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PUC perde 361 alunos por ano e terá reestruturação

Universidade deverá fechar mais de 1 000 vagas, desativar um câmpus, criar duas novas graduações e expandir a oferta de especializações

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 1 jun 2017, 16h59 - Publicado em 29 mar 2015, 11h33

Depois de passar por um processo de perda de alunos na graduação, a um ritmo médio de 361 por ano, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) começa a pôr em prática um plano de reestruturação que envolve o fechamento de 1300 vagas e a desativação de um câmpus. Planeja também criar duas novas graduações e expandir a oferta de especializações.

A instituição, uma das mais tradicionais do País, completa 70 anos no ano em 2016. O número de alunos de graduação da PUC-SP passou de 16 000, em 2009, para 13 800 no ano passado. São 2 200 alunos a menos, queda de 14%. Como comparação, o número de alunos da rede privada de ensino superior cresceu na média 28% entre 2009 e 2013 (último dado disponível). Na rede pública, saltou 29% no período.

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A universidade traçou um plano de desenvolvimento institucional até 2019 para tentar reverter esse quadro. Haverá a extinção de 23 cursos, que somam as 1 300 vagas que serão fechadas. Quatro são do câmpus de Barueri, que será desativado neste ano. A decisão é reflexo da ociosidade de turmas. A instituição planeja expandir o número de alunos, mas sem abertura de unidades. A experiência com Barueri, criada em 2005, não foi bem-sucedida e por isso será fechada.

A oferta de pós-graduação lato sensu (especializações), no entanto, deve ocorrer em regiões onde a universidade não atua, segundo o plano. Além disso, dois cursos novos estão planejados: engenharia e arquitetura.

Na última década, a PUC-SP viveu problemas financeiros. Em 2006, a universidade tinha um déficit de 4 milhões de reais por mês. O resultado foi a demissão de mais de 800 funcionários na época. Segundo a Fundação São Paulo, entidade da Igreja Católica que mantém a PUC-SP, a dívida bancária é de 74 milhões de reais – em 2010, estava em 109 milhões de reais.

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A demissão de 50 professores, em dezembro, compensou uma ação trabalhista de cerca de 30 milhões de reais, por causa de um dissídio não pago em 2005. Celso Antônio Bandeira de Mello, professor emérito da PUC-SP, discorda das transformações recentes. “Resolvi ir embora porque aquela não era mais a PUC da qual eu havia feito parte”, disse, aposentado há cerca de dois anos. “Colocaram professores da melhor qualidade para fora. Mudou o respeito ao corpo docente. Também caiu a qualidade de ensino, mas isso não é só na PUC.”

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Mercado

Além das questões internas, a universidade enfrenta um contexto de mercado desfavorável. Grandes grupos educacionais têm ganhado alunos com preços mais baixos e marketing agressivo. Ao mesmo tempo, faculdades se fortaleceram em áreas tradicionais da PUC-SP, como a Fundação Getulio Vargas (FGV) em Direito e o Insper em Economia.

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Para o consultor Roberto Lobo, ex-reitor da USP, o desafio é grande para as universidades comunitárias e confessionais, como a PUC-SP, porque elas mantêm uma estrutura de universidade pública, de investimento, pesquisa e contratação, mas dependem das mensalidades. “Elas estão encurraladas. Com o Reuni (projeto de expansão das universidades federais), aumentaram as vagas públicas. Ao mesmo tempo, a rede privada está praticando preços baixos e trabalha em escala”, afirmou.

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Mesmo com a queda de alunos, a universidade manteve corpo docente qualificado e programas de pesquisa. Mais de 90% dos professores têm titulação de mestre, doutor e livre-docência. Só de doutores, são 57% – na rede privada, a taxa é de 18%.

Coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP, Francisco Borba também ressalta a dificuldade de manter a sustentabilidade financeira. “É difícil garantir um ensino que procura ser público e coloca o serviço à comunidade como prioridade.” A PUC-SP tem 7% dos alunos com bolsas próprias, 12% do Programa Universidade Para Todos (ProUni) e 11% têm Financiamento Estudantil (Fies) do governo federal. No entanto, as mensalidades giram em torno de 2 000 reais, motivo de queixas dos alunos.

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A reitora Anna Cintra não atendeu ao pedido de entrevista. O sindicato dos professores, a Apropuc, também não respondeu à reportagem. 

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