, retomando o nível de 2013. Os outros sistemas também apresentam índices positivos. Com as boas notícias, o governo estadual, aos poucos, vem relaxando o pacote de ações lançado para evitar o racionamento.

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As multas e os bônus nas contas foram retirados em abril de 2016. Outra mudança ocorreu na política de redução da pressão da água nas residências. Isso já era feito antes da crise, das 23 às 5 horas, num raio limitado à região central. O objetivo é evitar perdas por vazamentos.

Durante o período de seca, a prática acabou sendo estendida para dezoito horas, em quase toda a capital. No ano passado, o tempo de redução voltou ao patamar anterior. Mas algumas queixas de consumidores continuam. “Nem precisa marcar no relógio: à meia-noite a água acaba e só volta no dia seguinte”, afirma Nilson do Vale, diretor da Associação de Moradores da Brasilândia, na Zona Norte.

Foto da represa em Nazaré Paulista na época da seca de 2014 (Foto: Alexandre Battibugli)
Foto da represa em Nazaré Paulista na época da seca de 2014 (Foto: Alexandre Battibugli) ()

De acordo com o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, as reclamações caíram 30% de 2015 para 2016. “As torneiras só ficam secas em casas que não possuem caixasd’água”, diz. Segundo ele, o pior já passou.

Duas obras importantes de interligação de reservatórios — o São Lourenço e o Jaguari- Atibainha — vão ficar prontas até o fim do ano, graças a um investimento de 2,7 bilhões de reais. “Isso vai ajudar a diminuir a nossa dependência do Cantareira”, afirma Kelman. “Se houver um problema como o de 2014, a população nem vai perceber os efeitos disso em casa.”

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Reforça seu otimismo a mudança no padrão de consumo dos paulistanos, que estão gastando 15% menos do que antes da crise. “As pessoas ficaram mais conscientes”, completa o presidente da Sabesp. Diretamente afetados pela estiagem, os empresários que ganhavam a vida na beira das represas do Cantareira passaram por momentos de aperto e agora começam a voltar a sorrir.

Dono de uma marina em Nazaré Paulista, a 64 quilômetros da capital, Cândido Antonio Ramos investiu 1 milhão de reais para construir, em 2010, uma pousada com onze apartamentos na beira do Rio Atibainha.

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Quando a água secou, não conseguiu abrir o empreendimento, de 36 000 metros quadrados. “Foram dois anos de agonia”, conta. A inauguração ocorreu em 2016, quando a represa voltou a dar sinais de vida. Ramos pretende faturar 50 000 reais por mês com o negócio, que inclui restaurante, estacionamento de lanchas e passeios de stand-up paddle. “Estamos praticamente lotados até o Carnaval”, comemora.

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