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Ministério Público investiga denúncia contra a galerista Raquel Arnaud

Sindicato Nacional dos Artistas Plásticos denunciou Raquel por suspeita de interesse privado na gestão de entidade pública

Por João Batista Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 18h39 - Publicado em 13 ago 2010, 23h17

Residente do Instituto de Arte Contemporânea (IAC), que funciona em um prédio de propriedade da Universidade de São Paulo, a galerista Raquel Arnaud está sendo investigada pelo Ministério Público Federal. A instauração de uma ação civil pública se deu após denúncia feita há oito meses pelo Sindicato Nacional dos Artistas Plásticos (Sinap), que acredita haver interesse privado na gestão de uma entidade pública.

Segundo o sindicato, a marchande seleciona diversas obras de sua galeria, chamada de Gabinete Raquel Arnaud, para compor as mostras montadas no Centro Universitário Maria Antônia, na Vila Buarque. As exposições são financiadas via Lei Rouanet.

“Ela usa dinheiro de renúncia fiscal em benefício próprio”, diz Antonietta Tordino, presidente do Sinap. “Valoriza os trabalhos por meio da realização de mostras e catálogos, para depois vendê-los com lucro maior.”

Criações de artistas como Willys de Castro, Amilcar de Castro e Mira Schendel, que têm peças vendidas na galeria de Raquel, já estiveram em exposições no IAC, o que pode ser uma coincidência. Entre os documentos apresentados ao MP pelo advogado do sindicato, Fernando Bertolotti Brito da Cunha, constam catálogos de exposições antigas. A mostra ‘Campo Ampliado’, de 2006, contava com obras de Arthur Luiz Piza, cujos trabalhos são comercializados exclusivamente pela galerista.

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Em outra possível coincidência, havia também uma tela de Piza e uma escultura em mármore de Carrara, assinada por Sergio Camargo, de propriedade do cineasta Hector Babenco — ex-marido de Raquel. E mais uma: a partir deste sábado (14), entra em cartaz no IAC a exposição ‘Claro Enigma’ com trinta obras de Camargo. O artista, morto há vinte anos, tem seu espólio representado pela galerista.

De acordo com o advogado da entidade, Luiz Cintra, as denúncias são infundadas. “O instituto apresenta artistas com trabalhos consagrados”, afirma ele. “Além disso, há um grupo encarregado de votar quem deve ou não ganhar exposições individuais ou coletivas.” Segundo ele, para conceber uma mostra é necessária a aprovação do conselho curatorial.

Neste mês, o IAC deve escolher seu novo presidente. Pela primeira vez na história do instituto, fundado em 1997, Raquel não sairá como candidata. Cintra informa, no entanto, que ela continuará no conselho curatorial. “Nossa intenção é afastá-la totalmente das decisões do instituto”, diz Antonietta. “Mantê-la ali seria um desperdício de dinheiro público.”

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