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Reforma revela pintura que pode ser uma das mais antigas do país

Estima-se que mural na Capela de São Miguel Arcanjo, que fica na Zona Leste da capital, seja do fim do século XVI

Por Mariana Barros
Atualizado em 1 jun 2017, 18h26 - Publicado em 15 out 2011, 00h50

Construída pelos jesuítas, a Capela de São Miguel Arcanjo, localizada em São Miguel Paulista, na Zona Leste, é uma das mais antigas da metrópole. Ela surgiu em 1560, apenas seis anos após a missa de fundação do Colégio de São Paulo de Piratininga, berço da cidade, e preserva uma parte importante de nossa história. Além de ser um dos únicos exemplares remanescentes de taipa de pilão, o lugar guarda um conjunto relevante de relíquias arqueológicas e artísticas, como fragmentos de ossos indígenas, cerâmicas, esculturas e altares de quatro séculos de existência. Há dois meses, uma descoberta aumentou ainda mais essa lista de tesouros.

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Desde 2006, a igreja vem passando por um amplo processo de recuperação, investimento que já consumiu 7 milhões de reais, doados por um grupo de patrocinadores que inclui empresas como Votorantim, Itaú e Petrobras. A última etapa da obra, com conclusão prevista para dezembro, é a conservação das paredes internas. A equipe do restaurador Julio Moraes trabalhava nisso quando, ao arrastar os altares de madeira laterais, deparou com um enorme desenho composto de sóis e caracóis. “Eu estava em outra sala quando um funcionário veio perguntar como proceder com as pinturas”, conta Moraes. “Nem sabia do que ele estava falando e fiquei perplexo ao ver pela primeira vez a obra.” O mural em questão tem 3 metros de altura por 2,5 de largura e foi desenhado em tons de vermelho, preto e branco.

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Para desvendarem a idade da peça, os pesquisadores empregaram o método de datação por carbono 14, e devem ter um diagnóstico preciso até o fim do ano. Eles trabalham com a hipótese de se tratar de um painel do fim do século XVI. “Caso isso seja confirmado, será uma das pinturas mais antigas desde o descobrimento do Brasil”, diz Moraes. A primeira suspeita de que havia algo de valioso atrás dos altares surgiu há quatro anos, já durante o restauro, quando foi possível ver, por uma fresta de um deles, traços coloridos na parede. Ninguém imaginava, porém, qual seria a dimensão da pintura.

No ano passado, os funcionários da capela haviam vivido a emoção de uma grande descoberta. Os restauradores acharam uma escultura de terracota do século XVII guardada no escritório do padre Geraldo Antonio Rodrigues, o pároco local. A autoria da imagem, uma Nossa Senhora dos Prazeres de 60 centímetros, é atribuída a frei Agostinho de Jesus, considerado o primeiro escultor brasileiro. Atualmente ela está em uma das vitrines da sala interna de exposição, criada para preservar essa e outras peças da época.

 

Capela São Miguel Arcanjo-2239
Capela São Miguel Arcanjo-2239 ()

Quando a capela foi fundada pelo padre José de Anchieta, em 1560, o distrito de São Miguel Paulista, hoje com 423.000 moradores, era uma pequena aldeia indígena estabelecida num local chamado Ururaí. De lá para cá, foram feitas várias reformas. A igreja foi reconstruída em 1622 (data entalhada na porta principal) e recebeu novas obras no século XVIII, quando passou dos jesuítas para os franciscanos. São desse período os dois altares laterais e o telhado mais alto. O primeiro restauro profissional ocorreu em 1939, supervisionado pelo então recém-criado Iphan (órgão de preservação do patrimônio federal). Suas relíquias, incluindo o recém-descoberto painel, podem ser conferidas de perto por visitantes, seja nas missas, seja durante os tours guiados pelo local. Mais informações em capeladesaomiguelarcanjo.blogspot.com.

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Joias sagradas
Destaques do pequeno templo inaugurado em 1560

 - Fragmentos de ossos, lanças e cerâmicas indígenas estão expostos aos visitantes. Antes da chegada de José de Anchieta, fundador da capela original, a região era chamada Ururaí e abrigava tribos.

– Na sala de exposições, há uma imagem de Nossa Senhora dos Prazeres atribuída a frei Agostinho de Jesus, considerado o primeiro escultor brasileiro.

– O altar principal, de cerca de 6 metros, é de madeira. Com feições renascentistas, data do século XVII.

 

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